Amy Blankenship

Chamas Escuras (Laços De Sangue Livro 6)


Скачать книгу

Ela merece uma segunda oportunidade." Insistiu, como se já tivessem participado numa discussão silenciosa sobre isso... e, de certa forma, tinham.

      Tiara sacudiu lentamente a cabeça, mas a sua expressão estava cheia de simpatia. A sua voz permaneceu calma e serena enquanto tentava explicar porque é que não podia reanimar a irmã, "Trazer alguém da morte é trazer de volta um zombie sem alma. Podem falar e mover-se, mas são vazios... pouco mais do que conchas onde as suas almas costumavam viver. O meu trabalho é libertar zombies dos seus criadores... e não criá-los eu própria.”

      "Não me dês essa treta", o Guy perdeu o frágil domínio que tinha da sua raiva. "A tua mãe podia controlar as almas e agora esse poder é teu, por isso diz à Carley para voltar para o corpo dela. Assim que ela o fizer, podes selá-la nela. Anda lá, só se passaram algumas horas. Ela ainda não está completamente fria.”

      "Queres ligá-la a um corpo em pior estado do que quando o deixou? Queres realmente isso para a tua irmã?” Tiara perguntou tristemente. "Não pensaste nisto completamente, Guy. Que tipo de vida seria isto, para ela?”

      O Guy estava subitamente à frente dela, agarrando-lhe o pulso e puxando-a para a frente, até estarem a apenas alguns centímetros de distância. Olhando para o rosto assustado da Tiara, rosnou, “Farei o que for preciso para trazê-la de volta. Tomei conta dela antes e posso tomar conta dela outra vez.”

      "Se não queres mais do que queimaduras solares, sugiro que a largues." A voz do Zachary estava perto e cheia de aviso.

      Zachary tinha-se mantido de fora, ouvindo a conversa entre a Tiara e o Guy. Ele sabia que o Guy estava a sofrer... Raios, todos sabiam o que a Carley significava para este homem enorme. No entanto, quando o Guy tinha agarrado a Tiara de uma forma quase violenta, o Zachary recusava-se a ficar para trás e deixá-lo manuseá-la. Era tão pequena e frágil comparada com ele. Parecia que podia partir-se.

      Os olhos do Guy estreitaram-se fixando a Tiara, sem prestar atenção à ameaça do Zachary. Em vez disso, continuou a olhar para os olhos brilhantes da Tiara, demasiado brilhantes para um humano normal. Mais uma vez, a ideia de forçá-la a fazer o que queria entrou no seu subconsciente. O que é que ele realmente tinha a perder... Já tinha perdido tudo pelo que vivia.

      "Ele não me está a magoar", a voz da Tiara estava calma, mas ela recusou-se a quebrar o contacto visual com Guy. Ele estava a magoá-la, mas o que mais doía era a ponta de loucura formando-se no olhar zangado do Guy. Não estava realmente zangado com ela... Ele estava a sentir a sensação de culpa normal dos sobreviventes. Na sua mente, devia ter sido ele a morrer em vez da Carley.

      "Guy, se me soltares, vou usar a minha necromancia para contactar a Carley. Aí, podes perguntar à tua irmã o que é que ela quer." A Tiara não lutou contra ele. Queria que ele confiasse nela.

      Zachary abanou a cabeça e deu um passo na direção deles. "Não acho que isso seja uma boa ideia." Afirmou sombriamente. Ele era um mestre a ler pessoas e apesar da Tiara estar a fazer um ótimo trabalho a escondê-lo, ele sabia que ela estava assustada. "Eu disse para a largares, Guy!"

      "Não estou a magoá-la", quase lhe gritou-lhe o Guy.

      Zachary rangeu os dentes e tentou manter o seu súbito temperamento fogoso sob controle. Ele sabia que Guy estava de luto e era obvio que aquele homem não estava a lidar muito bem com isso. Fosse como fosse, isso não queria dizer que ele fosse deixa-lo despejar isso na Tiara.

      Sem perceber que o estava a fazer, o ar em redor do Guy tornou-se vários graus mais quente. Guy soltou o pulso de Tiara e virou-se aceso para Zachary, quando começou a soar: "Não te metas nisto."

      “Oh, acho que e tarde de mais para isso,” Os lábios de Zachary sugeriam um sorriso perigoso.

      Não querendo ser a razão pela qual alguém se magoava, Tiara estendeu a mão e tocou no braço de Guy para chamar a sua atenção de volta para ela. "Vou chamar a alma da Carley... não o corpo dela", ela sussurrou “e poderás falar com ela.” Agora que ela tinha toda a sua atenção ela estendeu a mão, a pegou-lhe o rosto entre as palmas das mãos. "Mas primeiro, preciso de algo de ti."

