Sarah Morgan

Vida de sombras - Sombras no coração


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andou à roda e a capacidade de pensar se diluiu.

      Foi o momento mais excitante e perfeito da sua vida, e, ao abraçar-se ao pescoço de Stefan e sentir a evidência física de que estava excitado, o seu corpo tremeu. Saber que a desejava era tão embriagador como o champanhe.

      – Porque não vão para um quarto? De certeza que o dono da villa vos emprestaria um.

      Uma voz feminina atravessou a nebulosa em que Selene se encontrava. Ter-se-ia afastado de Stefan, sobressaltada, se ele não a tivesse segurado contra si.

      – Carys, és muito inoportuna...

      – Achas? – disse a mulher, sarcástica.

      Desiludida pela interrupção, Selene olhou para a mulher, que era de uma beleza espetacular. Ela estendeu-lhe a mão.

      – Sou Carys. E suponho que tu sejas Selene.

      Desconcertou-o que a reconhecessem. Era uma possibilidade que nem considerara.

      – Conhecemo-nos?

      – Claro! O que estranho é que não estejas com os teus pais. São uma família tão unida...

      Selene sorriu, impertérrita. Tinha muita prática naquele tipo de conversa.

      – Prazer em conhecer-te.

      – Igualmente – Carys levou o copo aos lábios, olhando Stefan com admiração. – Tenho de admitir que tens a genialidade de Maquiavel. Partida, largada, fugida, Stefan.

      Selene, que intuiu que aquela conversa tivesse a ver com a sua relação, permaneceu em silêncio. Carys tirou dois copos da bandeja que um empregado lhe estendeu e deu-lhe um.

      – A ti!

      Selene recordou o conselho de Stefan, mas não conseguiu suportar a ideia de pedir um sumo de laranja diante de uma mulher tão sofisticada como aquela, portanto, aceitou o copo, brindou com Carys e bebeu. O álcool aqueceu-lhe o sangue e encorajou-a imediatamente. Queria dançar, mas, ao ver que a pista estava vazia, perguntou porque ninguém dançava. Carys olhou para ela com ironia.

      – Dançar... acalora – disse em jeito de explicação.

      – E isso é mau? – perguntou Selene, ao mesmo tempo que começava a mexer-se ao ritmo da música.

      – Isso depende de ti, mas, se conseguires arrastar Stefan até à pista de dança, terás triunfado onde as demais fracassaram – disse Carys. E afastou-se.

      – Odeia-me porque está louca por ti – disse Selene, seguindo-a com o olhar.

      – Não és tão inocente como pareces – disse Stefan.

      – Sou boa psicóloga.

      Era uma das consequências de ter vivido a ler entrelinhas, interpretando emoções e intenções para poder antecipar as consequências. Abstraída, acabou o copo, que Stefan lhe tirou da mão e substituiu por um sumo.

      – Aprende isto. O álcool faz sentir-te bem por cinco minutos, mas, se continuares, acabarás a chorar no meu ombro.

      – Eu só choro de felicidade. E como me sinto extremamente feliz, deverias ter uns quantos lenços à mão – rindo-se ao ver a cara que Stefan fazia, Selene soltou-se dele e foi para a pista de dança.

      Ele segurou-a pelos braços.

      – Acabou-se o champanhe – disse.

      – Chato...

      – Faço-o pelo teu cérebro.

      – Quero começar a minha nova vida – disse ela, mexendo-se ao ritmo da música.

      Stefan continuou a agarrá-la.

      – Mas não é preciso que a vivas numa noite.

      Começou a tocar uma música mais lenta e Stefan agarrou Selene pela cintura. Ela suspirou e passou-lhe o braço pelo pescoço.

      – Sabes quando um sonho se cumpre e a realidade supera todas as tuas expetativas?

      Stefan acariciou-lhe os lábios.

      – Não sei o que pensas acrescentar, mas está na altura de fechares a boca.

      – Não admira que enlouqueças as mulheres, porque és verdadeiramente sensual.

      Stefan abanou a cabeça com incredulidade.

      – O que fizeste à rapariga tímida que chegou ao meu escritório?

      – Acho que este é o meu verdadeiro eu, mas até agora não se manifestara.

      Stefan sorriu com uma mistura de diversão e impaciência.

      – Deveria temer-te?

      – Tu não tens medo de nada. Foi por isso que recorri a ti. Sei que não é politicamente correto admiti-lo, mas acho que os homens fortes me excitam – sentindo-se enjoada pelo ambiente de festa e pelo champanhe, Selene apoiou a testa no peito de Stefan. – E, ainda por cima, cheiras maravilhosamente – acrescentou.

      – Selene...

      – E beijas como um deus. Deves ter praticado durante horas. Fico feliz por ter riscado uma das coisas da minha lista de desejos.

      – Tens uma lista de desejos?

      – Sim, dez coisas que queria que acontecessem quando deixasse a ilha para viver a minha vida. Ser beijada era uma delas e graças a ti cumpri-o com nota máxima. Outra é acordar junto de um homem verdadeiramente sensual – concluiu Selene, olhando para Stefan de soslaio e recebendo dele outro olhar de perplexidade.

      – Isto é o que acontece quando uma filha demasiado protegida deixa o ninho. O que mais há na tua lista?

      Selene apercebeu-se de que estava demasiado confusa para o recordar com precisão.

      – Ser capaz de tomar as minhas próprias decisões. Sexo, é óbvio. Quero ter sexo selvagem e apaixonado.

      – Com alguém em particular? – perguntou ele com ironia.

      Selene sorriu.

      – Sim, contigo. Sempre quis que fosses o meu primeiro homem – disse Selene, que não via a necessidade de mentir. – Espero não estar a pôr-te nervoso.

      Stefan olhou-a com olhos brilhantes, mas o sorriso apagou-se dos seus lábios. A atmosfera mudara subtilmente.

      – Acho que o champanhe está a falar por ti.

      – Não. O champanhe só me ajudou. Vê-se que é bom para desinibir.

      – Parece que sim – disse Stefan. Com um suspiro, agarrou-lhe a mão e, tirando-a da pista, levou-a por um caminho estreito que conduzia à praia.

      – Onde vamos? Não andes tão depressa!

      – Estou a tirar-te da festa antes que faças alguma coisa da qual possas arrepender-te – Stefan soprou quando Selene tropeçou e caiu em cima dele. – Não devia ter-te deixado beber aquele terceiro copo! – disse com aspereza. Em seguida, pegou-lhe ao colo e, como se fosse leve como uma pluma, desceu umas escadas. – Aqui vai outro conselho. Da próxima vez, para de beber enquanto conseguires andar em linha reta.

      – Talvez não haja uma próxima vez. É por isso que quero aproveitar esta ao máximo. Quero viver o presente ou, pelo menos, estou a tentá-lo, mas não é fácil quando a pessoa que me acompanha não faz o mesmo.

      – Theé mou... – com os dentes apertados, Stefan deixou-a na areia, onde ela se deixou cair.

      Abanando a cabeça para focar a visão, ela tirou os sapatos.

      – Sinto a cabeça a andar à roda. Da próxima vez, beberei mais devagar. E, se te atreveres a dizer-me «eu avisei-te», dou-te um murro.

      Stefan soprou.

      – És consciente do que poderia ter acontecido? Praticamente, ofereceste-te a mim.

      –