Mac Brody estava deitado de bruços, os largos ombros a ocupar a cama quase toda. As costas dele subiam e desciam com um ritmo suave, a barba por fazer dava-lhe um aspeto de pirata, apesar das longas pestanas serem quase infantis.
Notou então uma cicatriz que ia do bíceps até ao cotovelo. Não a tinha visto na noite anterior... claro que então estava demasiado ocupada a viver a experiência mais erótica da sua vida.
Mac fora tão atento com ela, tão paciente. Sabendo quem era, jamais teria esperado que fosse tão generoso.
Juno inclinou-se um pouco para dar-lhe um beijo no rosto e Mac suspirou, mas não se moveu.
– Obrigada, Mac Brody – murmurou, sentindo os olhos embaciados.
Que estava a fazer? Não devia ser sentimental. Era apenas sexo, mais nada.
Não tinham trocado promessas, não havia qualquer compromisso entre eles. Durante quanto tempo recordaria o nome dela?, perguntou-se. Afinal de contas, um homem não fazia amor como ele a não ser que tivesse muita prática.
Sem fazer barulho, Juno saltou da cama. Fora o seu momento de Cinderela e aproveitara-o, mas não pretendia ficar a admirá-lo, como uma fã apaixonada por um ídolo.
Depois de vestir-se, pegou num papel e numa caneta de uma secretária antiga para escrever-lhe um bilhete, que deixou sobre a mesa de cabeceira.
Quando olhou pela última vez para o magnífico corpo de Mac Brody estendido sobre a cama, teve que engolir em seco.
Como podia parecer perigoso enquanto dormia?
Respirando fundo, Juno abriu a porta e saiu do quarto. Mas quando a porta se fechou, o ruído ecoou-lhe num recanto esquecido do coração.
Cinco horas depois, o telefone interrompeu uma estupenda fantasia erótica. Deixando escapar um grunhido, Mac estendeu a mão sem abrir os olhos e sem se aperceber de que um papel caía da mesa de cabeceira.
– Sim? – murmurou quando finalmente localizou o maldito aparelho.
– Porque é que tens o telemóvel desligado? E o que é que estás a fazer em França?
Mac suspirou ao reconhecer a voz do seu agente, Mickey Carver.
– Não é da tua conta.
– Não desligues, espera aí...
– Que queres? – Mac suspirou. Não valia a pena desligar porque Mickey ligaria para a receção do hotel e convencê-los-ia com uma história qualquer para que entrassem no quarto. – Diz-me o que queres... mas não fales muito alto, não estou sozinho.
Quando virou a cabeça pestanejou várias vezes ao ver que o outro lado da cama estava vazio.
Que estranho. Onde estava a protagonista das suas fantasias eróticas?
– Espera um momento, Mick. Posso ligar-te daqui a cinco minutos?
Mickey soltou um suspiro exagerado.
– Sim, claro. Mas faz-me um favor, da próxima vez que decidires envolver-te com alguém, avisa-me, está bem? Passei o dia todo a evitar telefonemas das revistas inglesas.
Mac levantou-se de um salto.
– Que disseste?
– As fotos saíram em todas as revistas inglesas.
– Que fotos?
– As fotos com essa rapariga inglesa... a beijá-la numa varanda.
A surpresa de Mac transformou-se em fúria.
Algum canalha fotografara-os durante o banquete e aquele beijo privado e incrivelmente sexy fora servido de bandeja aos leitores...
– Raios!
– Foram tiradas de longe, mas é evidente que és tu. Agora temos que inventar uma história.
Mac odiava aqueles parasitas. Por que razão não o deixavam em paz?
– Será boa publicidade para a estreia europeia de Jogo Fatal – prosseguiu Mickey. – Especialmente porque a mulher é britânica. Ouve, não estará contigo, pois não?
– Não, não está – respondeu ele. – E já te disse muitas vezes: a minha vida sexual não é assunto de ninguém. E se contares alguma coisa a alguém, estás despedido.
– Muito bem, Mac. Que queres que diga então?
– Nada, não digas nada. Diz-lhes que não pretendo fazer comentários.
Mickey clareou a garganta.
– Receio que isso não seja possível.
– Porquê?
– Porque sabem a identidade da rapariga.
– Eu trato dela, não te preocupes.
Juno não sabia o que ia ter que enfrentar e, apesar de ele nunca ter sido um cavaleiro andante, teria que protegê-la. Mas então lembrou-se de algo...
– Mick, a propósito, como é que ela se chama?
– Passaste a noite com ela e não sabes o seu nome?
– Sei que se chama Juno. E mete-te na tua vida.
– Juno Delamare. Trabalha numa loja de roupa em Portobello que se chama Funky Fashionista e...
Mac desligou o telefone porque já sabia tudo o que tinha que saber.
Que horas seriam?, perguntou-se, saltando da cama. Pela posição do sol, devia ser quase meio dia. Após o turbilhão emocional do dia anterior, para não falar do sexo, dormira como uma pedra.
Fazia sentido que Juno se tivesse ido embora. Certamente teria acordado horas antes e teria descido para tomar o pequeno almoço, por isso ia tomar um duche rápido e iria procurá-la para dizer-lhe como deviam lidar com a imprensa.
Para já, ela não poderia afastar-se. Teria que passar algumas semanas em Los Angeles com ele, onde estaria a salvo dos paparazzi.
E depois da noite anterior, pensou com um sorriso, isso não seria um problema para eles.
Mas a caminho da casa de banho, pisou um papel que devia ter atirado ao chão enquanto tentava encontrar o telefone às cegas... e viu o seu nome escrito nele.
Inclinou-se, franzindo o sobrolho, e o coração dele disparou ao ler as três linhas:
Querido Mac:
Obrigada por uma noite memorável. Espero que sejas feliz.
Juno
Mac voltou a ler o bilhete, atónito. Não tinha descido para tomar o pequeno almoço, abandonara-o.
Furioso, amarrotou o papel. Que queria dizer com aquilo de «uma noite memorável»? E quem pensava que ele era, uma criança que podia abandonar quando quisesse?
E aquela piadinha de «espero que sejas feliz»...
Aparentemente, decidira que não iam voltar a ver-se. Que direito tinha de tomar decisões daquelas sem consultá-lo? E de sair a correr como um coelho assustado, sem lhe dar uma oportunidade.
Nem pensar. Nenhuma mulher abandonava Mac Brody, especialmente uma mulher que ele pretendia ver novamente.
Furioso, meteu-se no duche e apertou os dentes quando a água fria o atingiu como uma bofetada.
– Espero que sejas feliz... uma ova – murmurou.
Capítulo Oito
Juno esperou que a tagarelice de Daisy e a serenidade de Connor acalmassem enquanto a limusina os levava a Portobello a partir do aeroporto.
Por que razão se sentia tão inquieta?
Desde que chegara ao castelo naquela manhã que se sentia incómoda e confusa. E não ajudava nada sentir aquele ardor em lugares incomuns ou