Penny Jordan

Na cama errada


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O número de alunos está um pouco acima do mínimo exigido. Nigel, se eu perder mais cinco por cento… E o pior é que, se conseguíssemos manter-nos por mais alguns anos, tenho a certeza de que as matrículas cresceriam e ficaríamos com uma boa margem de segurança. Mas para isso a fábrica precisaria de continuar a operar. Por este motivo, preciso de falar com esse tal de…

      – Leo Jefferson. Já conversei com a recepcionista e consegui convencê-la a dar-me a chave da suite dele. – Ao ver a expressão de Jodi, emendou.

      – Não te preocupes, eu conheço-a e expliquei-lhe que tu tens um encontro marcado com Jefferson, mas que chegaste muito cedo. Portanto, acho que o melhor que tens a fazer é subires e ficares à espera para o apanhares desprevenido quando o homem voltar.

      – Nunca farei uma coisa dessas! Só quero que o Sr. Jefferson entenda como irá prejudicar a nossa vila se levar adiante a ideia de fechar a fábrica. Pretendo convencê-lo a mudar de opinião.

      Nigel observava-a, apiedado. Jodi estava cheia de ideais, mas as suas boas intenções não bastariam para lidar com um homem como Leo Jefferson. Nigel pensou em sugerir que um sorriso caloroso e um charme feminino poderiam funcionar melhor do que o tipo de discussão que a prima tinha em mente. Mas sabia como Jodi reagiria mal à sugestão: ficaria indignada, pois era contra os seus princípios.

      Do ponto de vista de Nigel, tudo isto era um desperdício, porque Jodi tinha condições mais do que suficientes para fazer «gato-sapato» de qualquer homem que tivesse o mínimo de sangue a correr-lhe nas veias. Muito atraente, o seu corpo era tão perfeito que perturbava qualquer um só de olhar para ela, apesar da sua tendência em esconder as formas voluptuosas com roupas discretas e práticas.

      Os cabelos escadeados eram espessos e brilhantes. Os olhos, de um azul profundo, destacavam-se da pele delicada, que ressaltava ainda mais as maçãs salientes do rosto. Se não fosse sua prima, e não a conhecesse desde menina, Nigel também se sentiria atraído por toda esta formosura.

      Mas Nigel preferia raparigas que encaravam o namoro e o sexo como um jogo divertido. Jodi levava tudo muito a sério.

      Aos vinte e sete anos, pelo menos pelo que Nigel sabia, ela ainda nunca tivera nenhuma relação de verdade, preferindo dedicar-se ao trabalho. Muitos dos seus amigos consideravam tal dedicação um total desperdício.

      Ao pegar na chave magnética que o primo lhe entregava, Jodi esperava estar a fazer a coisa certa.

      De repente, sentiu a garganta seca de tanto nervosismo e, quando contou isto a Nigel, ele disse-lhe que pediria algo para ela beber na suite.

      – Não podemos correr o risco de assaltares o frigorífico devido a tanta sede, pois não? – provocou-a, rindo da própria piada.

      – Não acho graça nenhuma.

      No fundo, ela sentia-se culpada pelo modo forçado que arranjara para se aproximar de Leo Jefferson, mas segundo Nigel, seria a única maneira possível de falar a sós com ele.

      Jodi pensara em marcar um encontro, porém Nigel convencera-a a desistir, argumentando que um empresário tão ocupado quanto Leo Jefferson jamais se disporia a marcar uma reunião com a professora de uma escola rural.

      Por isso, fora necessário arranjar este desagradável subterfúgio.

      Dez minutos mais tarde, ao entrar na suite de Leo Jefferson, Jodi tinha esperança que ele não demorasse muito a voltar. Ela acordara às seis da manhã, para trabalhar num projecto para os seus alunos mais antigos, que no final do ano passariam a frequentar a escola das «crianças grandes».

      Eram quase sete da tarde, já passava do horário normal do seu jantar, e Jodi sentia-se cansada e com sede.

      Aprumou-se, nervosa, ao ouvir a maçaneta girar, mas era apenas o empregado com a bebida que Nigel prometera. Olhou para a grande jarra colorida com sumo de fruta, sobre a mesinha à sua frente, que o empregado colocara antes de sair apressado, fechando a porta.

