Amanda Mariel

A Insensatez


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está certa.

      Lorde e lady Pemberton se viraram para ele boquiabertos. Lorde Pemberton recuperou a compostura mais rápido. O cavalheiro colocou a mão no braço da esposa, mas o olhar permaneceu fixo em William enquanto dizia:

      – Com certeza o senhor não quer dizer que…

      – E teremos a vida inteira para corrigir o meu lapso – adicionou William interrompendo o marquês. Ele voltou a olhar para lady Olivia, oferecendo o que esperava ser um sorriso tranquilizador. – Pretendo honrar o desejo dos meus pais. Consegui uma licença especial para que possamos nos casar logo. Depois disso, podemos passar juntos tanto tempo quanto queira para assim nos conhecermos melhor.

      Ela arregalou os olhos e as manchas acobreadas escureceram.

      – O senhor quer se casar imediatamente?

      – Certamente – respondeu William.

      Lady Olivia deu um passo atrás e olhou para o pai, apavorada.

      – Tenho certeza de que não é pedir demais para que esperemos pelos proclamas.

      – Querida – o pai foi até ela e a pegou pelas mãos. – Você está noiva e por fim estará casada, que diferença faz se a cerimônia for esta noite ou daqui a três semanas?

      – Faz um mundo de diferença. – Ela olhou para William, suplicante. – Por favor. Permita-nos esperar pelos proclamas?

      – Se este for o seu desejo, irei honrá-lo.

      William se surpreendeu mais com aquelas palavras que qualquer um dos outros. Não podia dizer por que concordara, só que algo na forma como ela suplicou, penetrou o seu coração.

      Não queria fazê-la infeliz, aquele nunca tinha sido o seu objetivo. Na verdade, esperava que com o tempo eles pudessem vir a se importar um com o outro. Apesar de tudo, ele tinha a intenção de ser um bom marido. Ele pode não a ter escolhido, mas não a faria sofrer por causa disso.

      Se esperar a leitura dos proclamas a acalmasse, então é o que eles fariam. Neste meio-tempo, William se esforçaria para conquistá-la.

      CAPÍTULO 3

      Olívia queria se chutar, ou melhor, chutar o duque. Ela implorou mesmo? As bochechas se aqueceram com a noção de que ela tinha, de fato. Mas, bem, precisava fazer o possível para evitar aquele casamento. Ao menos agora teria três semanas para encontrar uma forma de se livrar daquilo.

      O duque de Thorne se aproximou dela, o olhar fixo no seu.

      – Se vamos usar o tempo que ganharemos com a leitura dos proclamas para nos conhecermos melhor, não vejo por que atrasarmos o resultado desejado. Acompanha-me em um passeio pelo jardim? – Sua Graça ofereceu o braço.

      Olivia reservou um momento para analisá-lo. Precisava admitir que ele mudara bastante desde que o vira pela última vez. O rosto não era mais rechonchudo nem a cintura, inchada. Ele estava muito mais alto também, embora isso fosse esperado. O que realmente a surpreendeu foi o quão belo ele tinha ficado.

      O cabelo louro cor de areia, cortado de acordo com a última moda, emoldurava o rosto dele, uma mecha rebelde o acariciava na têmpora chamando a atenção para os olhos. Ele tinha brilhantes olhos azuis, da cor do céu de verão, que a cativaram tanto quanto a deixaram alarmada.

      Pelo amor de Deus, não deveria achá-lo atraente.

      Com relutância, ela passou a mão pelo braço que ele oferecia. Olivia se viu mais uma vez surpreendida pela quantidade de músculos que descobriu com o gesto. Parece que ele tinha mudado muito, realmente. Teria dificuldades em negar que ele tinha se tornado um homem bonito.

      Ainda assim, não queria se casar com ele.

      Nunca iria querer ser esposa dele.

      Ela encontrou o olhar feio da mãe enquanto o duque a conduzia para fora da sala. Com certeza a mãe não estava pretendendo deixar que ele saísse com ela sem a presença de uma acompanhante, e ainda assim…

      – Mãe?

