das chegadas, devia estar pronta e em plena posse das suas faculdades mentais para lhe entregar o convite para o casamento de Daisy Dean, a sua melhor amiga, e assegurar-se de que ele iria.
Daisy ia casar-se com o milionário construtor Connor Brody dentro de duas semanas e ela decidira juntar os dois irmãos, que não se viam há anos. Logo, a sua missão era garantir que Mac Brody fosse ao casamento, quisesse ou não.
Como ia fazê-lo não sabia, mas estava disposta a tentar. Daisy tinha-a ajudado a pôr a sua vida em ordem, seis anos antes, quando pensou que já nada nem ninguém lhe importava. E estava em dívida para com ela.
Infelizmente, não tinha pensado na logística e naquele momento, prestes a vê-lo aparecer pela porta de chegadas no imponente terminal de Heathrow, a logística começava a perturbá-la.
E se fracassasse? E se Mac Brody viajasse com um exército de guarda-costas e não conseguisse aproximar-se dele? E se recusasse aceitar o convite? E o golpe de misericórdia: quando fora a última vez que se aproximara de um estranho para tentar convencê-lo do que quer que fosse? A sua capacidade de persuasão não era propriamente lendária com os homens.
Não tinha jeito para seduzir, não era bonita o suficiente nem tinha roupa para isso. O que significava que teria que apelar à natureza generosa de Mac Brody, supondo que a tivesse.
Não o conhecia e nunca tinha visto um filme com ele, mas ela estava na casa de Daisy duas semanas antes, quando chegou a carta... e isso dissera-lhe tudo o que precisava de saber sobre a personalidade de Mac Brody, superestrela de Hollywood e rapaz rebelde irlandês.
Era muito bonito, sim... para quem gostava de homens altos, morenos e de aspeto perigoso. Mas sob toda aquela virilidade havia um tipo arrogante, superficial e egocêntrico.
Juno irritou-se ao recordar o tom grosseiro da carta.
Daisy estava tão emocionada, tão certa de que seriam boas notícias, mas dentro do envelope estava o convite para o casamento que lhe tinham enviado, com um recado do seu agente dizendo que o senhor Cormac Brody não iria ao casamento do irmão e pedindo-lhes, além disso, que não voltassem a entrar em contacto com ele.
O recado fizera Daisy chorar e a sua amiga nunca chorava. Connor passara-lhe um braço pelos ombros, dizendo que não ficasse triste, que Mac tinha o direito de tomar as suas próprias decisões e não podiam pressioná-lo. Mas Juno percebera a dor que ele tentava dissimular.
Que direito tinha Cormac Brody de magoar o irmão? E nem sequer tivera a coragem de escrever ele próprio a mensagem!
Juno abriu caminho por entre as pessoas e apoiou os braços na barreira. Ignorando o louco bater do seu coração, analisou os passageiros que iam saindo. Tinha que dissimular a sua hostilidade contra Brody se quisesse convencê-lo a ir ao casamento, mas acontecesse o que acontecesse, não ia dar-lhe a satisfação de mostrar-se nervosa só porque ele era uma estrela de Hollywood. E também não ia suplicar-lhe.
Observou então um tipo muito alto. Ao contrário dos restantes viajantes, a roupa daquele homem era informal até ao ponto de ser foleira: umas velhas calças de ganga de cintura descaída, uma velhíssima e descolorida t-shirt dos Dodgers que deixava a nu os seus bíceps e um boné que praticamente ocultava todo o rosto.
Juno conseguiu também ver a sombra da barba e o escuro cabelo ondulado que lhe chegava quase até aos ombros...
Seria Brody? Se era ele, não era o que esperava de todo. Com a cabeça baixa, aquele homem parecia querer passar despercebido.
E estava a resultar, porque ninguém se tinha dado conta de quem era.
Juno abriu caminho entre as pessoas, com o coração a bater descompassado.
Com o olhar no chão, Mac Brody tentava esquecer o ruído do terminal enquanto girava os ombros para controlar a tensão e a fadiga da viagem.
