Aldivan Teixeira Torres

O Encontro Entre Dois Mundos


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é um prazer revê-la. Sua ajuda foi fundamental para que eu começasse meu projeto na literatura e já estou no terceiro livro. Agradeço por tudo. Sim, é verdade, estou cheio de dúvidas em relação ao meu passado, presente e o meu futuro incerto apesar de todas as promessas que recebi dos espíritos superiores. Preciso de um caminho. Preciso evoluir mais. O que devo fazer?

      —Olhando para você me lembro de um jovem com as mesmas dificuldades e com os mesmos anseios. Trata-se dum antepassado seu chamado Vitor, o vidente. Ele superou suas dificuldades, estudou a magia e desenvolveu seus dons fazendo com que o mesmo fosse vencedor em tudo. A sua família é de uma linhagem espiritual desenvolvida capaz mesmo até de realizar milagres.

      —Eu já ouvi falar do Vitor. Alguns dos seus feitos chegaram até minha geração. Só não sei tenho tanto potencial ou coragem como ele. Diga-me guardiã, tenho possibilidades?

      —E você me pergunta uma coisa dessas? Você de apenas um simples sonhador, já venceu desafios, enfrentou a gruta mais perigosa do mundo, entendeu e encontrou as respostas para sua noite escura da alma e ainda tem dúvidas? Confie mais em si e continue seu caminho. O que posso te dizer que seu potencial é muito bom e como vidente pode realizar milagres no tempo e no espaço.

      —Obrigado pelo elogio. O que devo fazer então?

      —Você deve ser treinado por uma pessoa especial que domina os seis primeiros dons do espírito santo. Esta pessoa se chama Angel e tem cento e treze anos. Ele conviveu quando jovem com Vítor e foi muito especial em sua vida. A fim de encontrá-lo você deve se dirigir ao sítio fundão, zona rural de Pesqueira, neste mesmo município. Ele mora numa casinha simples de sapê, neste referido sítio. Chegando lá, você começará a entender melhor seu caso e no fim de tudo poderá se desenvolver e desenrolar o véu do tempo solucionando seus problemas.

      —Entendi. Já ouvi falar do sítio fundão e sei onde fica. É próximo daqui. Quando devo ir?

      —Imediatamente. Vá fazer suas malas e quando estiver pronto, despeça-se de sua família. Mas antes disso, tenho uma surpresa.

      A guardiã assobiou e numa questão de segundos ouvi um barulho de passos, uma batida na porta do meu quarto e ao abrir, deparei-me com meu companheiro de duas aventuras atrás, O Renato, segurando uma mala. O observei de cima a baixo e notei como estava crescido, másculo e bonito o até então pequeno garoto quando o conheci em 2010. Sem pensar, dei-lhe também um grande abraço. Lágrimas insistentes escorreram em nossos rostos pela emoção do momento. Quando nos separamos, perguntei-lhe o que significava tudo aquilo e ele me respondeu simplesmente que iria me ajudar mais uma vez. Agradeci a guardiã e a Renato pelo apoio. Pouco depois, ela se despediu e fui arranjar minha mala conforme recomendado. Nesta tarefa, obtenho ajuda do meu fiel escudeiro. Quando terminamos, me despedi dos meus familiares, saí da casa junto com Renato e caminhamos um tempo em direção ao ponto de lotação. Ao chegarmos lá, nos apresentamos e contratamos um motorista para nos levar até o sítio fundão. Ele se chama Geronimo e acertamos com o mesmo a ida. Começaria aí uma nova aventura em busca do conhecimento e do destino ainda incerto. Vamos junto, leitores!

      Subimos no automóvel, fechamos a porta e em questão de segundos ele parte. Como a viagem era até certo ponto longa começamos a conversar entre si a fim de nos distrairmos. Falamos um pouco de tudo transcrito em alguns trechos abaixo:

      —E como você passou, garoto, este período em que estávamos separados? Estudou muito? (O vidente)

      —Levei a vida na minha rotina normal: O trabalho com a guardiã e seus ensinamentos no intuito de te ajudar nas aventuras, o estudo diário na escola de Mimoso, as saídas com os amigos e as namoradas. Mas em todo tempo pensei em ti. Eu já estava com saudades das nossas peripécias. E você? (Indagou ele)

