Amy Blankenship

Ligação De Sangue (Ligação De Sangue – Livro 5)


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magoada por ele não ter em consideração a sua amizade, nem sequer para lhe dizer que se ia embora…ou que tinha sido raptado. Abrindo a bolsa, tirou a carteira e tentou pagar as suas bebidas, mas o empregado abanou de novo a cabeça.

      “A sua conta já foi paga”, disse ele. “Agora vá para casa e durma sobre o assunto. Tenho a certeza de que ele lhe vai ligar em breve.”

      Tabatha pescou as chaves do carro na bolsa e deixou-as cair ao chão. “Raios partam!”, sibilou, querendo sair antes que fizesse alguma coisa estúpida, como chorar em público.

      Dobrou-se para as apanhar do chão, mas uma outra mão chegou lá primeiro e apanhou-as. Tabatha seguiu a mão até ver o braço e depois o ombro. Os seus olhos arregalaram-se quando o seu olhar se cruzou com o belo rosto de Kane.

      “Anda, querida” – disse ele ao ver a forma como as luzes se estilhaçavam no interior dos seus olhos azuis claros. Ela estava à beira das lágrimas. Ao que parecia, ele não era o único com má disposição nessa noite. “Vamos levar-te a casa.”

      O lábio inferior de Tabatha tremeu quando ela olhou para cima para ele e se agarrou ao seu braço, sentindo instantaneamente a sua força. O seu maior perseguidor tinha vindo à sua procura e, pela primeira vez, ela ficara contente por tê-lo ali.

      Kane acenou ao empregado por cima da cabeça de Tabatha e encaminhou-a para a saída. Rosnou algo para dentro, pois sabia porque é que ela escolhera aquela discoteca. Ela queria encontrar o bastardo caído que andava a esconder-se dela.

      Será que Kriss não se importava com o que a sua negligência estava a fazer a Tabatha, ou será que ele se considerava como o seu potencial inimigo, em vez do melhor amigo dela? Kane envolveu os ombros de Tabatha com o seu braço e segurou com força o outro braço dela quando ela quase tropeçou nos seus saltos altos.

      “Viste-o?” Tabatha fez a pergunta olhando para cima para Kane.

      Kane abanou tristemente a cabeça – “Não, não o vi.” Conteve-se para não lhe contar que da última vez que tinha visto Dean conseguia sentir nele o cheiro de Kane. O caído estava ótimo.

      “Ele desapareceu.” Tabatha limpou de forma pueril a lágrima que finalmente conseguiu escapar. “E se a Misery o comeu?”

      Kane tentou não dar uma risada em resposta à sua questão ébria, mas sincera. “A Misery acha que os caídos sabem mal.” – ele recitou as próprias palavras de Misery.

      “Então porque é que ele não se despediu?” Tabatha olhava para o chão enquanto caminhavam.

      Kane não lhe chegou a responder enquanto colocava Tabatha no seu carro e o contornou para entrar para o lugar do condutor. Imagens de como seria arrancar aquelas macias asas aveludadas das costas de Kriss passavam descontroladamente pela sua cabeça, mas Kane afastou-as. A vingança podia esperar. Agora, ele precisava de levar o seu anjo pessoal a casa em segurança antes que a sua personalidade em constante rotação voltasse para o lado negro.

      Tabatha manteve-se quieta enquanto seguiam viagem, com as luzes azuladas do painel do carro a criar um suave brilho que parecia convidá-la a olhar para o homem que o conduzia. Ela nunca era pessoa de recusar um desafio e, embora aguentasse o álcool melhor que as pessoas comuns, as bebidas ajudavam bastante a suprimir um medo saudável.

      Ela virou lentamente a cabeça e olhou de forma corajosa e direta para Kane. “Porque é que a Misery disse que eu te pertencia?”

      A cabeça de Kane girou rapidamente, fixando nela um olhar ríspido. Não era suposto ela lembrar-se do que acontecera naquela noite. Ele tinha retirado aquilo das memórias dela. Como raio é que ela se tinha lembrado de algo que deveria esquecer? Ao ver luzes de carros no rosto dela, ele olhou de novo para a estrada e desviou-se mesmo a tempo de evitar bater num carro que se aproximava.

      A mão dela agarrou no fecho da porta por instinto quando viu a reação dele à sua pergunta, mas manteve-se estática. Não estava suficientemente bêbada para saltar de um carro em movimento. A pontada de medo que lhe subiu pelas costas apenas serviu para fazer escalar o seu nível de coragem até ao ponto da estupidez.

