espécie de charuto reluzente em alta altitude, que, devido à grande altitude, parecei pequeno demais, mas que devia ser na realidade gigantesco, atravessar em voo de sul a norte, em não menos do que meio minuto, o céu sobre a cidade, aparecendo e desaparecendo por sobre cumulus esparsos. Também os amigos, por Ferrini prontamente convidados a olhar para cima, viam aquele estranho objeto e o seguiam com o olhar até quando ele desaparecia por trás do horizonte.”.
“Estava muito, muito mais alto do que o cume do Monte Branco”, tinha dito horas antes Mario à mãe, dona de casa. Às 17 horas, o pai, marechal chefe da Segurança Pública, findo o próprio turno, tinha voltado para casa e tinha sido também ele informado. Com diligência, o suboficial voltou ao escritório acompanhado pelo rapaz e com ele redigiu um relatório para a Delegacia de Forlì, ainda que em seu coração acreditando que aquilo tinha se tratado de um simples dirigível, espécie de aeronave não ainda insólita nos céus daqueles tempos, embora já de há muito se privilegiasse o avião devido a acidentes ocorridos aos aeróstatos a motor mais leves do que o ar, como o horroroso desastre de 1928 do dirigível Itália durante a expedição ao Polo Norte do general Umberto Nobile.
A diligência do marechal dependia das precisas disposições enviadas de Roma a todas as forças de Polícia até a partir da metade de junho, segundo as quais eventuais notícias de avistamentos de veículos voadores desconhecidos deviam ser imediatamente reportadas, sem exceções, diretamente ao escritório do OVRA junto à respectiva Delegacia.
Cópia do relatório foi, então, enviada pelo comissariado, por volta das 18 e 15, à competente seção do OVRA por meio de um agente motociclista. A notícia foi retransmitida pela mesma ao escritório de Bocchini em Roma, por via telefônica; ele pedira cópia escrita do relatório do avistamento e, enquanto isso, tinha advertido por telégrafo tanto o diretor interino do Gabinete RS/33 Gino Cecchini do Observatório de Milão Merate, quanto Mussolini, que, àquela hora, se encontrava em casa em Villa Torlonia pronto para desfrutar, à cabeceira da mesa com sua família, os amados tortellini in brodo recheados de parmesão ralado que sua esposa, excelente preparadora de massas que recusava ter cozinheiros como auxiliares, tinha preparado para ele pessoalmente para o jantar.
“Droga”, resmungou o Duce sentando-se novamente à mesa após o telefonema, “os tortellini já estão gelados, olhe aí!”
Ainda no céu da Romanha por volta das 14h30 do dia 14 de agosto de 1933, o tenente piloto Duilio Arrigoni, em trajeto de Ravenna a Roma com o seu dispositivo, avistou uma “aeronave velocíssima e em grande altitude, em forma de tubo”, que julgou ser “avião totalmente revolucionário”, chegar do sul diretamente ao norte. Não podendo alcançá-lo com o seu biplano, interrompeu o voo descendo ao aeroporto militar próximo, de Forlì, onde fez relato ao comandante do destacamento local. A reação do coronel foi mais de fastídio que de interesse: o oficial percebera que, sem ter avistado nada diretamente e não tendo promovido a decolagem de nenhum dispositivo do seu aeroporto, havia a eventualidade de ser repreendido pelos superiores, os quais, por outro lado, ele tinha o dever preciso de informar.
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