January Bain

Magia, Caos & Assassinato


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como um boi premiado. Ivana nos conseguiu uma localização privilegiada. Eu não queria saber o que ela fez para conseguir esse lugar. Eu assenti para Estrela que cantava no palco elevado. A franja branca de seu traje brilhava contra sua pele bronzeada, seu cabelo loiro enrolado em longos cachos que saltavam quando ela se movia. Meus pés simplesmente não podiam resistir à música do two-step4, batendo os pés na batida debaixo da mesa.

      — Minha missão — encontrar Encanto homem atraente.

      Eu cuspi o gole de cerveja que eu acabara de tomar, limpando a boca com a parte de trás da minha mão. Acenei para ela, balançando a cabeça vigorosamente. — Não precisa. Estou bem. Nada de homem atraente, por favor.

      — Nada de homem? — Ela fez beicinho, seus olhos estreitando perigosamente. Então o rosto dela se iluminou com um novo entendimento. — Mulher então, sim?

      — Não! — Eu gritei. — Definitivamente sem homem ou mulher atraente para mim. Fique fora disso. Por favor.

      A banda chegou ao fim de sua música, algo que eu queria ter percebido dez segundos antes. Agora estava tão quieto que eu podia ouvir um rato peidar.

      O Sr. Homem da Lei Bonitão sentou em uma cadeira ao meu lado, um sorriso puxando sua boca para cima, expondo as covinhas que não paravam de aparecer. — Bem, senhora, é bom saber.

      Os olhos de Ivana se arregalaram. Sim. Eu sei. Ele é atraente.

      — Se eu tentar não me animar, você me dará a honra da próxima dança, senhorita McCall? — Pelo canto do meu olho, eu vi os cílios de Ivana flutuarem, sua mão segurando o busto, aumentando o decote.

      — Sim, claro — murmurei, meu corpo inclinando para o dele, mais quente. Sempre. Vovó nunca perdoaria a falta de boas maneiras, e eu tive que confiar em comportamentos seguros e em manter uns bons quinze centímetros entre nossos corpos. Quanto mais cedo eu apresentar o oficial Ace Collins para Estrela, melhor.

      Na pista de dança, eu mal chegava ao queixo dele quando ele me puxou para seu peito largo. Ele colocou minha mão na dele muito maior e que ameaçava engoli-la inteira, me puxando para o passo lento da valsa, a outra mão escalando a carne na parte inferior das minhas costas. Cerrei meus dentes. E Estrela e sua banda country tinham que tocar uma música romântica em seguida. Ele dançou de forma casual, fazendo com que fosse fácil seguir sua liderança. Infelizmente. Seria melhor se ele dançasse como o Pé Grande.

      — Eu não tinha ideia de que o Lago Nevado era uma comunidade tão próspera. É bom ver tantas pessoas por aí em uma noite de quinta-feira.

      — Oh, isso. É só porque a banda da minha irmã Estrela está aqui.

      — Aquela é sua irmã? Boa voz. — Ele não olhou para o palco, onde ela cantava baixinho sobre chorar por um amor perdido, ao invés disso segurou meu olhar.

      — Você vai ficar na cidade por um tempo?

      — Se vocês me aceitarem.

      Eu assenti. — Eu te apresentarei a Estrela entre as músicas.

      Ele encolheu os ombros. — Claro. Há outros parentes na cidade sobre quem eu deva saber? Pais?

      Uma emoção crua surgiu, mas eu a sufoquei, balançando a cabeça. Com o passar dos anos, eu perdi a esperança de ver minha mãe novamente, não importa quanto bom carma eu tentasse criar. Apenas não era bom o suficiente. — Já se foram.

      — Sinto muito por ouvir isso. — Seus olhos escureceram com empatia, fazendo-me engolir um bocado de saliva.

      — É assim que as coisas são. — Dei de ombros. — Você?

      — Meus pais moram em Winnipeg. Divorciados, embora vivam lado a lado em um duplex na Rua da Academia. Vai entender. Tenho dois irmãos, Stone e Mick. Meu irmão mais novo Stone está cursando engenharia da computação na Universidade de Michigan e Mick é ainda mais jovem — e está treinando para ser um oficial da PRMC em Regina.

      — Sinto muito pelo divórcio dos seus pais. Geralmente é uma droga para as crianças.

      — Sim, bem, foi depois de termos saído de casa, o que facilitou. — Ele encolheu os ombros, deslizando seus ombros extra largos. — Um pouco mais difícil quando você tem oito anos. — Humm, excelente audição também.

      — Você sobrevive. Aprende a tirar o melhor disso. Vovó Toogood nos acolheu. Tivemos sorte. Pelo menos não entramos no sistema de adoção.

      — Entendo.

      A massa de corpos balançando romanticamente ao nosso redor enquanto dançávamos em nosso oásis de decoro fez de Ace e eu os estranhos. Quando a música terminou, eu corri para a mesa, dispensando a chance de uma segunda rodada de tortura.

      Estrela colocou o violão no suporte e correu descendo pelos degraus do palco, a franja e os cachos voando.

      — Estrela, eu quero que você conheça o policial Ace Collins. — Me inclinei para perto para gritar em seu ouvido. Cruzei meus dedos para que tal tentação como este espécime de homem mantivesse Estrela na cidade.

      Estrela esticou a mão e Ace a pegou. Mas, em vez de sacudi-la como uma pessoa normal faria, ele deu um beijo na parte de trás da mão dela, dando-lhe um olhar admirado com seus olhos de chocolate marrom. Ela corou sob as luzes fluorescentes, seus olhos brilhando com alegria.

      — Encantado, senhora.

      — O prazer é meu. Alguém já te disse o quanto você parece com Johnny Cash? — ela ronronou, ganhando um sorriso cheio de covinhas de Ace. Certo. Isso pode ter funcionado bem demais.

      — Uma vez ou duas. Posso me juntar a vocês? — ele perguntou, embora eu já tivesse estendido o convite. Oh, de verdade, um cara dos sonhos, não que eu gostasse desse tipo de coisa.

      — Claro. — Estrela deu a ele o olhar mais doce imaginável, sentando-se ao lado dele com as pernas cruzadas em direção a ele. — Então, quando você chegou na cidade, xerife?

      Revirei os olhos.

      — Hoje. Recebi uma ligação sobre um urso-negro no caminho e parei para dar uma olhada. Encontrei Encanto por acaso e…

      — E eu pulverizei spray de pimenta nele — terminei. Ele me deu outro daqueles longos olhares que fizeram meu coração perder uma batida.

      — O quê? Como você pôde? — O horror exagerado de Estrela foi bem feito.

      — Eu já me desculpei por pensar que ele era um urso.

      — Ou o Pé Grande — ele acrescentou com um sorriso irônico.

      — Encanto. — Ivana balançou o cabelo selvagem, as pontas vindo na minha direção. — Não é legal fazer isso com um homem tão grande. E você sabe o que dizem sobre homens com pés grandes, não é? — Ela colocou a mão no antebraço dele, apertando como se verificasse algo. Pelo amor de Deus, ele não é um pedaço de carne. E eu não ia tocar no comentário sobre um homem com pés grandes nem por todo o chá da China.

      — Alguém sabe o que está prendendo Tulipa? — Tomei um gole de cerveja, observando que Ivana tinha acabado de terminar a dela.

      — Talvez novo namorado? — Os olhos de Ivana brilharam com interesse. Ivana tinha homens como nenhuma outra mulher que eu já conheci. Nenhum com um pé grande o suficiente? Certo. Não foi legal, Encanto. Corei com minha própria audácia.