uma doce quantia de dinheiro. Eu arrastava cada balde de volta ao jipe quando os enchia, não querendo derrubá-los acidentalmente e derramar seu precioso conteúdo na sujeira.
Então houve um barulho alto de galhos quebrando. Droga, companhia indesejada. Meus dedos agarraram a garrafa de spray na minha cintura. Esperei por outro som para me alertar da direção do intruso. Com o sol nos meus olhos, eu os apertei para verificar a paisagem, girando minha cabeça para frente e para trás.
Lá.
Eu vi o movimento de uma criatura ereta extremamente grande vindo na minha direção, passando através do matagal grosso e da cobertura elevada, como se tivesse apenas uma intenção — me fazer mal. Eu não me importei se era um enorme urso-negro ou o lendário Pé Grande. De qualquer forma, eu atacaria primeiro, com a faca afiada escondida na minha bota se chegasse a isso. Pulverizei a substância nociva do quadril, direcionando o grande fluxo do meu cinto.
Houve um grunhido alto de surpresa. — Aii, por que você fez isso? — Mais gemidos de agonia humana se seguiram.
Oops.
Para fora dos arbustos tropeçou um homem muito grande — não o Pé Grande, mas bem perto disso. Vestido em um blusão preto, jeans negros e botas de combate extra-grandes, ele usava um Stetson preto muito agradável, acompanhado por uma grande careta. E oh minha nossa, quando ele me prendeu com um olhar de seus assombrosos olhos castanhos sob aquele chapéu espetacular de garoto malvado, minhas entranhas deram um pulo. Uau.
— Oh minha deusa! Eu sinto muito! Pensei que você era um urso-negro. Se eu soubesse que você era — bem você, eu nunca teria pulverizado.
O alto pedaço de homem estava ocupado demais lavando o rosto com uma garrafa de água para me dar uma resposta. Esperei, mastigando meu lábio inferior e desejando poder afundar no chão. Mas quem andava fazendo barulho pelos arbustos de maneira tão óbvia? Um urso, é claro. Um predador terrestre sem medo de ser humanos e querendo dar uma mordida em mim.
— Senhora, eu estava vindo para alertá-la. Um urso foi avistado perto daqui. Eu a ouvi gritando e pensei que você poderia estar em apuros. Não esperava ser pulverizado com spray de pimenta por causa disso.
Olhei em volta com cautela. Talvez fosse hora de voltar para a cidade e trazer um grupo de pessoas para coletar bagas outro dia quando eu poderia colocar alguém para manter vigia. Eu tinha enchido quatro baldes. Não é muito ruim.
Espere.
O que ele acabou de dizer?
— Eu não gritei. Eu estava cantando. E com certeza isso é melhor do que se jogar no arbusto como o Pé Grande.
— Se você diz, querida. — Aquilo foi um brilho nos olhos dele? O resto de seu lindo rosto permaneceu inescrutável, me fazendo sentir borboletas na barriga novamente. Ele chegou mais perto e o fedor acre do spray de proteção em suas roupas fez meus olhos arderem com simpatia. Nossa.
Ele viu minha careta. — Não é um odor tão agradável de estar perto, concordo. Sou o oficial Ace Collins, à propósito.
— Da PRMC2? — Minha voz saiu em um guincho alto. Droga. De todas as pessoas que eu poderia ter borrifado, como consegui um homem da lei? Ele deve ser novo na cidade ou eu já teria ouvido falar dele. As notícias viajam mais rápido do que a velocidade da luz por aqui. Não é ruim, considerando que a luz viaja 299,792,458 metros por segundo e leva oito minutos e dezessete segundos para nos alcançar do sol. Eu amo fatos curiosos.
— Peço desculpas. — Eu dei a ele a minha melhor cara de desculpas. — Mas com você trovejando pelo arbusto, eu realmente pensei que você fosse um urso. Diabos, você é grande o suficiente para ser um.
