para... para...
– Para? – incitou-a Stefan, com expressão risonha.
– Para seduzir – concluiu Selene, arrependendo-se de lhe ter dado aquele nome.
– Tens provas de que funciona? – perguntou Stefan, com um tom perturbadoramente doce, ao mesmo tempo que a olhava com intensidade.
– Contaram-mo.
– Mas tu não o verificaste por ti mesma – afirmou, mais do que perguntou.
E Selene sentiu que o seu olhar a queimava.
– Experimentei a Descontração e a Energia.
– Mas não fizeste uma pesquisa de mercado da Sedução?
– Sim, mas não a nível pessoal.
Produziu-se um longo silêncio. Stefan pousou a vela e apoiou-se na secretária.
– Deixa-me explicar-te uma coisa sobre a sedução, Selene – disse, com uma sensualidade mais poderosa do que qualquer vela. – É muito mais do que uma palavra. Consiste em provocar e persuadir até enlouquecer alguém. É verdade que o aroma é importante, mas o da pessoa seduzida, combinado com o toque e o som.
Selene ficou sem fôlego.
– O som?
– Quando estou com uma mulher, gosto de ouvir os sons que emite. Gosto de ouvir o seu prazer, assim como de o sentir com os meus lábios e os meus dedos. Além disso, há o gosto... – a sua voz era cada vez mais sussurrante e os seus olhos cobriram-se de um véu aveludado enquanto acrescentava: – Gosto de saborear cada milímetro de uma mulher e de a incitar a saborear-me.
– A sério?
– Olfato, tato, audição, paladar... A sedução usa todos os sentidos. Consiste em apoderar-se do corpo e da mente de alguém até que perca os sentidos e fique reduzido a um estado elementar no qual só importe o presente.
Selene sentiu que a cabeça lhe andava à roda.
– Talvez devesse mudar o nome da vela.
– Tenho a certeza de que há muitos homens que recorrem a uma vela como complemento. Só que eu não sou um deles.
Selene tinha a certeza de que Stefan não necessitava de mais do que as suas mãos e a sua boca para seduzir uma mulher.
Ao dar-se conta de que lhe tremiam as mãos, entrelaçou-as com firmeza no regaço.
– Que tu não sejas meu potencial cliente não significa que o produto não tenha valor – satisfeita por ter encontrado um comentário apropriado, acrescentou: – Ensinar-me-ás o que preciso de saber? – ao ver que Stefan arqueava os sobrolhos, explicou precipitadamente: – Refiro a como gerir uma empresa.
– Tenho de te fazer uma pergunta.
– Claro. Queres detalhes do produto? São de uma qualidade excelente, feitas com cera de abelha, quase não produzem fumo, nem gotejam. O suporte é...
– Que interessante... – disse ele, com ironia. – Mas essa não era a minha pergunta.
– Suponho que queiras saber a minha projeção de lucro. O Hot Spa acaba de me encomendar cinco mil. Uma vez que és o seu dono, sabes que é a cadeia de hotéis mais exclusiva da Grécia.
Stefan pegou na vela e devolveu-lha.
– Também não era essa a minha pergunta.
Selene humedeceu os lábios.
– Desculpa, estou a falar demasiado. Costuma acontecer quando estou... – Selene pensou em «desesperada», mas disse: – animada.
– A minha primeira pergunta é porque queres montar um negócio. Estás entediada?
Selene teve de conter uma gargalhada histérica.
– Não.
– És uma princesa. Não necessitas de um negócio.
– Quero provar a mim mesma que posso fazê-lo.
Stefan olhou prolongadamente para Selene.
– O que me leva à minha segunda pergunta. Porque recorreste a mim em vez de ao teu pai?
Selene obrigou-se a manter o sorriso.
– Quero que seja o meu projeto, não do meu pai. E prefiro não ter de pedir favores – disse, embora a sua presença ali demonstrasse o contrário. – Não posso ir a nenhum banco sem que peçam permissão ao meu pai. Pensei em ti porque és a única pessoa que não domina. E porque me disseste que voltasse dentro de cinco anos.
Produziu-se um novo silêncio, durante o qual Selene temeu ter cometido um erro grave ao recorrer a Stefan. Levantou-se rapidamente e disse:
– Obrigada por me teres ouvido.
Stefan cruzou os braços.
– Não queres saber a minha resposta?
– Pensava que necessitarias de tempo.
– Já tive todo o necessário – disse Stefan, sem desviar o olhar dela.
Selene assumiu que a resposta era que não e sentiu-se abatida.
– Muito bem. Então...
– A resposta é que sim.
As palavras foram tão inesperadas, que Selene demorou a assimilá-las.
– A sério? Dize-lo a sério ou porque te dou pena?
– Absolutamente – disse ele, olhando-a fixamente. Em seguida, caminhou até à janela e acrescentou, olhando para o exterior: – És consciente de que o teu pai vai ficar furioso?
Óbvio que era. E o seu receio era pôr em perigo a segurança da sua mãe.
Selene sentiu o impulso de lhe contar a verdade, mas guardou silêncio. Duvidava que Stefan quisesse que lhe falasse da sua vida. Portanto, optou por dizer:
– Terá de aprender que sou uma pessoa independente.
– Portanto, é um caso de rebelião adolescente tardia?
Selene optou por não o contradizer.
– Sei que não tens medo dele e que a simples menção do teu nome o enfurece.
Selene achou notar uma certa tensão nos ombros de Stefan.
– Alguma vez te contou porquê? – perguntou ele.
– Claro que não. O meu pai não fala de negócios com mulheres. Terá de se habituar à ideia – a dor que sentia no braço recordou-lhe até que ponto se enfureceria com ela. – Não pensei que isto pudesse prejudicar-te, mas se te incomodar...
– Absolutamente – disse Stefan. E, voltando para a sua secretária, fez uma chamada e deu instruções ao seu departamento legal para que se fizesse o necessário para proporcionar um empréstimo a Selene.
Ela observou-o sem poder acreditar no que ouvia. Ia ser assim tão simples? O nó que sentia há tanto tempo no estômago começou a afrouxar e a ansiedade transformou-se numa euforia que gostaria de lhe mostrar dando saltos de alegria.
Alheio ao impacto que a sua decisão tivera, Stefan desligou e disse:
– Já está. A minha única condição é que trabalhes com um dos nossos assessores para que te ajude a negociar com os fornecedores e a calcular o investimento necessário.
Stefan olhava-a através das pestanas compridas e Selene pensou mais uma vez em como era bonito. Além disso, as pessoas estavam enganadas. Não era o ser cruel e frio que retratavam, senão um ser humano capaz de compreender e ajudar os outros. Gostaria de lhe dar um abraço, mas temeu que não fosse profissional.
– Eu... Muito obrigada. Não te arrependerás – disse. E aproximou-se dele com a mão estendida.
Ele