mas não ajudaria sua causa. Seria melhor tentar argumentar com ela.
O barão era velho, careca e cheirava mal. Ele tinha manchas cinzentas no rosto que o faziam parecer doente. Ela o evitava sempre que ele se aproximava, e sua mãe esperava que ela se casasse com ele? Isso não aconteceria. Ela preferiria se casar com qualquer um, exceto o barão Felton. – Mas, mãe…
– Não – sua mãe a interrompeu. – Você não vai me convencer a tomar outro caminho. Essa é sua punição. Vai nos salvar e vai aprender o seu lugar. – Ela colocou a mão no queixo de Delilah e a fez encontrar seu olhar. – Não tenha medo, filha. Ele é velho e não viverá o suficiente para ser um incômodo. Poderia ser muito pior.
Delilah entendeu o significado oculto em suas palavras. Penelope iria ajudá-la no caminho dele até o túmulo, mas não antes de ele deitar-se com Delilah. Ela não poderia ter ninguém contestando o casamento. O dinheiro era mais importante que a virtude da filha. Ela deixaria sua mãe fazer o que queria, ou pelo menos permitiria que ela pensasse que sim. – Sim, mãe. – Assim que a atenção de sua mãe estivesse em outro lugar, Delilah sumiria.
– Essa é a minha boa filha. – Penelope sorriu e cantarolou quando saiu do quarto. Sem dúvida, para escrever essa carta.
– Delilah… – Sua irmã se irritou. Mirabella andou pela sala, ansiosamente balançando a cabeça a cada passo que dava. Ela não gostava de confronto e provavelmente estava preocupada com o bem-estar de Delilah.
– Não se preocupe comigo – ela assegurou a Mirabella. Não queria que sua irmã tivesse ideias desagradáveis em sua cabeça. Ou sobre o que poderia acontecer a Delilah se ela se casasse com o barão Felton ou poderia considerar substituir Delilah no casamento. Nenhuma delas cairia nessa armadilha particular. – Eu não vou me casar com o barão, e você também não. Está na hora de irmos.
– Eu não posso… – Ela torceu as mãos em nervosismo. – Mãe…
– Não dá a mínima para nenhuma de nós. Por favor, venha comigo. – Ela tinha que fazer sua irmã perceber que ficar em qualquer lugar perto de sua mãe era prejudicial à sua existência. Lady Penelope nunca teve seus melhores interesses no coração. Havia apenas uma pessoa com quem ela se importava… ela mesma.
Sua irmã balançou a cabeça. – Não, eu entendo que você precise ir, mas não posso. Eu não sou corajosa como você. – Ela mordiscou o lábio inferior e uma lágrima escorregou de seu olho. O estresse de ir embora estava começando a alcançá-la.
Delilah suspirou. Mirabella escolheu a hora errada para se tornar obstinada. Era um dos piores traços de sua irmã. Ela geralmente era doce e dócil, mas de vez em quando, desenvolvia uma vontade que a tornava intratável. Ela queria fazer sua irmã ir com ela, mas percebeu há muito tempo que não podia, quando ela ficava assim. Doía a Delilah no imaginar sua irmã sozinha com a mãe. Lady Penelope faria a vida de Mirabella miserável. Se apenas sua irmã não estivesse sendo tão teimosa.
– Quando eu encontrar um lugar seguro, vou escrever para você. Se mudar de ideia, sempre poderá vir até mim. Entendido? – Delilah pôde não ser capaz de convencê-la a ir, mas poderia dar-lhe algo para ter esperança durante os tempos sombrios. Lady Penelope se tornaria mais difícil do que o habitual quando descobrisse que Delilah fugiu. Mirabella precisaria dessa âncora para sobreviver à ira iminente de sua mãe.
Sua irmã assentiu. – Por favor, se cuide.
– Sempre – disse ela. Delilah abraçou a irmã e saiu do quarto. Ela tinha que pegar sua pequena valise e os fundos que esteve guardando, e então iria embora. Não demorou muito para pegá-los em seu quarto. Ela saiu na ponta dos pés da casa e correu pela floresta até chegar à estrada. Lágrimas caíram pelo rosto dela, não tinha medo por si mesma ou do que poderia acontecer com ela em sua nova vida. Não importava o que fizesse, ela sempre se preocuparia com Mirabella, e não seria capaz de aceitar plenamente seu futuro até encontrar uma maneira de extrair sua irmã das garras de sua mãe. Um dia, Mirabella veria a razão. Naquele dia, ela ajudaria sua irmã em sua própria fuga.