— E você é? — Nem uma sugestão de um sorriso naquele rosto sério. Aposto que ele tinha todos os criminosos prontos para se renderem. Um olhar para os ombros musculosos extra-largos e para a mandíbula de granito e eles desistiriam.
— Encanto McCall. Minhas irmãs e eu administramos o café Chá e Tarô na Rua Principal.
— Bem, Encanto McCall, acho que é melhor sairmos daqui. Lá vem o urso. — Ele apontou para uma forma grande que avançava, apenas visível nos cantos dos meus olhos.
— Oh, droga! — Ativei o modo de sobrevivência. Corra. Nunca se finja de morto para um urso-negro — eles vão achar que você decidiu se tornar um lanche de alta proteína. Dei um salto para dentro do jipe em tempo recorde. Uma explosão de atividade do meu lado direito provou que o homem da lei teve um pensamento rápido parecido. Liguei o motor, engatando a marcha do veículo.
— Se segure!
Nós viajamos em alta velocidade durante alguns minutos insanos antes de chegarmos na estrada principal de volta para a cidade. Aliviei meu pé no acelerador e olhei para o meu passageiro. Ele parecia um pouco pálido.
— Você está bem?
— Sim, claro. — Ele soltou os dedos do painel e endireitou o chapéu que havia caído para frente. — Você sempre dirige assim?
— Não. Somente quando um urso quer um pedaço da minha bunda. — Olhei para ele e o peguei me checando. Ele parecia ter vinte e poucos anos. Sim. Perfeito.
— Você deveria vir para o café. Tome um pouco de café e uma sobremesa por conta da casa. Eu te devo — pela resposta rude à sua tentativa de me ajudar.
— Desculpe, hoje não. Talvez outra hora.
Decepcionada, fiz a curva para a Rua Principal. Com o cheiro do spray de pimenta se dissipando, eu podia detectar uma fragrância diferente por baixo. Um cheiro amadeirado fresco. Bom. Cheirar bem sempre é algo bom.
— Onde posso deixar você?
— No destacamento. Vou voltar para buscar minha caminhonete mais tarde. De qualquer maneira eu preciso entrar.
— Certo. — Fiz a curva no Tesourada com sua tesoura enorme empoleirada no telhado. Tinha até uma história, de quando o estranho artefato tinha caído na calçada durante uma tempestade de gelo anos atrás. Ela havia sido fixada de forma mais segura desde aquilo, graças à deusa. O salão de beleza ficava ao lado do nosso café e era bem movimentado. Parei na primeira entrada de garagem à direita. — Você gosta de música country? — Perguntei quando ele saiu do banco da frente.
— Sim, claro. — Ele me deu um olhar questionador, fechando a porta barulhenta do passageiro. Duas vezes. Ela nunca fechava na primeira tentativa.
— Ótimo. Venha ao Botas e Renda hoje à noite. É a noite dos homens. A primeira bebida é grátis. E minha irmã Estrela vai cantar, o que é algo incrível.
— Você tem mais família na cidade? — Ele descansou a mão na parte de cima da janela aberta do jipe. Ele se curvou para ficar da minha altura, seu belo rosto preenchendo o espaço de uma forma alarmante.
— Sou uma de três trigêmeas. A mais velha por um dia, então estou no comando.
— Eu aposto que você está — ele murmurou.
— Desculpe, eu não ouvi.
— Eu disse que adoraria ir.
— Excelente! Eu te apresentarei à cidade. Este é seu primeiro trabalho?
— Não. Passei três anos em Vancouver após completar meu mestrado em criminologia.
— Sério? Eles mandaram um homem com suas credenciais para cá? Sem ofensa, oficial, mas o Lago Nevado não é um centro de crime. O que você fez?
— Aparentemente, minha atitude notável em ajudar os outros que não viam o quadro completo durante a aplicação da lei não era o bônus que eu esperava que fosse.
— Não é a primeira vez que alguém foi rebaixado