Kate Walker

A esposa do Siciliano


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naquele momento.

      Mas quando Cesare sorria daquela maneira…

      Megan apressou-se a recompor-se, repreendendo-se a si mesma. Aqueles eram pensamentos muito perigosos e debilitavam-na quando o que mais necessitava era ser forte.

      – Talvez o meu pai entenda, mas eu não. Podes explicar-me?

      «Não», respondeu Cesare para si mesmo. Não lhe podia explicar porque o prometera a Tom Ellis. Aquele homem conseguia ser estupidamente orgulhoso. Não aceitava a ajuda de um amigo para salvar a empresa, mas se fosse o seu futuro genro…

      – Se a Meggie se casar contigo – dissera, – então, aceito o teu dinheiro. Nesse caso, seria um assunto de família. De outra forma, não pode ser.

      Tom pedira-lhe que não comentasse sobre aquele assunto com a filha, mas a sua lealdade para com o amigo viu-se perturbada devido aos sentimentos que nutria pela mulher que tinha à sua frente.

      Saberia ela o dano que lhe provocava ao olhá-lo daquela maneira?

      Mas o pior de tudo era a maneira instintiva, quase básica, com a qual o seu corpo reagia na presença de Megan. Tinha cada sentido em alerta e o pulso batia com toda a força. Desde que entrara no quarto que tivera que lutar contra o impulso de a agarrar e beijar, devorando-a com a boca.

      Mas agir devido àquele impulso teria sido a coisa mais estúpida que podia fazer. Provavelmente, Megan teria saído do quarto a correr.

      – Cesare… – disse ela num tom severo. – Explica-te!

      – O teu pai está numa situação um pouco complicada – adiantou cuidadosamente. – O estado do mercado acaba de destruir o valor dos investimentos que ele fez e a empresa está a ter problemas.

      – Então, porque é que não o ajudas?

      – Porque não estou no mundo dos negócios para comprar empresas arruinadas!

      Ao ver o rosto dela, arrependeu-se imediatamente da desculpa que escolheu.

      – Não é um bom negócio, Megan.

      Apesar de o fazer pelo seu amigo se este o deixasse.

      – Ah! E os negócios vêm sempre em primeiro lugar, não é? – perguntou ela com amargura.

      – Não teria chegado aonde estou senão fosse assim.

      – Não… claro. Mas agora que estás onde estás, parece que perdeste todo o sentido da amizade. Costumavas ser uma pessoa melhor, Cesare.

      – Não ia servir de nada, Megan.

      Cesare já não aguentava mais aquela situação.

      – O teu pai caiu muito e ele sabe disso. Não pode dar-se ao luxo de contrair outro empréstimo, já deve demasiado.

      – Está… está assim tão mal? Estás a dizer-me que o meu pai está arruinado?

      Não precisava de lhe confirmar, pois podia ver-se-lhe na cara.

      – Oh, não!

      Sentiu as pernas a tremer, estas ameaçavam não aguentar o seu peso: com um movimento ágil, Cesare tomou-a nos braços e apertou-a contra o seu corpo.

      – Está tudo bem, carina – disse ele com a voz rouca e sedosa. – Estás a salvo, não vais cair.

      «A salvo», repetiu Megan para si, um pouco zonza. Sim, por fim, sentia-se a salvo. Pela primeira vez naquelas desgraçadas seis semanas, não se sentia sozinha e perdida. Era como se a força de Cesare lhe chegasse através dos seus braços.

      O calor daquele corpo e o aroma a limpo, a mescla de ambos, envolveram-na, fazendo-a desejar inspirar com mais força. Então, sentiu a necessidade imperiosa de se apoiar nele; a sua cabeça estava demasiado pesada para a suportar. Por fim, cedeu ao impulso e reclinou-se sobre o seu ombro, sobre o osso duro e o músculo firme.

      – Oh, Cesare… – suspirou, abandonando-se àquele momento de debilidade.