Nunca gostara de aeroportos e Heathrow trazia-lhe más recordações. Da última vez que tinha estado ali, três anos antes, os paparazzi tinham-lhe armado uma emboscada. Isso a menos de uma semana após o fim da sua relação com a top model Regina St. Clair e dois dias depois de Gina vender a história à imprensa, contando que era viciado em cocaína e que dormia com uma mulher diferente cada noite.
As fantasias de Gina podiam ter graça, não fosse muita gente ter acreditado. Desde então, era perseguido por essa reputação de «mau rapaz», algo que o punha fora de si, pois não era verdade.
Gina vingara-se dele contando essas mentiras porque se sentia traída e Mac aprendera a lição. A partir de então, cada vez que saía com uma rapariga deixava bem claro desde o princípio que não queria uma relação séria.
Mac observou o mostrador das chegadas e ao ver que não havia fotógrafos soltou um suspiro de alívio. Podia suportar os paparazzi quando não havia outro remédio, mas depois de um voo de onze horas estava exausto. Felizmente para ele, tinha aprendido a misturar-se com as pessoas sem chamar a atenção e não costumavam reconhecê-lo a não ser que ele quisesse ser reconhecido.
Mas quando se dirigia para a porta do terminal, uma rapariga saiu de trás de uma coluna e interpôs-se no seu caminho.
– Você é Cormac Brody? – perguntou-lhe.
– Baixe a voz – disse ele, olhando em volta.
– Lamento incomodá-lo, mas tenho que falar consigo. É muito importante.
– Muito importante, hein?
Tinha ouvido aquilo muitas vezes, mas quando estava prestes a dizer-lhe que não tinha tempo, olhou-a nos olhos e, por algum motivo, não recusou.
Fosse quem fosse aquela rapariga, era uma beleza.
As calças de ganga e a camisa deveriam dar-lhe um ar de rapazote, mas ficavam-lhe muito bem, acentuando uma cintura estreita e uns seios pequenos mas empinados.
E depois, havia o impacto daquela carinha oval e daqueles olhos...
Nem verdes nem azuis, mas algures entre as duas cores, transparentes e enormes. Foram os seus olhos que mais lhe chamaram a atenção. E se acrescentasse o cabelo loiro escuro, a pele limpa e a estrutura óssea perfeita, tinha de admitir que o efeito era fabuloso.
Mas perguntou-se se seria uma fã. Esperava que não.
– O que é assim tão importante? Não tenho muito tempo, querida.
Ela fulminou-o com aqueles olhos que não eram verdes nem azuis e Mac teve que dissimular um sorriso.
– Não seja condescendente, senhor Brody.
– Agradecia-lhe muito que não dissesse o meu nome em voz alta. Não quero que ninguém repare em mim.
Bonita ou não, aquela rapariga começava a ser uma chata.
Mac olhou em volta para verificar que ninguém reparava neles e deparou-se com a pessoa que menos queria ver. Pete Danners, o seu maior inimigo, o paparazzo que o tinha perseguido como um rottweiler três anos antes.
– Maldição! – Mac atirou para o chão a mala de viagem para se ocultar atrás de uma coluna.
– Pode-se saber que...?
– Não se mexa – interrompeu-a ele. – Se esse homem me vê, esta viagem será uma catástrofe.
Juno ficou tão surpreendida que quase se esqueceu de respirar.
Que se estava a passar?
Um segundo antes, estava a olhar para os olhos azuis de Cormac Brody e a pensar que era muito mais bonito em pessoa do que nas fotos e, de repente, ele empurrava-a contra uma coluna. Estavam tão apertados um contra o outro que conseguia sentir a fivela do seu cinto a furar-lhe o estômago.
– O que está a fazer’
Não estava assim tão perto de um homem há uns seis anos e deveria começar a gritar. Mas, além da surpresa, sentia um calor pouco familiar, um formigueiro estranho.
–