— Você sabe que eu estaria perdida sem você e Aislinn. Saber que posso contar com vocês duas acaba com qualquer dúvida sobre minha decisão de ficar. Mas o que você quer dizer com as linhas ley e por que eu seria sensível a elas?
— Linhas ley são caminhos de magia concentrada. Aqui em Cottlehill Wilds várias diferentes convergem. Isso atrai sobrenaturais à nossa localização e é uma das razões pelas quais temos uma população significativa vivendo aqui. A outra razão é o portal. Suspeito que foi essa convergência que possibilitou que o portal fosse criado aqui.
— Reitero que estaria perdida sem você. Eu entendo o conceito que você está descrevendo, mas minha mente se recusa a acreditar nisso completamente.
Violet jogou os detritos afiados no lixo e eu limpei o líquido com algumas toalhas de papel. — Eu senti uma ligação com você desde que eu consigo me lembrar. Eu só queria que você soubesse sobre sua magia quando Trent decidiu que ele me deixaria pela sua secretária. Poderíamos ter lançado uma maldição de intestinos soltos como brincamos daquela vez. Isso teria espantando a vadia de vinte e poucos anos.
Eu gargalhei e enfiei meus pés nas sandálias que mantinha perto da porta dos fundos. — Agora, esse é um tipo de magia que eu apoio. Por que os homens fazem isso quando chegam aos 40? Como se isso os fizessem ficar mais jovens? Ele terá que trabalhar duas vezes mais para manter a ninfeta. Aquele idiota. Você merece muito melhor.
Violet bufou e me seguiu para fora de casa. — De seus lábios aos ouvidos dos Deuses. Agora, vamos ver o que podemos aprender aqui fora. Você tem alguma ideia de onde o ping vem?
Pensei nisso enquanto o ar da noite nos cercava. O cheiro de beladona e jasmim dominava o jardim. Eu realmente precisava fazer alguma pesquisa para descobrir o que eu tinha lá fora, e como fazer poções. Talvez eu pudesse encontrar o ex da Violet e dar-lhe algo para lhe dar dor de barriga.
— Eu não tenho ideia. Acontece de forma intermitente e nos momentos mais estranhos. Como eu disse, primeiro pensei que tinha a ver com a casa porque começou logo depois que eu informei Pymm's Pondside que eu ficaria aqui.
Violet levantou a mão e murmurou: — Revelare. — Eu não tenho ideia de que língua estrangeira ela estava falando, mas a energia pulsou pelo ar e minha pele começou a formigar em resposta. Um brilho azul bem claro escoou dos meus poros um segundo depois. Havia um brilho verde vindo do jardim e vários vindos do cemitério.
— O que você acabou de fazer? — Virei-me em círculo e observei a floresta e as plantas ao meu redor. O Bordo com a ninfa brilhava marrom e as flores espalhadas pelo jardim brilhavam também.
Eu me concentrei nas lápides me perguntando por que cada uma exibia uma cor diferente. Então havia a cripta. Praticamente todas as cores do arco-íris emanavam do prédio de pedra.
— Eu lancei um feitiço de revelação. Com a magia, tudo se resume à intenção e eu queria revelar qualquer coisa que sua avó possa ter escondido. Há muito mais coisas escondidas aqui, então não sei se isso vai nos ajudar. Violet acenou com os braços para abranger tudo.
— O que é isso? — Eu me movi pela folhagem antes que Violet respondesse. Havia um brilho negro que me puxava para frente. Não era nada ameaçador, mas era definitivamente uma escuridão que se parecia com o luto que carrego dentro de mim há muito tempo.
Os passos de Violet faziam barulho atrás de mim enquanto eu continuava. — Tudo isso aqui é sua terra. Sua avó acolheu vários seres perdidos e permitiu que vivessem em Pymm's Pondside, então você encontrará muitos aqui.
— Como posso conhecer todos os seres que vivem aqui comigo? É assustador não saber quem está por perto. — As árvores brilhavam aleatoriamente, assim como os buracos nos troncos e arbustos. A lua estava alta no céu, me indicando que já era tarde. Eu não saía de casa após as oito da noite há muito tempo. Era bom estar fora a esta hora da noite. Quase me fez sentir como se tivesse vinte anos novamente. Bem, se eu ignorasse o corpo dolorido, ondas de calor e fadiga.
