Dawn Brower

Kindred Lies: Sangue E Mentiras


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levou a mão ao peito, fingindo ter levado um susto.

      – Cooper, você não deveria se esgueirar por aí assustando idosos. Você poderia ter me causado um ataque do coração.

      Cooper revirou os olhos, ignorando a piadinha do pai.

      – Tenho certeza de que você teria ficado bem, pai. – Ele olhou rapidamente para Amethyst. – Além do mais, você está longe de ser idoso. – Ela começou a trocar de um pé para o outro enquanto observava a troca de palavras deles. Cooper pensou que ela estava totalmente adorável enquanto mastigava o lábio inferior e os assistia. – Oi, Amethyst. O que você está fazendo aqui?

      Ela voltou o foco para ele.

      – Eu estava esperando dar uma olhada em Ghost Peak Island. Ééé, bem, também imaginei se você poderia me indicar onde, exatamente, ela fica.

      O pai se juntou à conversa com um olhar confuso no rosto.

      – Não sabia que vocês se conheciam.

      Cooper olhou para o pai e respondeu:

      – Amethyst está hospedada na pousada. Nos conhecemos hoje mais cedo, quando ela fez o check-in.

      Roman sorriu para Amethyst, o orgulho era aparente nos olhos dele.

      – Você tem um ótimo gosto, querida. A Trenton-Hill Inn é o melhor lugar para se ficar em Michigan.

      Cooper riu da presunção do pai.

      – Ele só está sendo parcial porque ela está na família há gerações.

      Amethyst fez que sim com a cabeça, concordando.

      – Eu não o culpo. Eu também ficaria em êxtase se a minha família tivesse uma história tão interessante. É uma pousada muito linda. Viajo para muitos locais. Alguns são bastante exóticos, e, até agora, sua pousada é um dos meus favoritos.

      Roman olhou confuso para Amethyst.

      – Você é tão jovem para ter viajado isso tudo. O que a sua família faz?

      Amethyst odiava quando as pessoas indicavam a sua idade. Não importava há quantos anos ela vivia. A mãe gostava de dizer que ela tinha uma alma muito velha para alguém com quase vinte anos.

      – Hum, bem, eu não sei o que meu pai faz… nunca o conheci. Minha mãe, bem, pode-se dizer que ela é meio que empreendedora. Está sempre trabalhando em novas ideias em lugares novos. Nada nunca dá certo.

      Roman fez que sim, como se entendesse, mas seus olhos contavam uma história diferente.

      – Ah, entendo. – Olhando para o filho, ele perguntou: – Cooper, você quer levá-la para passear pela ilha?

      Cooper assentiu com a cabeça, indicando a resposta positiva ao pai. Nada o faria mais feliz do que escoltar Amethyst pela ilha. Não podia ter pedido por uma oportunidade melhor mesmo se ele mesmo tivesse feito os arranjos. E, além do mais, Ben não estava por perto para interferir em seu tempo a sós com Amethyst. Até então, era ele quem estava ganhando a competição que o amigo tinha começado.

      Tinha aprendido muito sobre ela na internet. Amethyst não tinha lhe dado muita informação para início de conversa, mas os artigos dela estavam destacados na ASK Magazine. Ela também tinha escrito alguns editoriais em quase todas as edições. Considerando as iniciais dela, ele presumiu que a revista talvez tivesse mais importância na vida dela do que ela o levou a acreditar. Mais tarde, ele perguntaria a ela o quanto ela estava envolvida e se a revista tinha recebido aquele nome por causa dela.

      Neste ínterim, Cooper tiraria vantagem do tempo que tinha com ela para contar tudo sobre as lendas da cidade. Acontece que Cooper e Roman eram especialistas locais. Todo mundo conhecia as histórias, mas só a família Marchant possuía cada um dos diários de Marianne. Eles estavam entre as muitas coisas que ela abandonou na pousada quando fugiu de North Point.

      – Se você vier comigo, vou poder mostrar as coisas a você. Há muitos lugares interessantes por aqui.

      Amethyst foi até Cooper com os olhos cheios de animação.

