ele.
Lizzie sentiu que aquele sorriso entreva no seu coração maltratado e lhe devolvia a vida.
– Gostas de sardas?
– Amanhã digo-te – respondeu Sebasten.
Capítulo 2
Enquanto Sebasten e Lizzie se aproximavam da mesa que ela tinha partilhado com Jen, os seus guarda-costas afastaram sem contemplações as pessoas que a iam ocupar. Dois empregados apareceram para limpar o chão por onde eles se dirigiam.
Lizzie gaguejou, surpreendida. Seria o director ou o dono do local? Quem mais poderia ser? O sítio estava a abarrotar, mas estavam a servir-lhes as bebidas a toda a velocidade, enquanto os outros clientes esperavam.
Lizzie observou-o a sentar-se. Não conseguia deixar de olhar para ele. Aquele homem era estranhamente espectacular. Tinha umas feições delgadas cor de azeitona, maçãs do rosto marcadas, um nariz grego e a mandíbula quadrada. Uma beleza incrível que decerto estivera sempre ali, até mesmo quando fosse mais velho. Tinha o cabelo preto e ondulado, a testa alta e umas sobrancelhas bem marcadas, além de uns olhos brilhantes que ressaltavam entre umas pestanas longuíssimas. Lizzie sentiu o coração a sair-lhe pelo peito quando lhe voltou a sorrir, mas estava convencida de que havia um engano qualquer. Era impossível que se tivesse fixado nela.
– Chamo-me Sebasten – apresentou-se o homem de forma natural. – Sebasten Contaxis.
Aquele nome não dizia nada a Lizzie, mas assentiu.
– Chamo-me Lizzie. Não és de Londres, pois não?
Sebasten riu-se.
– Não, obviamente não, mas adoro esta cidade. Lizzie? Diminutivo do que eu imagino?
– Sim, é pela minha mãe… a minha família e os meus amigos tratam-me assim – respondeu Lizzie, sentindo um calafrio por todo o corpo. Normalmente, não se fixava em homens assim. Aquele indivíduo exalava perigo.
– Suponho que te terás apercebido de que fomos feitos um para o outro – disse-lhe.
Lizzie teve dificuldade em respirar. Sabia que lhe deveria dizer para a deixar em paz, mas não queria que se fosse embora. Pela primeira vez, sentiu-se verdadeiramente tentada e isso assustou-a.
Sebasten observou surpreendido como ela corava e pensou que, apesar da sua aparência sofisticada, por um momento lhe tinha parecido muito jovem e vulnerável.
– Sorri… – ordenou-lhe, interrogando-se sobre quantos anos teria.
Perante o maravilhoso e tímido sorriso com que o premiou, Sebasten sentiu-se surpreendentemente perdido.
– Acho que esta noite não sou a melhor companhia – desculpou-se ela.
Sebasten levantou-se de repente.
– Vamos dançar…
Enquanto se levantava, Lizzie viu que os amigos sentados na mesa próxima estavam alucinados. Deitou a cabeça para trás, encantada. No final de contas, gostava que a vissem com um homem lindo de morrer e não sozinha.
Tanto como tinham gostado verem-na com Connor? Sentiu uma dor no peito. Connor tinha arrebatado a confiança em si mesma. Pensava que ele era tão honrado e sincero como ela. Como não tentara nada além de a beijar, Lizzie assumira que a queria conhecer melhor antes de passar a coisas mais importantes. Ao pensar nisso, sentiu-se ingénua e tonta. E ao descobrir que ele tinha andado a dormir com a sua madrasta, que era muito mais bonita que ela, tinha ficado completamente destroçada.
Sentiu um braço a agarrá-la e a apertá-la contra o seu corpo, e encontrou-se com a força de Sebasten e a acalorada reacção do seu próprio corpo.
