toda.
Por que motivo fora ao casamento?
No dia anterior fora à festa de fim de filmagem do seu último filme, em Londres, e a coprotagonista, Imelda Jackson, fizera-lhe uma oferta que não deveria ter recusado. Mas disse-lhe que não.
E não tinha a menor dúvida: a culpada era a invisível senhorita Juno.
Parecia tê-lo enfeitiçado, levando-o ali contra sua vontade com o seu canto de sereia. Desde que a tinha beijado no aeroporto de Heathrow que não conseguia parar de pensar nela. E, quando acordou de manhã, depois de um erótico sonho em que ela era a estrela principal, apercebeu-se de que estava na hora de entrar em ação.
Ele não era obcecado por sexo e nunca deixava as mulheres invadirem-lhe os sonhos, pelo que, depois de um duche frio, cancelou o voo de regresso a Los Angeles e reservou um voo para Nice.
Mas quando chegou à capela, apercebeu-se de que tinha cometido um erro. Ver o irmão de novo fora como receber um soco no peito e, como se isso não fosse suficiente, ali estava Juno, com a sua esbelta figura envolvida num vestido que parecia acariciar-lhe as curvas como a mão de um amante.
Bastou um olhar sobre aqueles seus maravilhosos olhos que não eram nem verdes nem azuis para perceber que lidar com Connor não iria ser o maior dos seus problemas.
O problema era Juno ter desaparecido.
Depois de várias horas a conversar com pessoas que não conhecia, a dar voltas pelo castelo como um tonto à procura de alguém que desaparecera e a evitar o irmão e a sua radiante esposa, Mac começava a ficar chateado com ela e consigo mesmo.
Deveria ir-se embora, mas não era capaz de fazê-lo. Não poderia afastar-se de Juno sem pelo menos falar com ela. Não sabia o que ela lhe tinha feito duas semanas antes no aeroporto, mas precisava de resolver a coisa naquela mesma noite porque não ia passar nem mais um minuto a pensar nela... especialmente depois de a ter visto com aquele vestido.
Após deixar o copo na bandeja de um empregado que passava por ele, olhou de novo em volta. Sendo a dama de honor não se podia ter ido embora, portanto estava a evitá-lo. E essa era uma experiência nova para ele.
Uma coisa era certa: quando lhe pusesse as mãos em cima não a deixaria escapar.
Mac viu algo dourado pelo canto do olho e quando virou a cabeça encontrou uns caracóis loiros...
Ali estava.
Sem reparar nas pessoas que o seguiam com o olhar, Mac dirigiu-se para a sua presa.
– Juno, ainda bem que te encontro – Daisy afastou-lhe uma madeixa de cabelo do rosto, rindo. – Onde é que está o Mac? O Connor teme que se tenha ido embora sem dizer adeus.
– Por que motivo faria isso? – perguntou ela, tentando disfarçar.
Esquivara-se dele horas antes e não estava muito orgulhosa de si mesma. Mas quando olhou para ela daquela forma, como se pudesse ver por baixo do vestido, ela entrou em pânico.
Não estivera a evitá-lo... bom, não totalmente.
O plano fora trocar de sapatos e procurá-lo depois. Afinal de contas, Daisy pedira-lhe que lhe fizesse companhia e, além do mais, aquele olhar fora certamente imaginação dela. Mas quando voltou do quarto, Mac estava rodeado por um grupo de adolescentes e depois disso viu-o a falar com Joannie, uma amiga de Daisy que pertencia a uma das famílias mais ricas de Londres. Por isso ficou a conversar com a senhora Valdermeyer e com um artista de Nova Iorque, Monroe Latimer, sobre arte moderna.
Mac nunca estava sozinho, pelo que não tinha motivos para se sentir culpada.
– Eu acho que o pobre não estava preparado para isto – continuou Daisy. – Além do mais, é evidente que veio só para voltar a ver-te.
– A mim? Porque é que dizes isso?
– Por favor... Olhou para ti de tal forma que poderia ter incendiado meia Londres.
– A sério? – murmurou Juno.
E depois apercebeu-se de que parecia uma tonta. O que se estava a passar com ela? Não queria que Mac Brody olhasse para ela de todo.
– Pois claro que sim. E isso significa o que eu suspeitava: que não me contaste tudo o que aconteceu no aeroporto.
– Não sejas tonta. Não aconteceu nada.
Não deveria ter-lhe contado sobre o beijo. A sua romântica amiga estava a imaginar coisas que não existiam e começava a contagiá-la.
– Podes conseguir enganar-te a ti mesma sobre o beijo, mas a verdade é que ele está aqui agora e parece muito interessado. Porque é que te escondes dele?
– Não me estou a esconder – defendeu-se Juno.
– E se não te estás a esconder porque é que não vais conversar um pouco com ele? Se soubesses o que a Joannie Marceau diz do Mac, saberias que tens concorrência.
Quanto champanhe bebera Daisy?, perguntou-se ela.
– Não tenciono ir falar com ele. Não está interessado, por isso procurá-lo seria...
O que seria exatamente?
Louco, aterrador, emocionante, eletrizante?
Juno franziu o sobrolho. Quantas taças de champanhe bebera ela?
– Às vezes temos que fazer as coisas sem pensar tanto – continuou Daisy. – Mas garanto-te uma coisa: se o Mac for como o Connor na cama, não te vais arrepender.
Juno sentiu o rosto prestes a explodir.
– Fala baixo, estão aqui crianças – repreendeu-a o marido, que acabava de se aproximar com Ronan ao colo.
Daisy soltou uma gargalhada.
– Olá, querido. Não sabia que estavas a ouvir.
– E é demasiado tarde para voltares atrás – Connor sorriu, envolvendo-lhe a cintura com o braço livre. – Prometeste amar-me, honrar-me e cuidar de mim durante o resto da tua vida, meu anjo. É oficial.
Juno aclarou a garganta, sentindo-se desconfortável. Connor e Daisy namoriscavam à frente dela constantemente e isso nunca a incomodara. Além do mais, aquele era o dia do casamento deles.
– Não olhes, mas ele está a vir para aqui – murmurou Daisy.
Juno sabia a quem se referia porque conseguia sentir o calor do olhar de Mac Brody na nuca.
Ficou sem respiração quando se virou e viu que ele se aproximava. Um metro e oitenta e oito de homem, os olhos azuis cravados nela com a intensidade de um míssil. E a pulsação dela acelerou em segundos. Não só parecia perigoso, como parecia selvagem e a fazia sentir-se como uma presa assustada.
Por que motivo olhava assim para ela? E porque motivo ela se sentia como se estivesse prestes a entrar em combustão espontânea?
– Olá.
– Apresento-te o teu sobrinho, Ronan – disse Connor, acariciando a cabeça da criança, que dormia sobre o ombro dele. – Ronan Cormac Brody.
– Ronan, eh? – murmurou Mac por fim. – É um bebé muito bonito.
– Sim, é verdade – assentiu o irmão.
A resignação no seu tom entristeceu Juno. Por que razão Mac se mostraria tão reservado? Não se apercebia que lhe tinham dado o nome dele?
– E está exausto, devíamos ir deitá-lo. Mas estamos muito felizes por teres vindo, Mac. Teríamos gostado de estar mais tempo contigo, mas percebemos que não te sintas à vontade.
Juno esperou que Mac o negasse. Teria estado a evitar Daisy e Connor a noite toda? Porquê?
Mas Mac não o negou. Aliás, não ofereceu explicação alguma.
Daisy apertou-lhe a mão, tão conciliadora como sempre.
–