      – Mal posso esperar. Posso ir quando você quiser.

      Esta tarde prometia ser uma das melhores de sua vida. Ele sorriu para ela e fez sinal para que o seguisse. Enquanto seguiam pela trilha, ele a conduziu até os fundos da casa e parou na borda de um penhasco íngreme. As ondas do lago batiam nas formações rochosas lá embaixo. Olhando em direção ao lago, um minúsculo pico pedregoso tingido de cinza, preto e branco residia na pequena ilha que ficava a uma curta distância das rochas lá embaixo. De onde eles estavam, era como se pudessem erguer as mãos e tocá-la.

      Cooper bateu no ombro dela e apontou para a ilhazinha.

      – Ghost Peak é ali. Não é um pico de verdade, mas gostamos de pensar nele como se fosse o nosso pico particular. A água causou um efeito estranho nele ao longo dos anos e criou a ilha com essa montanha minúscula. A formação sempre esteve ali, bem antes da cidade se tornar o que é. Ela só recebeu o apelido de Ghost Peak Island depois da morte de Easton Hill.

      Amethyst afastou a vista do lago para olhar para ele.

      – Por que ela recebeu esse nome? E como isso pode ter a ver com a morte de Easton Hill? – Ela inclinou a cabeça para o lado e olhou para Ghost Peak.

      Cooper mascarou o sorriso. A essa altura, ele poderia alimentá-la com qualquer informação que quisesse. Tinha a total atenção dela, e não a desperdiçaria.

      – De acordo com a lenda, Easton Hill foi até lá em um barco a remo com Marianne Trenton para fazer um piquenique. Enquanto estavam lá, ele a pediu em casamento, eles casaram pouco tempo depois. Acontece que aquele era um dos lugares favoritos deles para namorar. Isso não mudou muito com os habitantes locais. Muitos de nós ainda gostamos de passar tempo na ilha quando podemos.

      Amethyst balançou a cabeça enquanto dizia:

      – Então, era para se chamar Love Peak, o pico do amor, não Ghost Peak. Não faz nenhum sentido. Ele a pediu em casamento lá? Por que isso faz com que a ilha seja assombrada?

      Ela era tão adorável que ele queria abraçá-la.

      – Deveria fazer, mas não faz.

      Amethyst inclinou a cabeça para o lado, como se tivesse tentando pôr sentido naquilo tudo.

      – Não estou entendendo. Explique.

      – A explicação simples é que ele foi até lá, em busca da esposa. Ele a tinha perdido ou ela o tinha perdido, depende de como você vê a história. Então, todos os anos, naquele mesmo dia, ele ia até a ilha para ver se a encontraria lá. Até então não teve muita sorte, pobre coitado. – Aquela era uma história muito depressiva…

      – Mas que triste. Que dia do ano ele visita a ilhazinha? – Ela mordeu o lábio inferior. Desejou estar mais perto e poder beijá-la. Ela tinha uma boca deleitável e os dentes só estavam deixando os lábios mais polpudos.

      Cooper deu de ombros e disse:

      – Não sei com certeza. Há muitas datas diferentes circulando por aí. Eu poderia lhe dizer quando eles se casaram e advinha só… nem mesmo os diários de Marianne dizem exatamente o dia que eles foram para lá. Eles se casaram em 1º de abril de 1953.

      – No dia da mentira? Que interessante… – Ela fez uma pausa e olhou para ele. Os olhos se arregalaram enquanto ela dizia: – Espera, você tem alguns dos diários dela? Posso lê-los? – A animação inundou a voz dela enquanto os olhos praticamente o imploravam para deixá-la ter acesso aos diários.

      Tinha sido fácil demais atraí-la para a direção que ele queria que ela fosse. Ela sequer percebeu que ele estava brincando com ela. Tudo estava indo muito bem e em breve ele descobriria se ela era tão especial quanto ele acreditava. Quanto mais tempo eles passassem juntos, melhores seriam as suas chances de se envolver com ela.

      – Eu não sei. Eles são meio que relíquia familiar e têm quase um século de idade…

      – Oh, eu prometo