      – Megan…

      A sua voz soou inesperadamente áspera.

      O coração dela palpitou ao som da sua respiração.

      Megan voltou a suspirar, acomodando-se melhor, virando a cabeça de forma a que a boca ficou perto da pele suave e bronzeada dele.

      – Megan…

      Dessa vez, havia uma nota de advertência, mas ela estava demasiado cómoda, demasiado descontraída para pensar nisso. Pela primeira vez desde que regressara a Londres, sentia-se realmente bem. Como se agora estivesse onde queria realmente estar. No lugar que lhe era predestinado.

      Sentiu o coração de Cesare acelerar-se e o seu próprio pulso também, assim como a respiração, até se transformar num som rouco.

      – Cesare…

      Tentou falar, mas o calor que sentia dentro de si provocara-lhe uma secura na garganta. Tinha os lábios secos e humedeceu-os com a língua. Cesare não ficou imune a esse movimento.

      As pálpebras pesavam-lhe tanto que nem conseguia abrir os olhos. Quando o conseguiu, a força escura do olhar dele aprisionou-a. Não queria mover-se.

      Esperou, com paciência aparente, mas a ferver por dentro. Esperou, sabendo que aquele era o momento pelo qual ansiara durante toda a vida, com o qual sempre sonhara.

      – Megan… – voltou ele a dizer; a sua voz era espessa e áspera que nem parecia pertencer ao homem controlado e sofisticado que ela conhecia. – Acho que vou ter de te beijar.

      – Eu sei…

      – Lamento se… Sabes?

      – Sim.

      Megan assentiu, consciente do suave roçar da sua camisa e do calor da sua pele através do tecido.

      – Eu sei e sabes uma coisa? – a sua boca curvou-se com um sorriso cheio de picardia. – Vou ter que te deixar…

      As palavras eram suaves e, rapidamente, ele as afogou com os lábios. Acariciou-lhe as costas e depois a cabeça. Foi o beijo mais apaixonado e selvagem que lhe tinham dado durante toda a sua vida. Ficou sem alento, a sua cabeça rodopiava e o coração de tanto bater mais parecia querer sair do peito.

      Megan rodeou-o com os braços e entrelaçou os dedos no cabelo cor-de-azeitona. Quando Cesare tentou separar-se, ela impediu-o. Sentiu o corpo a arder, com um calor primitivo e pagão, e não apenas devido ao efeito da sua firmeza dura e quente contra ela. Estava a arder de prazer, de apetite sensual, de necessidade. Moveu as mãos pelas costas dele abaixo, sentindo que era incapaz de o tocar o suficiente de uma só vez.

      – Madre di Dio! – murmurou ele, contra os seus lábios, conseguindo separar-se para respirar. – Oh, Megan, Megan…!

      – Adoro ouvir o meu nome com sotaque italiano – respondeu ela sem alento, a tremer. – Soa a algo exótico e especial, mais sensual que Megan Ellis, tão simples e vulgar…

      – Não! Nunca utilizes essas palavras junto ao teu nome. Tu não és nada simples e, muito menos, vulgar.

      Megan olhou-o surpreendida. Esperava encontrar um brilho de humor nos seus olhos, mas não encontrou. Em vez disso, reparou numa luz bastante diferente. O tipo de luz que a fazia pensar em fogueiras e no calor do Verão. O seu coração sentiu um rasgo de felicidade.

      – És linda, preciosa. És uma mulher maravilhosa e sensacional.

      Megan nem queria acreditar no que estava a ouvir.

      – Deves estar a brincar – disse ela, mas Cesare negou com a cabeça.

      – Não é brincadeira nenhuma – insistiu num tom que deixava claro que estava a falar a sério.

      Ergueu uma mão até ao cabelo dela e entrelaçou-lhe os dedos por entre os caracóis avermelhados.

      – Tens um cabelo que brilha como