Amanda Mariel

A Insensatez


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alguma forma.

      CAPÍTULO 2

      William Breckenridge, o duque de Thorne, estava acomodado na biblioteca do marquês de Pemberton, perto de uma enorme janela que ia do chão ao teto, enquanto esperava para ter uma reunião com o lorde. Com o olhar fixo na porta, ele ajeitou o plastrão.

      O que diabos estava atrasando o homem? William tinha sido levado à biblioteca assim que chegou e estava ansioso para poder falar com ele. Mais de vinte minutos tinham se passado, e ele odiava esperar.

      William ficou de pé e se virou para olhar a janela enquanto imaginava quanto tempo Pemberton o manteria esperando. Ele passou a mão pelo maxilar, contemplativo.

      Depois da ausência de quinze anos, William não achava que teria direito de reclamar sobre o tempo que o marquês demorou para aparecer. Paciência era uma virtude, lembrou a si mesmo. Era um clichê, mas um verdadeiro.

      Suspirando, William voltou a pensar no motivo para estar ali. Não podia deixar de se admirar com o fato de finalmente ter ido procurar a noiva. É claro, sempre soube que teria que se casar. Sendo um duque, era seu dever. Mas não tinha estado com nenhum pouco de pressa de fazê-lo. Em vez disso, ressentia-se pelo fato de toda a sua vida ter sido arranjada.

      Mas agora tudo tinha mudado. William precisava de uma esposa para ontem e só podia esperar que Pemberton pensasse do mesmo jeito que ele. Que o homem fosse entregar a filha, honrando o acordo sem causar problemas. William poderia culpá-lo caso ele se recusasse?

      E quanto à dama?

      Com certeza lady Olivia não imporia objeções. Que mulher não sonha com o dia do casamento? Ela deve ter passado a maior parte da vida desejando que ele chegasse e esperando ser chamada de duquesa. Afinal das contas, os dois tinham sido comprometidos quando ainda eram crianças. A vida deles tinha sido totalmente planejada e entregue a eles em uma bandeja de prata.

      William há muito detestava o fato de que, quando chegasse a hora, ele teria que tomar aquela ratinha como esposa, e tinha feito tudo o que podia para resistir e atrasar tal fato. Que estranho ele agora se ver grato por tal arranjo.

      Com os pais mortos, e três irmãs para cuidar, precisava muito da orientação de uma mulher. Não para ele, mas para aquelas diabinhas. Duas estavam na idade de suas estreias. Uma esposa, cuidadosamente embalada, serviria às suas necessidades. Iria poupá-lo de tudo o que lhe aguardava.

      Um arrepio de repulsa percorreu o seu corpo. Não podia se imaginar tendo que escoltar as irmãs por inúmeros bailes, soirées, musicais e coisas do gênero. Ele mal podia acreditar que era capaz de cuidar delas e orientá-las.

      O inferno parecia um local mais agradável.

      Embora seus temores não começavam nem terminavam com os aspectos sociais da entrada das suas irmãs em sociedade. Não, eram mais profundos que isso. As irmãs precisavam de uma figura materna para guiá-las e providenciar para que elas tivessem as coisas que jovens damas precisavam. Alguém para mantê-las no bom caminho. Uma dama para usarem como exemplo. Uma que pudesse cuidar dos problemas delas.

      A fotografia de uma jovem chamou a atenção de William, e ele caminhou pela biblioteca para poder ter um melhor ponto de observação. Lá na parede, em uma enorme moldura dourada, estava uma pintura de lady Olivia. Ela parecia ter uns dez anos e estava do jeito que ele lembrava. Atrevida, os cabelos trançados e o corpo alto e magro.

      Desejava, com desespero, que ela tivesse ganhado algumas curvas.

      Independentemente disso, lady Olivia serviria aos seus propósitos, assim como qualquer outra dama.

      E o mais importante, não havia necessidade de desperdiçar tempo com o cortejo, ele não teria que conquistá-la, esse seria um assunto rápido e direto. Cumpriria o seu dever, então levaria a esposa para casa para cuidar das suas irmãs e gerenciar o seu lar. Em troca, lady Olivia ganharia o título de duquesa e uma generosa atribuição, assim como o controle de suas propriedades. Assim que ele conseguisse um herdeiro, ela teria toda a liberdade que ele pudesse lhe oferecer.