      “Escolhe uma faixa” – gozou Tabatha, piscando em seguida os olhos como se quisesse bater em si própria. ‘Raios!’ – pensou mentalmente. ‘Boa, estúpida, irrita o tipo com os dentes pontiagudos.’

      “Lembras-te dessa noite?” Kane fez a pergunta antes de perder a coragem.

      “E então?” – pensou, encolhendo os ombros mentalmente. “Lembro-me, grande coisa. “Bem, da maior parte. Talvez não sejas tão bom a dominar pessoas como pensas que és.”

      “Talvez da próxima vez não seja tão simpático.” – avisou Kane, vendo-a estremecer com as suas palavras sombrias.

      Tabatha estreitou o olhar na sua expressão estoica. Como se atrevia a responder à sua falsa indiferença.

      “Bem, antes de tentares novamente fazer-me uma lavagem cerebral, que tal dizeres-me a resposta ao enigma da Misery?” – exigiu ela e cruzou os braços sobre o peito, sabendo que estava a descontar em Kane a sua raiva pelo abandono de Kriss. Mas talvez o Kane também merecesse. Tanto quanto sabia, Kane até podia ter comido Kriss.

      “Ou me dizes o que é que ela quis dizer ou juro que penduro um grande e sumarento coração de vaca ao pescoço e me ponho bem apetecível para a Misery para lhe perguntar eu mesma.”

      Ela arquejou e agarrou-se rapidamente ao tabliê quando Kane girou o volante, fazendo o carro guinar para a berma da estrada e subir o passeio. Ele carregou no travão e deslizou por uma zona de terra, fazendo um pião completo antes de derrapar até parar.

      Kane estava a pairar sobre ela antes de o carro se imobilizar. Tabatha não conseguia evitar olhar para cima para o seu rosto e admirar as linhas fortes do seu maxilar, a cor ametista dos seus olhos. O seu olhar desceu até aos seus lábios perfeitos e perguntou-se se eles seriam frios como gelo ou quentes como fogo.

      Kane estava mais que furioso e queria sufocar a mulher por pensar sequer nisso. Mordendo a própria língua, esperou até sentir o rápido fluxo de sangue para depois captar os lábios de Tabatha num beijo ardente. Em circunstâncias normais, ele mataria para poder fazer isto. Mas de qualquer modo, ela teria de estar sóbria para que isso contasse. A única razão pela qual a beijava agora de forma tão profunda era o facto de querer limpar a mente dela de quaisquer planos perigosos que o álcool lá tivesse colocado.

      Quentes, os seus lábios eram quentes e aquele agradável calor estava a descer por ela numa espiral até ao meio das suas pernas. Subitamente, Tabatha sentiu o medo que lhe faltara momentos antes. Surgia agora em ondas vingativas e ela sentiu os dedos dos pés encolherem-se exatamente ao mesmo tempo que sentiu o pânico chegar ao seu estômago. A sua mente escolheu o medo e ela começou a empurrá-lo com o máximo de força possível. Infelizmente, isso teve o mesmo efeito que uma formiga a tentar levantar uma casa.

      Kane sentiu as suas mãos a tentar empurrar o seu peito, mas já que este ia ser o último beijo dos dois, mais valia saborear um pouco mais o momento. Ele respirou no seu fôlego quente enquanto suavizou o beijo, para depois rapidamente o aprofundar novamente.

      Tabatha foi assaltada pelo sabor doce e salgado do sangue de Kane e a esmagadora necessidade de trepar por ele adentro superou o medo que restava. Essa necessidade intensificou-se quando a mão dele agarrou na anca dela e a ergueu do assento, puxando-a para si tanto quanto o espaço confinado do veículo permitia. As coxas dela estavam agora em chamas e, antes de se conseguir reprimir, uma das suas mãos deslizou pelo peito dele e em torno do pescoço, onde agarrou com força o seu cabelo branco como a neve.

      Kane estremeceu quando sentiu as unhas dela arranharem a sua pele sensível, criando um reflexo nas suas ancas e um grunhido no fundo do seu peito. Ele queria-a, mas mesmo muito. Uma buzina de um carro soou e Kane foi rapidamente relembrado de onde estavam. Foi preciso mais força do que ele julgava que tinha para libertar o corpo dela e praticamente se atirar de volta para o assento do condutor.

      “Já estás sóbria?” – perguntou ele. Os músculos dos seus maxilares estavam contraídos e os nós dos dedos estavam brancos enquanto agarrava no volante