Antes que Violet pudesse responder, parei abruptamente. Sebastian estava parado no meio da floresta com os braços cruzados sobre o peito. — O que você está fazendo aqui? Você mora na minha propriedade?
Um grunhido retumbou em seu peito. — Não. Você deixou Pymm's Pondside cerca de três metros para trás. Volte para sua casa.
Violet parou ao meu lado. — Olá para você também, Bas. Linda noite, não é?
— Por que você lançou um feitiço de revelação? Eu não queria que ela soubesse onde eu moro. — O olhar que ele lançou em minha direção foi o suficiente para me fazer estremecer, dobrar o rabo e querer fugir rastejando para casa.
— Eu não dou a mínima onde você mora. Só estou tentando entender meu papel. E não temos tempo para ficar aqui discutindo com você — informei e continuei andando. À distância, avistei uma bolha iridescente.
— Eu não estava discutindo com você, Guardiã. Mas você deve ir embora antes que se machuque. Você não sabe no que está se metendo.
Parei de andar e virei meus olhos semicerrados para o cara. — Eu saberia onde estou me metendo se você puxasse esse pedaço de pau enfiado na sua bunda e me oferecesse alguma ajuda.
Seu queixo caiu por um segundo antes que ele o fechasse. — Por que eu faria tal coisa? Se eu quisesse me envolver nessa merda, teria voltado para o Reino Feérico. E não ficado aqui perto de gentinha como você.
— Qual é o teu problema? — Eu praticamente gritei com ele. Violet saltou para frente e agarrou meu braço.
— Vamos continuar. Estarei aqui para pegar meu athame no final desta semana, Bas — gritou ela por cima do ombro enquanto me arrastava para longe.
— Esse cara é um idiota. Ele é capaz de gostar de alguém? Não, quer saber? Não me importo. O que é um athame? — Eu realmente queria saber por que Sebastian me odiava. Não que eu acreditasse que ele fosse muito legal com outros ou algo assim. Ele era mal-humorado da mesma forma quando falava com outros. Embora ele parecesse reservar o extremo da sua antipatia para mim.
— Um athame é uma lâmina cerimonial. É o principal instrumento ritualístico ou ferramenta mágica entre as bruxas. Nós os usamos em rituais de magia cerimonial. Sua avó deveria ter deixado um para você, mas se você não conseguir encontrar, Bas é aquele de quem você vai querer comprar outro.
— Sem ofensa, mas não vou comprar nada daquele homem, não importa o quão sexy ele seja.
Violet emitiu um som sufocado que terminou em um acesso de tosse. Ela olhou para trás por cima do ombro e acelerou o passo. — Bas é um Feérico com uma audição excepcional.
O sangue foi drenado da minha cabeça ao mesmo tempo que todo o meu corpo queimou. Recusei-me a ver se ele estava me observando. O que eu estava sentindo não era nada mais do que uma onda de calor. Pelo menos foi o que eu disse a mim mesma. — Você poderia ter me dito isso antes. De qualquer forma, não importa o quão atraente alguém seja se for um idiota. — Eu disse a última frase um pouco mais alto, esperando que ele ouvisse isso.
Violet balançou a cabeça e apontou para a nossa frente. — Chegamos ao limite da barreira da cidade. Ela oferece uma certa proteção para nós.
Eu levantei a mão em direção a barreira iridescente na nossa frente. Um zing passou por meus dedos quando a toquei. — Isso é como um feitiço de proteção ou algo assim?
Violet balançou a cabeça. — Na verdade não. É mais um aviso para a cidade. Quando um humano sem magia ou sangue Feérico passa por ela, ela envia um sinal para que aqueles de nós que se destacam possam se esconder antes de serem vistos. Também ajuda a esconder a existência do portal em nossa cidade. É por isso que não somos invadidos por Feéricos neste mundo.
Eu examinei a área ao nosso redor e deixei cair meu braço. Os penhascos estavam à nossa frente, com