tomado a decisão certa, odiaria deixar a hospedaria antes que estivesse pronto. Ele subiu as escadas, ficando mais cansado a cada passo. A madeira usada para fazer as escadas era velha e rangia, não haveria como se esgueirar e descer. O corredor mostrou-se tão gasto quanto, as portas para cada quarto estavam com a pintura descascada, e os puxadores das portas tinham visto dias melhores. Marrok duvidava que as fechaduras fossem muito seguras também. Poderia ser bastante fácil derrubar uma das portas se uma pessoa estivesse disposta a fazer o esforço.
Ele piscou várias vezes, tentando se manter focado. Porra, ele estava cansado. Talvez devesse ter pulado completamente a ideia da comida. O sono não poderia ser negado para sempre, mesmo que desejasse que pudesse ser… – Sonhos estúpidos – Ele murmurou aquelas palavras em voz baixa enquanto continuava se movendo pelo corredor. Logo estaria no final do corredor e no seu quarto pela noite.
– Maldito inferno – uma mulher amaldiçoou. Seu tom culto e palavras pronunciadas a faziam parecer uma dama. Uma criada teria mais probabilidade de usar alguns dos palavrões que essa mulher escolheu, mas em outras frases, ela falava corretamente, revelando sua verdadeira posição. Ele parou e ouviu quando ela soltava uma série de expletivos criativos. Onde uma mulher de boa criação aprendeu tantos palavrões? – Em que infernos estava pensando?
Ela soou como se estivesse tendo um pouco de dificuldade com alguma coisa. Ele deveria ser um cavalheiro e oferecer-se para ajudá-la, mas ela estava em um quarto. As fechaduras eram frágeis, e ele poderia facilmente transpô-la. O problema era que, se ela fosse uma dama como ele acreditava, a ajuda dele talvez não fosse bem-vinda. Estar sozinha com ele em um cômodo privado poderia manchar a sua reputação. Isso, presumindo que ela fosse uma mulher solteira. Talvez o marido dela estivesse por perto para ajudá-la.
– Deixe-me ir – ela exigiu. – Miserável animal…
Bem, isso não soava bem. Ele não podia se afastar de uma dama se ela estivesse sendo molestada. Era seu dever como cavalheiro ajudá-la em uma circunstância tão aterradora. Claro, nenhum desses raciocínios tinha algo a ver com ele estar evitando o sono. A dama precisava claramente de sua ajuda, então Marrok bateu na porta. – Minha dama?
– Quem está aí? – Ela gritou. – Oh, por favor, venha me ajudar.
Esse foi todo o convite que precisava, ele abriu a porta preparando-se para derrubar um homem, mas só havia uma pessoa no cômodo. A dama tinha cabelos negros que se derramavam sobre a cabeça em ondas e seu vestido era azul claro com finas listras brancas. O resto dela era um mistério completo embora. Sua mão não estava visível, mas seu traseiro sedutor estava… estava completamente no ar. Ela estava curvada sobre a cadeira com a cabeça enterrada no assento. Ela não estava sendo molestada por uma pessoa, mas por uma peça de mobília, uma poltrona para ser mais preciso.
Uma posição interessante para encontrar uma dama. Ele estava perplexo com a forma como ela conseguiu ficar presa na poltrona e se divertiu com suas tentativas de sair de suas garras. Definitivamente, não era como ele esperava passar a noite…
Delilah tinha deixado cair sua bolsa de moedas, que deslizou por trás do poltrona. Deveria ter sido uma coisa simples, recuperar a maldita coisa. Tudo o que teria que fazer era se inclinar contra ela e tatear ao redor para agarrá-lo. Infelizmente, era uma cadeira ornamentada com pequenas saliências e que tinha se agarrado ao vestido e não largava por nada.
Ela se mexeu um pouco, e a sala ecoou com os rasgos de seu vestido. Se não tivesse um estoque limitado de vestidos, poderia deixar a maldita cadeira rasgá-lo de uma vez, mas não podia permitir que uma peça de roupa fosse atirada ao fogo ou rasgada por uma maldita cadeira.
– Você vai me encarar ou me ajudar? – Ela nunca ficou tão envergonhada em toda a sua vida… Bem, talvez isso não fosse inteiramente verdade, mas ela não queria lembrar de seu passado se pudesse evitar.
