Você não gosta dela, não é? Lucas, não me diga que você também quer namorar com ela! Você quer beijá-la e… — gritou ela, com uma voz estridente e delirante.
— Não, não quero! Estou apenas curioso. Não achei que Jane gostasse de mim — interrompeu Lucas.
Se essa é a questão, Roxy também é louca por você , Kira pensou em responder, mas um sentimento venenoso de ciúmes fechou seus lábios.
— Qual é o problema agora? — Lucas ficou imediatamente preocupado pois sabia o que aquela pequena boca em formato de coração podia esconder quando ficava ainda menor e mais fina.
— Nada.
— Você está zangada. — Lucas podia entender já que a conhecia muito bem.
— Não estou nem um pouco zangada!
— É por culpa de Jane? Acho que ela é legal, mas ela não é a garota certa para mim.
De todas as suas palavras, Kira só conseguiu ouvir “legal”.
— Então, você gosta dela!
— Apenas disse que ela é legal, não que gosto dela!
— Bem, então consiga sua próxima camisa do Super Mario dela! — explodiu Kira furiosa, sua mente estava confusa e ela saiu do quarto batendo a porta.
— Kira! — chamou Lucas, chateado. Kira nunca o deixou sozinho em todos aqueles anos que passaram juntos, então ele estava se sentindo profundamente culpado naquele momento, como se fosse responsável pela sua reação.
Kira não conseguia entender o próprio comportamento, mas se sentia sufocada enquanto seu peito doía.
Quando chegou ao seu quarto, ela começou a chorar.
Ela se jogou na cama, sentindo-se miserável e perdida por causa das suas emoções profundas.
Alguém bateu à porta logo depois.
Ela não respondeu, mas a porta se abriu mesmo assim.
Sua mãe estava lá.
— Você pode me dizer o que aconteceu, querida? Lucas estava chorando quando foi embora! Fazia muito tempo que eu não o via chorar… Kira, você também? Você está chorando! — Elizabeth ficou imediatamente preocupada, porque não estava acostumada a ver sua filha derramando lágrimas. Kira sempre foi muito zen e não muito emotiva, exceto diante de alguma injustiça.
— Não estou chorando! — soluçou ela, o rosto encharcado de lágrimas.
— Kira, querida, o que aconteceu com você? Você e Lucas brigaram?
— Não sei… eu… eu não sei o que se apoderou de mim. — Kira tentou explicar e continuou chorando. — Dei a ele a camiseta que compramos no mercado e então… ele disse que acha Jane legal e eu… eu…
— Você está com ciúmes de Jane? — sugeriu sua mãe, tentando conter um sorriso divertido diante do que parecia ser uma cena de ciúme. Ela vinha se perguntando no fundo do coração em que se tornaria aquela amizade muito particular entre Kira e Lucas, quando os dois saíssem da puberdade e entrassem na adolescência. O carinho de sua filha por ele aceitaria a presença de outra garota ao lado de Lucas? Algum dia ele seria capaz de se separar da sua melhor amiga?
Ela tinha ficado cada vez mais segura nos últimos anos que o vínculo entre essas duas crianças nunca poderia se desfazer e mais cedo ou mais tarde, ela os encontraria se agarrando atrás da cerca viva do jardim.
E agora, ao ver que sua filha tinha caído vítima do ciúme e estava sofrendo suas primeiras dores de amor, ela não pôde deixar de sorrir e sentir-se satisfeita com sua excelente intuição que nunca a desapontou.
— Não estou com ciúme! — resmungou Kira.
— Então, por que você está chorando? Me diga a verdade, você está se apaixonando por Lucas? — supôs Elizabeth, fingindo estar indiferente ao rubor evidente no rosto pálido da filha.
— Não, não estou! O que você está dizendo, mãe?
— Estou apenas dizendo que ficar tão zangada porque Lucas gosta de outra garota é muito estranho… Aliás, você cresceu e isso tinha que acontecer mais cedo ou mais tarde. Para ele ou para você… — provocou ela.
— Lucas é meu! — Kira ficou abatida e começou a chorar de novo. — Não vou compartilhá-lo com ninguém!
— Kira — sussurrou sua mãe, comovida e preocupada.
— Não quero perdê-lo! Eu o amo, mãe.
— Eu sei, querida — suspirou Elizabeth e abraçou a filha para confortá-la.
Elas continuaram se abraçando por muito tempo, até que a garota parou de chorar.
— Lucas estava realmente chorando? — perguntou Kira após um tempo.
— Sim, ele estava. Fazia muito tempo que eu não o via chorando — disse sua mãe com tristeza, fazendo com que a filha se sentisse terrivelmente culpada. — Você deveria se desculpar com ele.
— Sim, você está certa. Não queria fazê-lo chorar — murmurou ela, pois sentia-se muito envergonhada do seu comportamento.
— Que tal fazer biscoitos de banana com gotas de chocolate e levá-los para ele? — sugeriu sua mãe, tentando animá-la.
— Lucas adora esses biscoitos!
Enxugando a tristeza, Kira e sua mãe começaram a preparar uma grande assadeira cheia de biscoitos em forma de flor. Ao ficar ocupada fazendo os biscoitos perfeitos, Kira esqueceu a conversa com Lucas e apenas se concentrou em fazer as pazes com ele.
Os biscoitos estavam quase perfeitamente assados no forno uma hora depois e Kira estava realmente ansiosa para tirá-los e levá-los imediatamente para seu amigo. Ela mal conseguia esperar para limpar sua consciência, que estava pesando sobre ela.
— Que cheiro delicioso de biscoitos! — retumbou uma voz masculina atrás delas.
Elas se viraram de repente e viram a figura imponente e condecorada de Kenzo Yoshida.
— Papai! — gritou Kira, que estava no sétimo céu e correu para abraçar o pai. Ela não o via há quase um mês. Mesmo levando apenas uma hora de carro para chegar à base, Kenzo poderia voltar para a família apenas algumas vezes por mês ou até menos.
— Querido! — Elizabeth a seguiu, correndo para os braços do marido. — Por que você já está de volta? Você disse que não voltaria para casa antes de agosto.
— Estou de licença e tenho ótimas notícias para todos nós! — respondeu Kenzo sorrindo.
— Conte-nos tudo, por favor.
— Estamos voltando para Tóquio! — exclamou o pai de Kira.
— O que você quer dizer? — perguntou sua esposa intrigada.
— Você me entendeu, Ely. Eles me transferiram de novo, estão me mandando de volta para a embaixada americana em Tóquio. Kira, você está feliz? Você vai ver a vovó de novo. Tenho certeza que ela está ansiosa para abraçá-la novamente.
— Não quero voltar para o Japão! — explodiu sua filha assim que percebeu o que a notícia significava.
— Kenzo, eu tenho um emprego aqui e não acho…
— Ely, você não entendeu como as coisas estão. Isso não é negociável, são ordens de cima e você pode