      – Sim?

      Olivia deu um sorriso amigável.

      – Não teremos a presença de uma acompanhante?

      – Vocês vão se casar, querida. Uma acompanhante não é necessária nessas situações. – A mãe sacudiu a cabeça como se Olivia tivesse dito a maior das tolices.

      Olivia soltou um suspiro de frustração enquanto eles atravessavam a soleira da porta.

      O duque a direcionou pelo corredor, então se inclinou, levando a boca até o seu ouvido.

      – Prometo que não irei arrebatá-la… a menos que a senhorita queria.

      Um arrepio de prazer percorreu o seu corpo enquanto o calor do fôlego dele lhe roçava a orelha. Ignorando a sensação estranha, manteve o passo firme e a atenção no caminho adiante. O que diabos estava errado com ela? Não queria achar nada nele agradável. Não seu calor, nem o corpo musculoso, certamente não esse flerte obsceno e, sem dúvida nenhuma, a aparência pecaminosa.

      Talvez uma de suas amigas fosse gostar dele? Insensatez, a única palavra apareceu na sua mente. Madame Zeta tinha dito que ela encontraria o amor nas asas da insensatez. Talvez se tentasse juntar uma das amigas com o duque, ela pudesse se livrar dele.

      A ideia tinha seu mérito já que Juliet tinha parecido ficar bem animada com o pensamento de se tornar uma duquesa. Além do mais, ela era linda. Não havia dúvida de que se eles tivessem a oportunidade de se conhecerem, e se fossem encorajados, talvez os dois viessem a gostar um do outro. Olivia decidiu naquele momento que tomaria as providências para que aquilo acontecesse.

      Com uma ideia ao alcance, ela se sentiu mais relaxada enquanto o duque a conduzia pelo jardim. Ainda não tinha um plano, mas o teria na hora devida. Por agora, ela se agarraria ao ardil e na forma como ele se passaria. Se pusesse um pouco de esforço nessa história, não havia dúvida de que daria certo.

      Ela olhou o duque de soslaio enquanto eles passavam por uma sebe, o sol brilhava intensamente sobre eles.

      – Por que agora? – A pergunta saiu de sua boca antes que tivesse tempo de pensar nela. No momento em que as palavras escaparam, desejou poder tragá-las de volta.

      Por que ela se importava por ele ter aparecido quando tudo o que ela queria era se livrar dele? Ainda assim, não podia fazer mais nada a não ser esperar pela resposta enquanto desviava o olhar para a cerca viva.

      – Estou precisando de uma esposa – respondeu ele.

      A resposta simples fez com que mais perguntas se formassem em sua mente e ela, de repente, desejou respostas. Ela as merecia, afinal das contas, ele a deixara esperando por um tempo considerável. Ela não tinha o direito de saber por quê? É claro que tinha. A maioria das damas teria rompido o contrato há muito tempo. Ainda assim, ela não rompeu, e agora tinha o direito de estar a par do que o mantivera afastado.

      Ela o olhou rapidamente, então imaginou, por que ela não tinha cancelado? Deveria ter apelado ao pai. Tentado fazê-lo raciocinar. Solicitar o direito de encontrar um marido de sua escolha. Qualquer coisa seria melhor que ficar sentada e calada e esperando… esperando que ele não viesse.

      Disparates, Olivia sabia muito bem por que não tinha tomado uma atitude. O duque de Thorne tinha parecido seguro já que ele a ignorara completamente. Não tinha por que pensar que ele honoraria o acordo e tinha todos os motivos para acreditar que estava livre. Se ela tivesse rompido o contrato, o pai teria esperado que ela encontrasse um marido, e aquilo era a última coisa que Olivia queria.

      Mas então, aquela também parecia ser a última coisa que o duque tinha querido. O que o fez mudar de ideia? Ela o olhou com curiosidade e disse:

      – Mas o senhor não precisava de uma esposa antes?

      Ele franziu as sobrancelhas como se ela estivesse testando a sua paciência.

      – Antes eu não tinha a responsabilidade de cuidar de três jovens.

      Ele se encolheu