– Eu não tenho certeza – A voz do homem parecia familiar. Tinha uma rouquidão que causava arrepios na sua espinha.
– Por que infernos você veio se não, em meu auxílio? – Ela tentou se libertar mais uma vez e se arrependeu. O tecido fino de seu vestido rasgou ainda mais. Diabos. O que seria necessário para conseguir que o homem a ajudasse? – Por favor, senhor – ela implorou. —, certamente deve ver que estou em apuros.
– Bem – ele começou. – Não tenho certeza se entendi o que você está fazendo. Por que você estava se curvando sobre a cadeira dessa tal forma? – Ele se moveu um pouco mais para perto dela. Seu calor parecia envolvê-la. – E por que você está tão preocupada em arruinar seu vestido? Você está em um quarto sozinha. Certamente, um vestido rasgado não é um desastre tão grande. Você não tem outro?
Delilah rangeu os dentes. Ela não reprimiria o homem por sua ignorância quanto à sua situação. Ele não entenderia, porque provavelmente nunca foi forçado a fugir de casa e economizar dinheiro de todas as formas. Em vez disso, ela deu a ele uma razão que um homem como ele pudesse realmente entender. – É o meu favorito. Por favor, me ajude.
– O vestido ou a cadeira? – Ele perguntou, em um tom provocativo.
Sua boca se abriu. Como ele ousava sugerir que ela queria que ele tirasse o vestido? Que tipo de depravado ela convidara para o seu quarto? Era um pouco tarde para repensar essa decisão… – A cadeira – exclamou ela. – Eu gostaria de manter meu vestido no meu corpo, muito obrigada.
– Uma pena – disse ele ao se aproximar, em seguida, inclinou-se. – Fique parada.
Ele parecia tão grande. Delilah inclinou a cabeça para tentar dar uma olhada melhor nele, mas não conseguiu ver muito mais do que a cor de sua roupa. Ele estava com calças pretas, botas de montaria e um casaco combinando. O resto não era visível o suficiente para decifrar. Ela se virou ainda mais e ouviu outro rasgar de tecido.
– Eu lhe disse para ficar parada – ele lembrou a ela.
– Sinto muito – disse ela. – Minhas costas doem por ficar nessa posição por tanto tempo.
– Talvez agora você possa explicar como entrou nessa bagunça. – Sua voz continha uma pitada de diversão misturada com curiosidade.
– Eu prefiro não fazê-lo. – Ela mordiscou o lábio inferior. Delilah odiava se explicar. – É bastante humilhante. – Ela não conhecia o homem e não tinha certeza se podia confiar nele. Seus instintos diziam para não confiar em ninguém, e ela geralmente prestava atenção àquela intuição. Ele não precisava ter nenhuma informação real sobre ela. Além disso… E se ele fosse um ladrão e roubasse a pequena bolsa de moedas que tinha? Tinha que se proteger seu futuro.
– Mexa-se – ele disse à ela, soltando o vestido de uma das saliências da cadeira. O lado esquerdo ficou completamente solto e ela ganhou mais movimento. Logo seria capaz de se levantar, e então evitaria a cadeira pelo resto do tempo em que estivesse na estalagem. Ela estaria na costa em breve e em um navio longe da Inglaterra.
Ele lutou com a saia do outro lado da cadeira. – Este não quer soltar você.
– Cadeira estúpida – ela murmurou. – Deve ser queimada por sua insolência.
Ele riu levemente. – Eu duvido que é culpa da cadeira por você estar nesta situação. Ela estava aqui inocentemente no canto e você a abordou.
Ela revirou os olhos. Delilah segurou a língua para não dizer algo de que pudesse se arrepender. Felizmente, tinha muita prática em manter seus pensamentos para si mesma ao longo dos anos. Lidar com a mãe ensinara-lhe os benefícios da paciência. Em vez disso, ela agradeceu novamente por ajudá-la. – Eu não sei o que teria feito se você não tivesse aparecido.
– Tenho certeza que você teria encontrado uma maneira de libertar-se. – Ele puxou a saia que deslizou livre da saliência. – Pronto, você não está mais presa.
Delilah se levantou e se virou para encará-lo. Sua boca caiu aberta