Margaret Moore

Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro


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força e correu para a porta.

      Gabriella não foi, no entanto, bastante veloz. No segundo seguinte, o barão estava fora da cama; agarrou-lhe o braço antes que ela tivesse tempo de alcançar o ferrolho, virou-a com uma sacudidela e puxou-a para si, devorando-a com os olhos azuis penetrantes enquanto ela se debatia, numa desesperada tentativa de se desenvencilhar daqueles braços poderosos.

      – Por favor... largue-me! – choramingou, num fio de voz.

      – Não posso impedir uma criada de sair do meu quarto antes que ela tenha executado a sua tarefa? – perguntou ele, seco, sem tentar estreitar o abraço.

      – Tarefa?! – Gabriella olhou para ele, incrédula. – É assim que você pensa? Para isso é que tem uma concubina!

      Foi somente depois de falar que Gabriella se deu conta do tratamento que dirigira ao barão.

      Ele, no entanto, não pareceu importar-se.

      – Não preciso de uma pirralha relutante para me excitar – murmurou, largando-a e caminhando na direcção de uma mesa onde estava um cálice de vinho. – Embora tu possas considerar o exemplo de Josephine como um meio de recuperares o teu nível de prosperidade. Ela também vem de uma família nobre que perdeu tudo.

      – Eu jamais seria uma concubina! De homem nenhum! – gritou Gabriella, indignada.

      O barão virou-se e arqueou uma sobrancelha.

      – Eu não seria tão precipitado a condenar Josephine de Chaney – repreendeu-a, pegando no cálice. – O que é que tu sabes sobre a vida dela, sobre o que ela passou, sobre as escolhas que se viu forçada a fazer?

      – Eu preferiria morrer a aceitar um destino tão maldito!

      O barão bebeu um gole de vinho.

      – A sério? Não sei... – Ele voltou para perto da cama e olhou para Gabriella com tanta intensidade que ela corou. – A Josephine precisa de uma aia. Acredito que sejas capaz de desempenhar a função a contento. Agora, pega na minha túnica e vai lavá-la.

      Gabriella não tinha a certeza se ele falava a sério, ou se estava a divertir-se às suas custas.

      – Imagino que saibas lavar uma túnica simples como essa? – acrescentou o barão, ao ver Gabriella hesitar.

      Ela não sabia, mas inclinou a cabeça, em assentimento.

      – Então, anda! Pega na túnica e vai lavá-la!

      Pelo tom indiferente da voz do barão, Gabriella soube, naquele momento, que estava livre. Abaixou-se para pegar na vestimenta; a túnica cheirava a couro, a cavalo, a fumo e... a ele.

      Ao pôr-se de pé, Gabriella percebeu a presença de uma mulher, no umbral da porta.

      – Ah, Josephine – murmurou o barão, com a voz arrastada e sensual. – Por que é que demoraste, minha querida?

      Josephine de Chaney lançou um olhar gelado a Gabriella, que mais uma vez hesitou relutante ao passar pela mulher cujas saias volumosas bloqueavam a passagem e, ao mesmo tempo, ansiosa para sair dali.

      – Tu não estás com ciúmes de uma criada, pois não, amor? – perguntou o barão, com um risinho gutural que não revelava, de facto, triunfo. Ele deu um passo na direcção da concubina e tomou-a nos braços, afastando-a da porta.

      Com a passagem livre, Gabriella correu para fora do quarto, aliviada. No corredor, ela arriscou um olhar sobre o ombro e viu Josephine de Chaney arqueada para trás sobre os braços fortes do barão, enquanto ele a beijava. Antes, porém, que Gabriella seguisse o seu caminho, o barão DeGuerre, sem interromper o beijo, olhou para ela com uma expressão inegavelmente de gozo.

      Enquanto beijava Josephine, Etienne reprimiu um sorriso que nada tinha a ver com a bela mulher que tinha nos seus braços.

      Dali em diante, Gabriella Frechette entenderia qual era o seu lugar, pensou. Ocorreu a Etienne que poderia ter utilizado um ensinamento mais eficaz; mas não o fizera, e de nada adiantava perder tempo com arrependimentos inúteis.

