January Bain

Magia, Caos & Assassinato


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sido difíceis, mas bem no fundo, mamãe nos amava. Ela vai voltar. Um dia. Quando as coisas estiverem melhores para ela, ela voltará. Ela prometeu. E se eu mantivesse minha promessa solene de cuidar das minhas irmãs, então tudo ficaria bem. Tinha que ficar.

      — Certo, não vamos esquecer quem somos. As incríveis McCall. Certo, está na hora.

      Assim que cheguei no cem a luz da varanda acendeu, um farol na escuridão, um holofote em nós três encolhidas no escuro.

      — Pelo amor de Deus, o que vocês três estão fazendo do lado de fora esperando na neve?

      Eu falei, segurando o pedaço de papel sujo com a tinta ligeiramente manchada: — Vovó Toogood, minha mamãe disse para lhe dar isso.

      Se ela ficou surpresa comigo a chamando de vovó, ela não demonstrou. Ela pegou o papel e leu com uma expressão intensa. Eu a observei enquanto ela lia. Cachos escuros brilhavam em torno de um rosto suave. Ela estava usando um bom par de calças azuis com uma blusa combinando sobre um corpo magro, sem manchas ou buracos. Ela deve ser rica. Ela era mais baixa que a mamãe também. Quando ela olhou para Estrela, Tulipa e eu, a expressão em seus olhos azuis era gentil, como se ela tivesse certeza de alguma coisa. Gostei dela imediatamente. Eu queria muito que ela gostasse de mim também. Então, talvez ela se sentisse obrigada a ajudar minhas irmãs.

      — Bem, vamos levar vocês para dentro então — ela disse, redobrando e enfiando a carta no bolso de suas calças.

      Esperei até que minhas irmãs tivessem passado pela porta antes de olhar de volta para a floresta. A matilha de lobos havia desaparecido.

      Capítulo Dois

       Dias atuais

      — A Sra. Hurst ligou. Ela quer uma leitura hoje. E não se esqueça que é a nossa vez de receber o Clã da Aurora Boreal — Estrela gritou da cozinha do café Chá & Tarô, onde deveria estar observando um lote de geleia de damasco ferver. Aposto que ela está com a cabeça enterrada naquele caderno cheio de orelhas que ela leva para todo lugar, trabalhando em outra música.

      Pelo menos a Sra. Hurst gostava da nossa geleia de damasco, a única coisa que a redimia. Eu não era a única que pensava isso. Ninguém na cidade aguentava mais do que uma pequena dose da velha mesquinha, que conseguia encontrar defeitos mesmo nos dias ensolarados mais perfeitos. Prestei mais atenção quando Estrela adicionou: — Ah sim, e Judith Finch quer uma poção do amor mais forte. Diz que a última não está funcionando.

      — Ela precisa de muito mais do que uma poção do amor se ela quer capturar a atenção de Laurence — o cara é dez anos mais jovem e foi sabe-se lá para onde — murmurei, separando as variedades recém-chegadas de cristais, cartas de tarô, pedras de vidente, livros de feitiços, cones de incenso perfumado, bolsas minúsculas de veludo com cordão — legal, azul-real desta vez — e dezenas de minúsculos frascos extravagantes para armazenar unguentos com cheiro doce para os turistas.

      Tulipa, minha suposta ajudante, estava distraída como de costume. Ela estava ocupada digitando em seu laptop. Minha previsão diária — se não fosse por mim e minhas manobras militares, o café Chá & Tarô cairia na ruína total. Pelo menos eu tinha o encontro do nosso clã para esperar. A forma como a vida era no Lago Nevado, exigia muito apoio feminino.

      — Quem você acha que era em outra vida, Encanto? — Tulipa escolheu esse momento para desviar o olhar da sua incessante atualização de blog para fazer outra de suas perguntas tolas. Certo, talvez isso fosse injusto. Muitas pessoas contavam com ela para desvendar seus sonhos. Ah, e ela era muito boa em ler presságios nas nuvens. Tem bons seguidores também.

      — Provavelmente Cinderela. Parece que voltei como um burro de carga mais uma vez. Devo ter gostado muito da última vez, hein. — Suavizei minha reclamação com um sorriso direcionado a minha trigêmea e corri para a cozinha para ter certeza de que a outra infeliz McCall não estava deixando a geleia queimar.

      — Estrela! — Eu gritei. Lá estava ela, sentada em um banquinho, com a sempre presente caneta na mão, olhando sonhadoramente para o vazio. A fruta que ela deveria estar observando estava emitindo sua essência de luz solar e felicidade, a fragrância valsando pelo ar, fazendo minha boca salivar. Certo, um lanche no meio da manhã de muffin fresco com geleia de damasco estava a caminho. Eu também era a oficial de controle de qualidade auto-eleita de nosso excelente estabelecimento, daí vinham meus quadris curvilíneos.

      — Está tudo bem. — Ela rolou os olhos. — Acabei de mexer. Está quase pronta. Só precisa adicionar a pectina. E os potes estão no forno, esterilizados e prontos para serem enchidos, muito obrigada.

      — Bom — eu grunhi. Peguei as alegres luvas vermelhas de forno com os corações brancos bordados nas costas, abri o forno e tirei a enorme assadeira preta cheia de potes fumegantes. Coloquei-os no balcão sobre toalhas de chá limpas, prontos para o serviço. Humm, ela até se lembrou de colocar as tampas e cestas de vapor em uma panela de água quente no fundo do forno. As surpresas nunca acabarão?

      — Certo, você acrescenta a pectina e eu alinho os potes. Colher esterilizada?

      — Sim, senhora. — Estrela prestou continência, sabendo muito bem que isso a irritava.

      — Nós só temos hoje para organizar as coisas — a reprimi. — Vovó vem para casa amanhã e eu quero tudo feito adequadamente e em seus devidos lugares. Ela trabalhou duro o suficiente por nós ao longo dos anos — já é hora de tornamos seus dias mais fáceis. — Mesmo que aos sessenta e cinco anos ela parecesse ter a energia de uma escavadeira, eu não me arriscava com minha família.

      — Você não terá nenhuma reclamação de mim.

      — Sim, certo!

      Um suave chilrear em saudação me alertou para a companhia. Ling Ling, nossa linda Himalaia branca com orelhas bonitas da cor de damasco entrou na sala, a cauda alta e balançando como uma bandeira da vitória. Estrela se abaixou e acariciou seu pelo macio, para ser recompensada com um ronronar alto.

      Ling Ling correu pelo linóleo como se uma horda de pulgas descontroladas estivesse atrás dela, quase colidindo com o vão da porta antes de sua cauda branca macia desaparecer.

      — Agora você conseguiu! Você sabe que ela consegue ler, certo?

      — Sim, desculpe. Vou achá-la e a levar.

      — Boa sorte com isso. Melhor remarcar e ficar quieta sobre isso desta vez. — Balancei a cabeça com o esquecimento da minha irmã. Ela me mostrou o dedo do meio. — Certo, vamos começar. Eu encherei os potes e você coloca as tampas o mais rápido possível. Eu não quero que nem um grão de poeira encontre o caminho para dentro.

      — Ah-h certo, mas primeiro, o que você acha disso? — Ela pegou seu caderno. — Vou chamá-la de A Balada de Johnny do Lago Nevado. Aqui vai. — E com aquela adorável voz country dela, ela cantou: — Um homem doce e selvagem veio