Amy Blankenship

Ligação De Sangue (Ligação De Sangue – Livro 5)


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sua mente reconstituiu a última vez que a tinha visto. Ele mantinha firmemente a distância em relação a ela há alguns dias para evitar que a separação se tornasse demasiado dolorosa para ele. O seu peito começara a doer por não poder estar perto dela e quando entrou no apartamento e a viu adormecida com lágrimas secas a manchar-lhe o rosto, a sua única vontade era abraçá-la e fazer com que estivesse tudo bem.

      Enfiara-se na cama com ela, sem perceber que ela estava nua até a ter envolvido num abraço protetor. Aí ele ficou paralisado, tenso, agarrado a ela e ao mesmo tempo tentando afastar-se. Ela virou-se para ele a dormir, lançando o braço à sua volta para se aconchegar, como fazia geralmente com as suas almofadas. Quando os seios dela se comprimiram contra o peito dele, o autocontrolo de que ele tanto se orgulhava rebentou.

      Durante meses os seus pensamentos tinham-se resumido às coisas que lhe queria fazer…que queria fazer com ela…coisas que não podiam ser feitas, por muito que a amasse e a desejasse. Mas nesse instante, ele queria estar dentro dela, o suficiente para arriscar matar a mulher que amava. Ele sentia a sua dureza vibrar e pressionar a sua carne macia.

      Quando uma sombra irada se abateu sobre a cama, Kriss congelou e depois, lentamente, virou a cabeça e encontrou o olhar prateado e acusador de Dean. Ele sabia que tinha pisado a linha, passando da amizade para uma zona de perigo, ao ver aquela expressão no seu rosto.

      Ele saíra com Dean nessa noite, determinado a não cometer os mesmos pecados do pai. Sentia-se vibrar novamente com essa memória. Até conseguir controlar as suas emoções, ele sabia que Dean tinha razão. Ele tinha de se manter longe de Tabatha.

      Como precaução adicional, já tinha deixado o seu emprego na Silk Stalkings, só para o caso de ela ir lá à sua procura. Tinha feito tudo o que podia para garantir que Tabatha se mantinha o mais longe possível dele, mas a separação magoava-o de uma forma que ele nunca imaginara possível. Quando um caído amava alguém…era um nível acima daquilo a que um humano chamava amor e a loucura que a emoção muitas vezes gerava nos humanos quando não podiam estar com a pessoa amada era dez vezes maior, quando comparada à reação gerada num caído.

      Kriss agitou uma vez mais as amarras que lhe prendiam um pulso. Odiava Dean por amarrá-lo. Contudo, Kriss compreendia aquilo que quase tinha acontecido. Se ele tivesse cedido à sua luxúria…a dor de perder Dean e matar Tabatha ao mesmo tempo teriam destruído a sua mente.

      Ele fechou os olhos quando uma brisa fresca deslizou pelas portas abertas do terraço e sobre o seu corpo nu. Embora as amarras lhe permitissem algum movimento no enorme apartamento, ele já estava deitado há horas, mas não conseguia dormir e a confusão de cobertores caídos no chão era prova disso. Kriss estava agora deitado de barriga para baixo com um joelho dobrado contra o colchão e a outra perna coberta com a ponta do lençol.

      Outra brisa percorreu o quarto, trazendo com ela um aroma familiar. Kriss abriu os olhos, observando as sombras das cortinas translúcidas na parede à sua frente. Quando surgiu junto destas uma sombra alada, Kriss manteve-se silencioso e na expetativa.

      Dean andava no telhado, oferecendo presas aos seus demónios e descanso a um esquivo híbrido caído. Ao descer do telhado do edifício para o terraço da cobertura, ficou de pé junto à janela a olhar para Kriss. O lençol branco tinha sido atirado para o lado, expondo o seu corpo nu ao brilho do luar que entrava no quarto. Dean sentia a solidão que Kriss tinha no seu coração e sabia que ficar o tempo suficiente longe de Tabatha seria a única cura para tal dor.

      O seu olhar fixou-se nas amarras sobrenaturais que impediam Kriss de sair do apartamento durante a sua ausência. Não queria magoar Kriss daquela maneira, mas sentia o amor de Kriss por Tabatha a crescer a cada dia. Ele lembrara Kriss que dormir com uma mulher deste mundo seria o mesmo que matá-la e não era mentira. A semente de um caído criaria raízes até numa mulher infértil. Curaria a infertilidade para poder criar vida se fosse preciso. Mas essa vida mataria a mulher que lha concedeu.