      Não que ele fosse possuir Gabriella à força. Etienne desprezava os homens que violavam mulheres de qualquer nível social, e jamais adoptaria uma táctica tão desprezível.

      Como seria bem melhor e mais fácil se aquela pirralha tivesse nascido serva, no castelo! Ele dar-lhe-ia presentes, ela ficaria grata, ele dar-lhe-ia mais presentes, far-lhe-ia uma proposta que ela com certeza aceitaria, e então ele tê-la-ia nos braços, a retribuir-lhe os seus beijos com ardor e paixão...

      Josephine gemeu baixinho e levou uma mão à cabeça para segurar a tiara, que ameaçava cair. Etienne levantou o rosto e olhou para ela durante um longo momento. O que é que estava a acontecer? Ele tinha a mulher mais linda do reino inteiro! Além de beleza, ela possuía também meiguice e inteligência. Etienne tinha com Josephine o acordo perfeito; oferecia-lhe abrigo, alimento e presentes, e até permitia que ela realizasse as funções de anfitriã, em troca dos prazeres do seu corpo e da recompensa da sua beleza. Ela era como um prémio de um torneio, a ilustração viva, para todos os homens, de que ele podia ter a mais bela mulher de todo o reino da Inglaterra.

      – O que é que aconteceu à tua túnica? – quis saber Josephine, afastando-se e sentando-se em frente ao espelho.

      Foi então que Etienne se deu conta de que, desde que entrara naquele quarto, não prestara atenção ao estado em que se encontrava.

      À excepção dos itens descarregados das carroças das bagagens, os quais consistiam da penteadeira de Josephine e dois baús de roupa, o aposento continha apenas uma cadeira, um espelho, uma mesa com um jarro de vinho e uma cama estreita, que Etienne suspeitou não se tratar da peça original do mobiliário daquele quarto, nos tempo áureos do castelo. Não havia tapetes, nem ornamentos. Mas ele arranjaria uma solução, obviamente, com a ajuda de Josephine.

      – Achei que Gabriella precisava de aprender quem é que manda aqui – respondeu.

      A expressão de Josephine, reflectida no espelho, revelou surpresa.

      – Seminu? – perguntou, arqueando as sobrancelhas. – Se bem que, se a tua intenção foi impressioná-la, não posso pensar num meio melhor.

      Etienne virou-se para esconder o súbito rubor que lhe subiu ao rosto, algo que não lhe acontecia desde a adolescência. Naquele momento, ele teria preferido morrer do que admitir que a astuta e perspicaz Josephine percebera algo que ele próprio não se atrevera a confessar a si mesmo. No fundo do coração, Etienne esperara que Gabriella se sentisse dominada pela sua presença física, como normalmente acontecia com as mulheres; esperara que ela não resistisse à sensação de estar nos seus braços. Quando a reacção dela fora diferente, a única desculpa que Etienne encontrara para ter tirado a túnica fora a de que esta precisava de ser lavada.

      – O que foi, Etienne? – murmurou Josephine, apreensiva.

      Ele caminhou na direcção do velho baú que usara a vida inteira, levantou a tampa e retirou de dentro um robe forrado a pele.

      – Está frio, aqui dentro.

      Josephine sorriu, um sorriso glorioso que só vinha lembrar a Etienne como ela era linda.

      – Isto aqui é um belo castelo, Etienne. Um presente merecido, do rei. Com a mobília apropriada, este quarto ficará bonito e confortável – Josephine hesitou por um momento. – Não é de admirar que ela se tenha recusado a ir embora.

      Etienne não insultaria a inteligência de Josephine, perguntando-lhe a quem é que ela se referia.

      – Eu não imaginei que ela ficasse. É uma mulher orgulhosa – Ele enrolou-se no robe e esfregou os braços, sentindo a maciez do forro na pele nua.

      – Mas com alternativas limitadas – observou Josephine. – Ela é bonita. Talvez apareça alguém disposto a casar-se com ela. Tu autorizarás?

      – Claro – respondeu Etienne, brusco, dizendo a si mesmo que se irritava sempre que Josephine