      Preferiria beber água. Com a boca seca de tensão, serviu-se e bebeu tudo o que despejou no copo de um gole só. A bebida tinha um gosto estranho, mas não desagradável. Por algum motivo, Jodi quis beber mais um copo.

      Leu o jornal que encontrou e aproveitou para ensaiar várias vezes o que pretendia dizer a Leo Jefferson.

      Onde é que ele estaria? Exausta, começou a bocejar e levantou-se, assustando-se, ao perceber que se sentia tonta e cambaleante.

      Mas a cabeça estava tão leve! Desconfiada, observou a jarra de sumo. Aquele gosto um tanto amargo bem poderia ser de álcool. Nigel sabia que ela não costumava beber.

      Confusa, olhou à sua volta, procurando a casa de banho. Leo Jefferson poderia chegar a qualquer momento, e Jodi queria estar apresentável, bem arrumada como uma executiva. A primeira impressão, sobretudo numa situação daquelas, era muito importante.

      Através da porta semiaberta, que levava à sala da suite, ela percebeu logo que a casa de banho ficava fora do quarto.

      Com esforço, conseguiu chegar até lá. O que seria que tinha naquele jarro, afinal?

      Na casa de banho enorme, toda branca, Jodi lavou as mãos e espalhou água fria sobre os pulsos, observando ao espelho o seu rosto vermelho, antes de se virar para sair.

      No quarto, parou e olhou para a confortável cama. Estava tão cansada! Quanto tempo é que aquele homem ainda demoraria para chegar?

      Outro bocejo. As pálpebras pesavam-lhe. Precisava de se deitar, só um bocadinho, até que as tonturas passassem.

      Mas antes…

      Com todo o cuidado e a concentração necessária para um embriagado, tirou a roupa e dobrou-a meticulosamente, antes de se esticar naquela cama maravilhosa e abençoada.

      Ao destrancar a porta da sua suite, Leo Jefferson olhou para o relógio. Eram dez e meia da noite, e acabava de voltar de uma das duas fábricas que acabara de comprar. Antes disso, passara a tarde com o genro e ex-dono dessas empresas, um perfeito idiota, que tentara de qualquer maneira convencê-lo a voltar atrás no negócio.

      – Veja bem, o meu sogro cometeu um erro, e errar é humano – dissera a Leo, com falsa amabilidade. – Mas mudámos de ideias e já não queremos vender as fábricas.

      – Agora é tarde – respondera, secamente. – Já assinámos o contrato, o negócio está fechado.

      No entanto, Jeremy Discroll continuava a bater na mesma tecla. Queria convencer Leo a voltar atrás.

      – Deve haver um meio de te persuadir. Eu sei que podemos chegar a um acordo. Há um bar que acabou de abrir na cidade, com pista de dança e tudo. Estão a precisar de um executivo para montar uma sociedade. É o tipo de negócio que tem tudo para correr bem aqui. Que tal se passarmos por lá para dares uma vista de olhos, sem compromisso? Depois, voltamos a conversar, quando estiveres mais descontraído.

      – De maneira nenhuma.

      Leo ouvira boatos sobre Jeremy, que davam conta de que era uma pessoa de carácter duvidoso, que tentava sempre resolver as coisas à sua maneira, nem que para isso tivesse de recorrer a propostas indecentes.

      A princípio, Leo resolvera dar a Jeremy o benefício da dúvida, no entanto, depois de o conhecer, entendeu que os rumores tinham fundamento. A falsa generosidade daquele homem era irritante.

      Jeremy chegara ao ponto de oferecer a Leo serviços de acompanhantes. Era o tipo de coisa que Leo abominava. Para ele, qualquer lugar onde o sexo fosse comprado, onde o ser humano tivesse que se vender para dar prazer a outra pessoa, não tinha qualquer valor. Quando ouviu a proposta de Jeremy, não fez a menor questão de esconder o desprezo que sentia por aquilo.

      Mas Jeremy Discroll não se dava por vencido.

      – Não? Preferes divertir-te com mais privacidade. Bem, nesse caso, podemos arranjar-te uma mulher só para ti.

      A frieza da resposta de Leo, no entanto, provocara uma expressão de descontentamento no rosto do