      Dean tinha contado a Kriss a verdade sobre os seus próprios pecados. Era a única forma segura de impedir Kriss de estar com Tabatha. Quando ele fora inicialmente enviado para este mundo, ficara encantado com uma jovem rapariga da mesma idade de Tabatha. Passara muito tempo com ela e uma coisa levara a outra. Acabara apaixonado por uma fêmea humana.

      Pensando que a maldição não iria segui-lo…pensando, por amá-la tanto, que iriam ter um filho caído, cedera à sua luxúria. Ela encorajara-o, pois desejava-o com igual intensidade. Fazer amor com ela fora divinal, mas apenas demorara algumas horas para que o demónio se formasse totalmente dentro dela. Quando ela o acordara a meio da noite com os seus gritos, tivera que matar o seu próprio filho quando ele começara a comê-la por dentro,

      Kriss tinha-se enganado a ele próprio, pensando que poderia dormir com Tabatha noite após noite, sem fazer amor com ela, mas Dean sabia que isso era mentira…e uma mentira perigosa. Kriss nunca poderia viver consigo mesmo se assinasse a sentença de morte de Tabatha com a semente do seu próprio amor.

      Os caídos ansiavam por amor, mas foram enviados para um mundo onde não poderiam tocar nas mulheres. Apenas se tinham uns aos outros. A beleza de Kriss sempre tocara Dean, encantara-o mesmo, e ele sabia porquê. Kriss era realeza entre a sua espécie. Nunca deveria ter sido enviado para aquele sítio para combater demónios. Ponderava silenciosamente quanto tempo teria demorado para que um dos reis percebesse que o seu príncipe tinha desaparecido. Kriss fora feito para ser mimado, amado e acarinhado.

      Entrando no quarto, Dean moveu-se lentamente certificando-se de que a sua sombra permanecia na parede para que Kriss pudesse ver claramente o que ele estava a fazer e tivesse tempo de o parar, se assim entendesse.

      “Os demónios estão inquietos na cidade esta noite. Consegues senti-los?” Dean manteve uma voz calma, não esperando uma resposta. Os seus lábios separaram-se quando a voz melancólica de Kriss emitiu um eco suave pelo quarto.

      “Deixa-os vir.”

      Dean puxou o casaco dos ombros e atirou-o contra a parede para cair numa cadeira. Em seguida a camisa, desapertou-a e deixou-a cair no chão num monte suave de algodão. Desapertou as calças e desceu lentamente o fecho, quase sorrindo quando captou a atenção de Kriss. Tirando os sapatos e as meias, Dean puxou as calças até ao chão e deu um passo em frente, retirando-as.

      Avançando para a cama, Dean agarrou num dos postes do dossel por um momento para apreciar Kriss antes de se juntar a ele na cama. Colocando Kriss de lado, Dean aninhou-se em concha atrás dele puxando-o para perto de si, cedendo ao ciúme que se agitava no seu coração.

      Ele sabia que a tristeza de Kriss resultava do seu amor por Tabatha. Ele sentira uma premonição do perigo a aproximar-se na noite em que Tabatha e Kriss se conheceram. Por isso é que tinha atacado Tabatha no parque de estacionamento da Silk Stalkings. A sua intenção era avisá-la da ameaça, mas Kriss impedira-o, usando o seu próprio corpo como escudo dela, usando a obsessão de Dean contra ele.

      Kriss rolou, ficando de costas, e virou a cabeça para olhar para Dean. Olharam fixamente um para o outro durante o que pareceu uma eternidade, até que Dean encurtou agilmente a distância entre eles e roçou sensualmente os seus lábios em Kriss.

      Quando Kriss inspirou profundamente, Dean aproveitou e aprofundou o seu beijo, tornando-o mais exigente. Estava farto de estar deitado ao lado de Kriss, noite após noite, a lamentar-se por uma mulher que nunca poderia ter. Se pudesse, simplesmente inalaria a dor de Kriss e substitui-la-ia pelo amor frenético dos caídos.

      Kriss sentiu o fogo a alastrar-se pelas suas veias, mas a sua própria culpa fê-lo virar a cara, quebrando o beijo. Recolheu-se nos braços de Dean, envolvendo os seus próprios braços à volta do corpo de Dean antes de entrelaçarem as suas pernas.

      Dean olhou silenciosamente para o topo da cabeça de Kriss e suspirou mentalmente. O facto de Kriss se agarrar tão firmemente a ele era a única coisa que o acalmava. Sentia a tristeza diminuir um pouco e depois voltar em ondas. Já tinha decidido libertar Kriss das suas amarras de madrugada, mas, face à rejeição de Kriss, os olhos de Dean cintilaram e as amarras desapareceram.

      Num instante, Kriss virou-se e agarrou nos pulsos de Dean, pregando-os ao colchão e mantendo-os lá.

      Dean