      “Dou-te tudo o que quiseres,” disse Guy com desespero. “E quando estiver feito… se precisares de mim.” Ele colocou a mão sobre as de Tiara e baixou o rosto para elas, beijando-lhe suavemente a palma da mão, e caiu de joelhos para que não ficasse tão mais alto que ela. “Estarei sempre aqui para ti.”

      Zachary rosnou interiormente, sabendo exatamente o que o Guy estava a sugerir e ele não gostava do que isso implicava. Ele moveu seu olhar irritado para o rosto de Tiara, imaginando o que ela achava da ideia de trocar favores de necromancia por sexo.

      "Obrigada, Guy", seus lábios cheios curvaram-se com o indício dum sorriso suave. "Mas o que eu preciso é que deixes todo o amor que sentes pela tua irmã lavar encher-te, posso usa-lo para chamar a alma dela.”

      Mesmo de onde Zachary estava., ele podia ver os olhos de Guy a suavizarem-se e o seu rosto a relaxar, mas não conseguiu evitar de dar mais um passo à frente, quando Guy envolveu os braços em torno da cintura de Tiara e pressionou-se contra ela, enquanto fechava os olhos.

      Tiara respirou fundo e fechou também os olhos, sentindo o amor esmagador de um irmão pela sua irmã mais nova, com a maneira como ele se agarrava a ela tão fortemente. Ela podia até sentir as suas mãos a tremer de emoção. Era tão puro de coração que ela sentiu desejos de conhecer tal amor.

      Zachary observou maravilhado enquanto Tiara parecia tremeluzir e a semelhança de Carley fundiu-se com a sua. A alma de Carley estava agarrada à de Tiara, olhando confusamente para baixo, para o irmão. No espaço de segundos, A expressão desconfiada de Zachary transformou-se no que que só poderia ser descrito como gentil. “Guy,” Disse a Carley baixinho. Os olhos de Guy abriram-se rapidamente e ele levantou a cabeça para olhar para a irmã, de pé entre os seus braços.

      “Carley,” A voz de Guy tremeu, enquanto as lágrimas lhe chegavam aos olhos. “Porque é que fizeste aquilo? Devia ter sido eu.”

      Carley sorriu: "Era a minha vez de te proteger. Não me arrependo e não mudaria nada.”

      Guy sacudiu a cabeça em negação, “Eu não precisava de proteção… O que eu precisava era da minha irmã.” Ele apertou o abraço. “Prometo que não te vou deixar ir desta vez.”

      "Estavas sempre a cuidar de mim." Disse a Carley. “Mas olha para mim agora," Ela rodopiou, já que era realmente o corpo de Tiara que ele segurava... não o dela. “Eu posso andar outra vez. Se eu quiser... posso até voar.”

      "Podemos melhorar as coisas desta vez. Eu vou encontrar uma maneira de te fazer feliz.” Ele prometeu e preparou-se para ela dizer ‘não’.

      Carley suspirou suavemente e inclinou-se para lhe dar um beijo terno no rosto. “Estou feliz agora, Guy. A única coisa que peço é que encontres uma maneira de seres feliz... e pelo amor de Deus, arranja uma namorada!”

      Guy baixou a cabeça, absorvendo o máximo que podia da magia da terra. “A Tiara pode trazer-te de volta, Carley. Não queres isso tanto como eu.?”

      Carley estendeu a mão e despenteou-lhe o cabelo, como ele costumava fazer com ela. “Desculpa, Guy, mas não... Por favor, não me tires isto.”

      Os olhos do Guy abriram-se cheios de culpa e ele virou o olhar embaciado em lágrimas para a irmã, “Há uma maneira de nós dois conseguirmos o que queremos."

      Enquanto os lábios da irmã se separavam em confusão, Guy embateu com a palma da mão, com força, contra ela e o peito de Tiara, sussurrando rapidamente as palavras do encantamento que ele tinha memorizado há menos de uma hora. A explosão de poder atirou a Tiara para trás, deixando para trás uma sombra momentânea de si mesma antes que de se transformar numa imagem de Carley, ainda de pé à frente dele.

      “O que é que tu fizeste?” Murmurou a Carley.

      Guy pestanejou, agora que ela estava estabilizada sem a conexão com a Tiara. Ela não lhe tinha dado outra opção e ele recusava-se a perde-la