      – Sua Graça. – Lorde Pemberton entrou na sala e fez uma mesura.

      William devolveu o cumprimento encorajado pelo bom ânimo refletido na face de Pemberton. Parecia que o seu futuro sogro não guardava rancor.

      William sorriu para o homem mais velho antes de dizer.

      – Suponho que o senhor saiba por que estou aqui?

      – De fato. Sua carta chegou inteira, e estamos muito ansiosos para unir nossas famílias. – Pemberton foi até a mesa e fez sinal para ele se sentar na poltrona de veludo em frente a ele. – Por favor, fique à vontade.

      William tomou o assento e então aceitou um cálice de brandy.

      – Lady Olivia se juntará a nós?

      – Ah, sim. Minha esposa foi buscá-la. – Pemberton folheou alguns papéis que estavam sobre a mesa. – Neste interim, o senhor deseja revisar o contrato de casamento?

      – Não há necessidade. – William tinha lido a maldita coisa centenas de vezes desde que ele foi firmado. Antes da morte dos pais, eles o tinham lembrado frequentemente do seu dever e o perseguiam, como cães de caça, para que ele se casasse. Sentiu a punhalada do arrependimento. Deveria ter honrado o desejo deles enquanto ainda estavam vivos. Adicionou – Estou bem familiarizado com o conteúdo e não vejo razão para alterar os termos.

      – Eu tenho objeções. – A voz de uma mulher soou em algum lugar às suas costas, e William se virou para ver a beleza de cabelos escuros de pé ao lado de uma mulher mais velha, mas igualmente atraente. Ele se levantou para cumprimentá-las.

      – Olivia – Pemberton advertiu enquanto ele ficava de pé.

      William ergueu a mão para silenciar o homem.

      – Está tudo bem.

      – Bobagem. – Lady Pemberton adentrou a biblioteca, vindo parar ao lado do marido. – Por favor, desculpe o mau comportamento da nossa filha. Eu lhe asseguro que ela foi criada para se comportar como uma dama genuína, Sua Graça.

      – Eu já perdoei o passo em falso. – William fez uma mesura para lady Olivia. – Milady.

      – Sua Graça. – Ela o olhou de volta com impetuosos olhos cor de âmbar antes de fazer uma reverência profunda.

      William olhou para ela meio divertido, meio aborrecido. O que tinha acontecido com a solteirona da qual se lembrava? A menina estranha com braços e pernas longos demais para um corpo tão pequeno?

      A mulher que o olhava mal se parecia com aquela menina para quem tinha sido prometido. O temperamento dela com certeza não era o mesmo. Tentou lisonjeá-la com um sorriso jovial, mas isso só serviu para ela fazer ainda mais careta. O desgosto da dama estava estampado para todo mundo ver.

      William deu um passo em direção a ela.

      – Por favor, diga quais são as suas objeções.

      A marquesa ficou pálida, os olhos arregalados enquanto ela virava a cabeça para olhar para a filha.

      – Ela não tem nenhuma. – Lady Pemberton passou o braço pelos ombros de lady Olivia. – Não é mesmo?

      Apesar da pergunta, William podia dizer, pelo jeito que lady Pemberton olhava feio para lady Olivia, que aquela não era uma pergunta. Para crédito dela, lady Olivia olhou dentro dos olhos dele e disse:

      – Na verdade, eu tenho.

      A marquesa ficou branca feito porcelana, nem um rastro de cor permaneceu no rosto dela, mas lady Olivia não se importou nenhum pouco enquanto continuava a dor voz às suas objeções.

      – Eu não tenho nenhum desejo de me casar com um estranho.

      O pai deu a volta na mesa, as bochechas coradas.

      – O duque não é nenhum estranho. Você o conhece desde a infância e o noivado dura o mesmo tempo.

      – Peço perdão por discordar. Não recebi nem sequer uma carta ao longo dos últimos quinze anos. Eu não conheço o duque nenhum