Vinicius Ariola

Cuatro vientos


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coisa ainda me lembro de minha infância no Rio Grande do Sul, me lembro de minha mãe trabalhando para nos sustentar, e as horas que eu passava sem ela, acredito que não era só para mim que era difícil, mas também para meus irmãos, mais sei que tudo isso era por uma boa causa. Meu irmão Thiago sete anos mais velho, tomava conta de mim, ele gostava de fabricar, carrinhos de caixas de madeira, era muito divertido ver ele fabricando, tinha duas rodas dois pedaços de madeira que servia como varanda, para ele puxar, brincava com meus vizinhos achavam muito legal, pois, éramos muito pobres e essa era uma maneira de se divertir na aquela época nem pensávamos na existência de celular, Notebook, Tablet, etc.

      Entre outras brincadeiras sadias eu adorava brincar de “Tampi Cross” assim chamamos no Sul era uma tampinha de refrigerante, construía uma pista com obstáculos isso era feito de nossa própria imaginação entre essas brincadeiras tinham muito outras naquele, tempo soltar pipa, banhos de lagoa, isso não tinha preço nesse tempo éramos crianças de verdade, usávamos nossa imaginação para brincar e nos divertir, eu tinha apenas 6 ano de idade nessa época e consigo me lembrar de situações que marcaram minha vida.

      Lembro um dia minha mãe contando que muito sacrifício fez para que não faltasse o pão em nossa mesa. Tramandaí estava recém passando por um desenvolvimento colocavam os famosos paralelepípedos então um inverno de muita chuva ela teve que escolher ir de ônibus ao trabalho ou caminhar e ter que enfrentar aquela forte chuva então como uma boa mãe que ela é, escolheu ir caminhando alguns quilômetros a baixo de chuva forte, ela terminou caindo dentro de uma poça de água se molhou toda lembro ela contar que as colegas de trabalho conseguiram roupas para ela usar para trabalhar, nessa época ela trabalhava de camareira num hotel no centro da cidade eu jamais vou esquecer–me desses esforços outros diriam que ela não fez mais que sua obrigação, mais para mim ela mostrou realmente o que é ser humana e lutou dia a dia para darmos o melhor e conseguiu.

      Bom minha imaturidade fez no transcurso da vida cometer muitos erros, mas também hoje agradeço por tudo, pois, sem equivocações não aprenderia ter valores como tenho hoje em dia, o mais importante na minha vida é minha família tenho certeza, que sem ela não seria anda.

       Queimadura

      Numa manhã do verão de 1990, eu por teimosia quem sabe, tentei fazer minha própria mamadeira, não me lembro em detalhe como tudo aconteceu mais me lembro de que deixei o bule de café e água da chaleira fervendo cair sobre meu corpo, nossa senti tanta dor que chorei muito queimado, desde manhã até à tarde, meu irmão Thiago tinha me levado a casa de alguns amigos dele para brincar, ainda me lembro das pessoas me perguntando o que eu tinha eu não sabia explicar, só tinha meu semblante muito triste e com medo, passei toda aquela tarde de verão queimado sentado e meu irmão Thiago se divertindo, sempre pensei que ele me odiava por ter me deixado todo machucado tantas horas, passei muitos anos da minha vida pensando isso levei tempo para me dar conta que ele era uma criança cuidando de outra, já era final de tarde e meu irmão mais velho Carlos, nos encontrou já indo para casa, ele estava zangado, pois, naquele dia iríamos novamente mudarmos de casa, quase me esqueço mencionar vivíamos de aluguel, ao chegarmos a casa nova ao ver minha mãe fiz como toda criança comecei a chorar e ela ao ver como me encontrava saiu correndo me levar ao hospital, hoje liguei para meu irmão Carlos ele me relato algo que eu não me lembrava que ele quase brigou com o cobrador do ônibus porque não queria deixar entrar pela frente, pois, minhas condições não me permitirão eu passar pela roleta ou em outros lugares catraca. Ao chegar à cena foi muito mais feia o médico que me atendeu disse não posso anestesia–lo, pois, já passou muito tempo assim e possa ser que nem esteja mais sentindo dor, quando ele cortou minha camiseta de cor azul–celeste, as lagrimas caíram eu não sentia dor e nem medo, quando consegui visualizar meu corpo eu estava todo deformado do lado direito do meu tórax, bom tenho essas cicatrizes até hoje. Mais ali foi só o começo de tudo, pois, depois comecei a entrar no processo de recuperação, lembro que minha mãe fazia os curativos antes de ir trabalhar. O pior foi o trauma que eu tinha nunca tirava a camiseta não brincava mais com outras crianças me sentia horrível por causa da queimadura. Também tive ótimos momentos em Tramandaí foi onde eu a conheci, sabe aquela namoradinha da infância ela era muito especial para mim, aprendi muitas coisas com ela que o carinho e o amor superam qualquer coisa nessa época da minha primeira namorada minha família dividida, meu irmão Carlos viajava muito a trabalho passava mais tempo com Thiago meu irmão estava descobrindo a vida e nisso incluído as drogas, via muito sua mudança de humor e nem sábia o que estava acontecendo e terminava tendo conflitos muito amargos pro meu lado ele me batia muito lembro de algumas vezes de ir para escola com olho roxo era motivo de piada de todos, mais sabe tinha muito ódio dessa época cada vez que me lembro ainda hoje,me invade uma tristeza sabe, na vida temos muita revanches eu tive a minha, mais também tive muitas alegrias e nome dela.

