Aldivan Teixeira Torres

O Encontro Entre Dois Mundos


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em palavras a grandeza do mesmo. Posso dizer apenas que vim uma grande claridade e dela saíam raios de luz que envolviam meu ser numa completa comunhão, como se fôssemos um só, interligados completamente. Senti um misto de paz,libertação,amor e felicidades juntas nunca antes experimentada por um mortal. Depois da experiência com Deus e meu pai, meu espírito novamente se afastou e aproximou-se do plano espiritual mais próximo da terra, a cidade dos homens. Fui bem recebido, e eles moram em cidades espirituais semelhantes a nossas. Nesta ocasião, pude ver muitos irmãos mas não pude me aproximar deles por conta do meu desenvolvimento. Mas, pelo pouco que vi , eles são como nós, espíritos intermediários, muito amados por Deus e que tem as mesmas necessidades de que quando estavam vivos seja em relação ao alimento, ao amor ,ao sexo ,com sentimentos e que devem sempre ser respeitados. Foi permitido que algum deles me acompanhassem a fim de me proteger dos meus inimigos e me dar conselhos quando fosse mais necessário.Depois dum breve momento, saí do plano espiritual, viajei velozmente no caminho e ,quando cheguei ao plano terra , me concentrei em mim mesmo. Repentinamente, fui envolvido por uma fumaça branca e que fez meu corpo espiritual ganhar velocidade, entrar num túnel que me faz passar pelo passado, presente e futuro, mas sem visualizá-lo. Quando ia chegando ao final do túnel, senti um toque muito forte. No mesmo instante, despertei com um cansaço enorme depois de viver tantas experiências espirituais intensas. Ao meu lado, estava Angel, com um sorriso no rosto.

      —E aí? Sonhou com os anjos? (Angel)

      —Acabo de ter um sonho estranho, uma viagem astral sem limites. Fui ao inferno, ao céu, à cidade dos homens e passei por toda a minha história. Mas ainda não entendi o porquê de tudo isso. (Divinha)

      —É normal. Você testou alguns de seus limites e quando se desenvolver completamente terá acesso total a estes lugares. O conhecimento o fará único na terra. Mas não se precipite nem tire conclusões agora. Deixe o destino se mostrar por completo. (Aconselhou Angel)

      —Entendi. Qual o primeiro passo? (Aldivan)

      —Levante-se e vamos passear no sítio. Quero mostrar um pouco do meu mundo e do seu antepassado, Vítor.Talvez isto desperte um pouco sua sensibilidade. (O ancião)

      —Tudo bem. (O vidente)

      Levantei-me da cama, nos aproximamos de Renato, o despertamos e ele saiu da rede.Juntos,nós três nos encaminhamos a saída, com Angel servindo de guia. O que nos esperava? Conseguiríamos nos desenvolver completamente? Continue acompanhando, leitor.

      Ao sairmos da casinha de sapê, Angel escolheu uma trilha em direção ao norte e o acompanhamos sem replicar. Caminhamos lentamente o que nos faz ter a oportunidade dum contato com a natureza e clima sertanejos. Achamos tudo maravilhoso, diferente e desconhecido. Enquanto caminhamos, Angel quebra o silencio e começa a contar um pouco da sua história:

      —Renato e Aldivan, há cento e treze anos exatamente vivo. Boa parte deste período aqui neste sítio e para mim este é o melhor local do mundo. Foi aqui que obtive conhecimento sobre a natureza, Deus e as pessoas. Amei, sofri, chorei como qualquer pessoa normal e o conselho que dou é que se entregue as experiências sem medo. É melhor arrepender-se do que fez do que nunca ter feito. Em suma, fui feliz e quando eu morrer estarei satisfeito.

      —Que interessante. Também vivi muitas experiências apesar de ter menos de um terço de sua idade. Estou em busca do meu caminho e quero cumprir mais esta aventura. Já reuni as” forças opostas”, entendi a complexa “Noite escura da alma” e agora estou em busca de desenvolver meus dons. Mas tenho que confessar que ainda não aproveitei a vida como deveria por causa dos meus próprios preconceitos. (Eu,o vidente)

      —Tenho catorze anos e minha experiência resume-se a convivência numa família complicada onde meu pai me obrigava a trabalhar continuamente e não podia nem sequer estudar. Depois de tanto sofrer, resolvi fugir e a guardiã me adotou. Pude então estudar e brincar como qualquer criança normal e fui escolhido para ajudar um jovem sonhador em seu objetivo de conquistar o mundo. Agora, aqui estou junto dele em uma nova aventura. (Renato)