– Quantos anos tens? – perguntou Sebasten, um pouco incomodado pelo olhar distante dos seus olhos. Não estava acostumado que uma mulher não lhe prestasse cem porcento da sua atenção.
– Vinte e dois…
– Estás ocupada? – perguntou Sebasten. Talvez estivesse com um outro homem. Aquilo explicaria o facto de não estar interessada nele.
A pista estava cheia de gente, mas, depois de os olhar nos olhos, Lizzie apenas ouviu o frenético palpitar do seu coração e sentiu o crescente desejo do seu corpo.
– Ocupada?
– Não interessa, vais ser minha – respondeu ele, abraçando-a.
Com a mesma segurança e agarrando-a pela cintura, Sebasten conduziu-a pelas escadas acima.
«Vais ser minha». Os homens nunca lhe tinham dirigido semelhante comentário e, se o tivessem feito, Lizzie teria morrido de tanto se rir. Dava-se bem com os homens, mas estes não a costumavam ver como um objecto de desejo. Os seus amigos tratavam-na como uma irmã mais velha. Provavelmente, porque era muito mais alta que a maioria deles, explosiva em vez de subtil, nunca se assustava e era sempre a primeira a oferecer o seu ombro para chorar.
Até Connor, as suas relações tinham sido muito normais, mais amizade do que outra coisa e tinham terminado sem que nenhuma das partes sofresse demasiado. Até Connor não soube o que era ser maltratada, não tinha conhecido a dor nem a humilhação. Lizzie disse para si que Sebasten ou como se apelidara, era o que o seu ego necessitava.
Levou-a para uma sala VIP na qual apenas podiam entrar pessoas de elite. Aquilo não fez mais do que a convencer que ele era dono do local. Lizzie observou o luxuoso lugar com sofás de couro e um bar no canto.
– Aqui em cima até se ouvem os pensamentos um do outro – comentou Sebasten.
Lizzie olhou para ele e deu conta de quão bem vestido estava com um maravilhoso fato cinzento feito à medida.
– Este sítio é teu?
– Não – respondeu ele, surpreendido.
– Então, quem és tu para mereceres tanta atenção?
– Não sabes? – perguntou ele, divertido. Aquilo era novo para ele. – Sou empresário.
– Não leio a secção de economia dos jornais.
– Para quê, não é?
Lizzie corou.
– Não sou uma cabeça-de-vento.
O seu pai, um homem duro e muito virado para si mesmo, não tinha permitido que ela se envolvesse na empresa construtora da família. Lizzie dissera-lhe que queria estudar gestão para o ajudar, mas Maurice Denton rira-se às gargalhadas. Costumava orgulhar-se de ter educado a sua filha como uma menina e de não a deixar trabalhar. Isso tinha sido antes, claro.
– És muito bonita… sobretudo quando coras e se notam todas as sardas – brincou Sebasten.
– Pára… – respondeu ela tapando a cara.
Sebasten ofereceu-lhe um copo e ela agarrou-o fascinada com a sua cara. De verdade que ele a achava bonita? Não queria acreditar. Normalmente, diziam-lhe que era muito divertida e uma grande desportista. Levou o copo à boca e bebeu o conteúdo apesar da sua cabeça estar a andar à roda.
– Muito bonita e muito calada.
– Os homens gostam que os deixem falar……. e eu sei escutar – respondeu Lizzie. – O que te aconteceu de mais interessante esta semana?
– Uma coisa que uma pessoa me disse depois de um enterro.
Lizzie abriu a boca, surpreendida, mas voltou a fechá-la.
– No enterro do Connor Morgan… – acrescentou, deixando o nome no ar. Viu como Lizzie ficou tensa e pálida. – Conhecia-lo?
– Lamento nunca ter chegado a conhecê-lo bem – respondeu, conseguindo manter a compostura. E era verdade. Não se tinha dado ao trabalho de ver o que havia por trás daquele homem extrovertido, nunca pensou que a fosse enganar sem o menor