       Carol

      Fez muita diferença na minha vida nunca me sentia sozinho quando estava com ela , mais eu era jovem Carol era muito especial aqueles olhos verdes e o cabelo cacheado que eu adorava, foi a melhor coisa que passou naquela época, ano 94 lembro que íamos à praia, juntos, ainda não tinha mencionado nada a respeito do amor e da paixão, penso que amor existe um só, mais me considero um homem apaixonado pela beleza e a essência das mulheres adoro estar em uma boa companhia mais isso hoje em dia é difícil ter alguém que vale a pena estar do seu lado e quem tem não valoriza isso já é outro assunto. Os pais de Carol não me aceitavam muito bem, pois, eu era pobre filho de uma camareira e entre tudo isso não era bom exemplo para filha deles, eu me achava muito inferior a ela, uma menina classe média popular na escola e eu era só mais um. Mal sabia eu que nossos caminhos se cruzariam e minha vida seria transformada por completo, apesar de estar com meninos do mesmo nível social que eu, sempre tive essa insegurança, por não saber se alguém me aceitaria como eu era, mais quando podia observar sempre notava seu olhar não era de felicidade faltava um brilho ou era impressão minha, e por uma amiga em comum a conheci, mais nunca tive o valor de tentar ao menos falar com ela, lembro que uma tarde de segunda–feira ela foi a educação física então a encontrei–a num corredor e a cumprimentei e ela disse como vai! Com um sorriso nunca vou esquecer–me desse sorriso, meu coração acelerou mais de quando eu tinha que correr atrás da bola de futebol, ela me perguntou onde eu estava indo respondi ver Carla jogar vôlei. Carla e eu éramos como irmão praticamente vivia junto todos pensavam que éramos namorados, mais Carla era apaixonada pelo idiota do meu irmão Thiago. Então ela disse vamos meus pais vêm mais tarde tenho tempo de ver Carlinha, lembro de estar sentado a seu lado e não conseguia tirar meus olhos dela além do perfume dela que lembro até hoje. Foi então que ela disse vai ficar aí só me olhando não vai me falar nada, congelei não saia nada então ela falou sei que gosta de mim mais não tem coragem de falar comigo porque meus amigos são classe média alta e sei também que sua mãe Estrela trabalha no centro da cidade no hotel isso para mim não me afeta tenho sorte meu pai é advogado e minha mãe é professora isso me ensinou que quando as pessoas se gostam devem estar juntas foi nessa hora que ela pegou na minha mão sentia que ia sofrer um infarto.

      Lembro–me de estar na aula de química, e escutar as pessoas gritando, Carla entrou correndo dentro de minha sala de aula disse, venha, saímos correndo de mãos dadas com Carla e ela me dizia, por favor, não faça nada, ao chegar a faixa vi o corpo de Carol no chão os alunos do colégio, envolta do veículo para que o homem não desse a fuga mais ainda tenho gravado na minha memória aquela cena, chamando sem parar a Carol e Carla tentando me conter até ambulância veio levá–la ao hospital, sai desesperado em direção do hospital o pai e a mãe dela saindo correndo no carro, hoje tenho certeza que foram os cinco quilômetros mais rápido que eu já tenha percorrido na minha vida.

      Cheguei ao hospital estavam os pais esperando a alguma notícia dos médicos, e me acerquei num banco de três lugares onde se encontravam os pais de Carol a mãe de Carol inconsolada era às 11h35min quando pude ver horário na parede branca daquele corredor e o médico disse sinto muito fizemos tudo que estava ao nosso alcance mais a perdemos, os gritos de desespero da mãe invadiu todo o hospital ela desmaiou os enfermeiros a auxiliaram e o pai dizia quero minha filha de volta eu dentro de mim, falava também quero ela de volta.

      Fiquei