      —Muito bem. Vocês fazem uma dupla perfeita. Eu também tinha um companheiro quando jovem e desbravamos os sertões em busca de justiça, paz, desenvolvimento espiritual em uma sociedade cheia de preconceitos. Não conseguimos conquistar tudo porque aqueles tempos eram difíceis. Mas confesso que fui feliz mesmo assim.(Angel)

      —Que bom. Espero também ser feliz e me realizar profissionalmente. Renato, obrigado pelo apoio. (Eu, o vidente)

      —De nada. Faço apenas minha obrigação. (Renato)

      A conversa instantaneamente para, o silêncio reina e continuamos a caminhar. Dobramos a direita, a esquerda em vários lugares e em dado momento chegamos a uma árvore frondosa e gigantesca. Angel para e pede que façamos o mesmo. Ele se abraça na mesma mas não consegue abarcá-la. Fica emocionado, chora, ri, enfim vive uma explosão de sentimentos em questão de segundos. Depois, senta e nós o acompanhamos.

      —Sabe o que isto significa para mim? Representa um símbolo de amor, amizade e companheirismo. Por favor, abracem esta árvore de olhos fechados e sintam.

      Obedecemos ao mestre e no mesmo instante, sinto uma tonteira muito forte, o sangue ferve, o mundo gira, e parece que estou de frente com a pessoa amada. É muito forte o que sinto e esqueço todos os entraves, as culpas, os problemas e sinto que vale a pena mesmo amar mesmo que a outra pessoa não reconheça. Encho-me de coragem, grito o nome da pessoa e digo:Amo-te. Não preciso me preocupar com nada pois do meu lado estão pessoas da minha inteira confiança. Depois do êxtase, sento e choro um pouco. Renato, também senta e chora, mas ele nos conta sua experiência mais pura que guardamos em segredo a fim de preservá-lo.

      Conversamos mais um pouco, refletimos e combinamos de continuar o passeio. Seguimos agora em outra trilha rumo ao sul.O começo da nova caminhada é um pouco desgastante pois tínhamos vividos emoções intensas anteriormente mas não deixava de ser desafiadora e instigante. A cada passo dado, encontrávamos um novo mundo onde viveram nossos antepassados e criaram história e agora cabia a nós transformar o mundo. Pensando nisso, avançamos velozmente e paramos algumas vezes a fim de nos hidratar. Em dado instante, a trilha se abre e nos mostra uma extensa planície rochosa. Então, Angel nos convida a nos aproximar mais. Ele pede que sentemos, nós obedecemos e nos conta um pouco da história daquele lugar.

      —Este foi o local combinado de encontro entre o nosso grupo de justiceiros do sertão e os famosos cangaceiros do bando de Virgulino.Aqui nos reunimos e tratamos de nossa ação contra as elites daquela época. Bons tempos aqueles. Éramos considerados heróis pelo povo em geral. Contudo, na verdade, buscávamos apenas um pouco de igualdade e justiça.

      —Que lindo. Se tivéssemos ações parecidas com essa nos tempos atuais não teríamos tantos problemas e preconceitos em nossa sociedade. (Afirmei, o vidente)

      —Concordo, vidente. Mas nos últimos tempos vimos algumas ações exigindo mudança louváveis. (Complementou Renato)

      —Sim, é verdade. Os jovens de hoje não são diferentes dos de outrora. As situações é que mudaram. Muita coisa melhorou do meu tempo para cá, mas ainda há o que avançar. Está nas mãos de vocês: Querem agir ou serem apenas expectadores da vida? (Pergunta Angel)

      —Agir. Meu propósito em ser escritor é viver aventuras, evoluir espiritualmente, mostrar o caminho de Deus, desmistificar e ajudar a destruir preconceitos, ensinar e aprender. Já conquistei duas etapas e pretendo permanecer neste mesmo caminho. (Declarei, o vidente)

      —Meu objetivo é acompanhar e auxiliar o vidente, este ser batalhador, que lutou por mim um dia e que mostrou que os sonhos são possíveis. Quero ter momentos bons ao seu lado e curtir sua companhia por muito tempo. São poucos que tem este privilégio. (Renato)

      —Obrigado, Renato.Qual é o próximo passo, Mestre? (Aldivan)

      —Calma. Ainda estamos nos conhecendo. Continuemos o passeio. (Ponderou Angel)

      Dito isto,