Ela continuou descendo a estrada, mantendo a cabeça erguida. Delilah enxugou as lágrimas e respirou fundo. O tempo para chorar terminara, e ela seria forte. Nada iria impedi-la de ir pelo caminho que escolheu. Quando chegasse à cidade, compraria passagem até o próximo porto. Logo, ela estaria longe de sua mãe e finalmente, teria a liberdade que ansiava por tanto tempo.
CAPÍTULO DOIS
A aldeia de Longtown não tinha muito a oferecer, mas havia uma estalagem e um lugar para Marrok deixar seu cavalo. Ele ficaria e permitiria que o cavalo descansasse antes de seguir para a cabana de caça em Kirtlebridge. Quando chegou ao estábulo, deslizou do cavalo e entregou as rédeas para o cavalariço. – Garanta que ele esteja bem cuidado e haverá um xelim extra para você quando eu ir. – Ele pegou sua pequena valise antes que esquecesse e a deixasse para trás.
– Sim, meu senhor.
Marrok não o corrigiu. Tecnicamente, com a morte de seu pai, ele era agora um duque e a maneira correta de se dirigir a ele deveria ter sido Sua Graça. Uma vez que ele aceitasse totalmente sua posição, teria mais do que queria lidar. Enquanto estava em sua pequena licença, planejava ficar o mais anônimo possível. Ele acenou para o cavalariço e se virou para deixar o homem com seu dever.
A estalagem não estava localizada depois dos estábulos, mas era uma caminhada curta, e Marrok precisava esticar um pouco as pernas, de qualquer maneira. Ele estava tomando seu tempo e descansando seu cavalo tão frequentemente quanto possível. Kirtlebridge ficava a uma semana de viagem de onde tinha saído e, até agora, havia aproveitado cada parada para chegar a Longtown. A cabana de caça estava facilmente a outro meio dia de cavalgada. Ryan estava certo, ele precisava do tempo longe, mas nunca admitiria isso ao marquês. Poderia inflar seu ego e dar um sentimento de auto importância.
Marrok chegou à estalagem e entrou. Um homem de cabelos brancos como a neve e uma espessa barba grisalha o cumprimentou. – Bem-vindo ao Twin Hounds, meu senhor. Como posso te ajudar?
– Você tem um quarto disponível? – Ele preferia não ter que dormir em uma estalagem. Dada a escolha, e se seu cavalo estivesse descansado o suficiente, ele preferiria continuar a viagem e dormir debaixo de uma árvore.
– Nós temos um quarto sobrando – o homem assegurou-lhe. – Eu posso fazer uma das criadas lhe mostrar o caminho, se você quiser.
Essa era a última coisa que precisava. Ele provavelmente não deveria presumir, mas se fosse como as últimas paradas, a criada lhe ofereceria alguns de seus serviços especiais, e bem, ele não queria nada com uma mulher. Ele precisava de uma cabeça clara, e os prazeres carnais sempre nublavam as coisas. – Não, obrigado – ele respondeu. – Dê-me as instruções e chegarei lá.
– Muito bem – o velho disse e entregou-lhe uma chave. – Suba as escadas e percorra todo o corredor. É a última porta do lado direito.
Marrok não havia percebido até aquele momento, mas estava cansado. Seu corpo inteiro doía e suas pálpebras nunca pareceram tão pesadas. O sono não era seu amigo há muito tempo. Sempre que fechava os olhos, sofria de pesadelos de todos os tipos. Ele havia revivido a morte de seu pai várias vezes. Então, em vez de sucumbir àquelas imagens horríveis, ele lutara contra o sono. Não achou que seria capaz quando chegou ao seu quarto. – Obrigado – disse ele. – Além disso, você pode mandar um pouco de comida para o jantar?
– Como quiser – respondeu o estalajadeiro. – Você vai precisar de mais alguma coisa? – O homem levantou uma sobrancelha.
– Não – respondeu Marrok evasivamente. Ele não tinha vontade de encorajá-lo. Marrok gostava de sua privacidade, e o homem não parecia querer permitir que ele o tivesse. Ele virou para o homem com um xelim. – Por favor, garanta que eu não seja perturbado.
– Você