      —Eu também cumpri minha rotina que inclui trabalho no setor público, os contatos sociais, a evolução espiritual, novos aprendizados da vida, conhecer novas pessoas, mas também já estava com saudades da minha vida de escritor, de vidente. Obrigado pelo interesse e sua ajuda. Sem você não teria conseguido muita coisa. Já em relação ás namoradas, você não é muito jovem para pensar nisso? Não concorda, Geronimo? (Divinha)

      —Tem toda razão, seu vidente. Meninos devem brincar de bola em vez de ficarem se esfregando nas meninas. É muita responsabilidade para quem não tem a mente bem formada. Pode acontecer algum acidente. (Observou Geronimo)

      —Deixem de ser caretas, não sou tão menino assim e posso provar. Já tenho barba, pelos nas axilas e em alguns outros lugares que o pudor não me permite mencionar. Além do mais, não é nada sério, só são alguns esfregões. (Protestou Renato)

      —Está bem. Vou fingir que acredito. Como se eu não te conhecesse,menino. Mas, mudando de assunto, vocês viram no noticiário em que precariedade está nossa saúde? Filas e mais filas nos hospitais públicos e pessoas precisando de atendimento urgente na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) dos hospitais e não tem vaga? O que vocês me dizem? (O filho de Deus)

      —Eu vi sim, seu vidente, e é uma vergonha para nosso país e nossos governantes. Todos os atendimentos estão devendo, mas parece que o povo está mais consciente e protesta a todo o momento. Precisamos valer nossos direitos porque pagamos impostos, trabalhamos quatro meses para ter serviços públicos de qualidade e não temos. Esta realidade não é só da saúde, temos problemas latentes na educação, transportes, saneamento, indústria, etc. Acredito que só a sociedade pode mudar esta realidade e uma saída para isto é protestando pacificamente, elegendo dirigentes mais justos e dignos e fazendo sua parte ajudando o próximo sem pensar em receber alguma coisa em troca. (Geronimo)

      —Mas muita coisa já melhorou. Sou jovem, mas me disseram que o Brasil tinha uma inflação galopante e que na década de noventa criaram um plano econômico que freou este processo. Tudo a partir daí melhorou. Com a estabilidade nos preços, a economia cresceu, houve geração de emprego e renda e já estamos entre os países emergentes. Mas concordo que temos muito a melhorar na qualidade de vida de nossa população que merece muito pois é um povo muito esforçado e cheio de sonhos. Ser um brasileiro para mim é um orgulho. Ainda seremos o número um do mundo em todos os sentidos. (Renato)

      —Tomara, Renato e que nosso futebol ganhe a copa e tenha uma boa participação nas olimpíadas para alegrar nossa população sofrida. (O vidente)

      —E que meu time ganhe o campeonato brasileiro. (Completou Geronimo)

      —Qual o seu time? (Indagou Renato)

      —Segredinho. Não quero desagradar meus mais novos amigos. (Geronimo)

      —Eu torço por Pernambuco. É meu estado e por ele batalharei. Em especial farei isso através da literatura. Quero que todos tenham orgulho de mim. (O vidente)

      —Você escreve? Interessante. Sobre o que você escreve? Como surgiu este dom? (Indaga Geronimo)

      —Sim, escrevo. Minha história começou em 2010 quando num impulso viajei a uma montanha que prometia ser sagrada em busca de encontrar meu destino. Escalei sua íngreme trilha e, ao chegar no seu topo, tive um encontro que mudou a minha vida. Conheci a guardiã, um ser ancestral detentor de muitos mistérios que me orientou e me ajudou a realizar desafios dificílimos culminando em minha aprovação nas etapas. Então tive a permissão de chegar ao meu objetivo: Enfrentar a gruta do desespero, um local em que me poderia tornar um escritor ou qualquer outro sonho que tivesse. Mesmo tomado pelo medo pois o fracasso me custaria a vida, entrei, driblei armadilhas, avancei cenários e em dado momento cheguei à câmara secreta. Ao entrar na mesma, desenvolvi parcialmente meus dons e me transformei no vidente, um ser superdotado. Com meus novos poderes, pude realizar minha primeira viagem no tempo e em trinta dias vivi em Mimoso junto com meu fiel parceiro Renato aventuras incríveis. No final, reuni as forças opostas, resolvi conflitos e injustiças e ajudei alguém a se encontrar. Tudo o que vivi foi documentado no meu primeiro livro que publiquei em 2011 nomeado “Forças opostas”. Depois desta primeira vitória, passei um tempo me dedicando a