Brenda Trim

Guerreiro Místico


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Como um livro desaparece? – gracejou ela, pensando que a ideia era absurda.

      Jace parecia um milhão de milhas de distância, perdido em pensamentos. Distraidamente, ele estendeu a mão, torcendo uma mecha do cabelo dela em torno do dedo.

      — É uma longa história. Você precisa entender mais sobre as criaturas da Deusa que compõem o reino de Tehrex. Os feiticeiros fazem parte de uma dessas raças. Usamos magia, como sabe. Bem, meu pai, chefe da família Miakoda, ocupou o cargo de Mestre da Guilda por milênios, até a Grande Guerra, que matou minha mãe e ele. Depois disso, meu primo, Evzen, foi nomeado para a posição de Mestre da Guilda para os feiticeiros, na minha ausência – disse ele, e então fez uma pausa, engolindo em seco.

      Suas belas feições se contorceram de dor e ele segurou o cabelo dela com mais força. A ação enviou uma pontada de dor para a cabeça de Cailyn, mas ela sufocou o estremecimento, sentindo que ele precisava do contato.

      De repente, ele percebeu o quão forte estava segurando o cabelo dela e afrouxou a mão, mas não a soltou.

      — O Grimório desapareceu muitos anos antes da guerra. A Deusa dotou de poderes mágicos o livro encadernado em couro, e ele aparece e desaparece por conta própria. Meu pai sempre me disse que era a maneira de o livro proteger seu conteúdo. Está ligado à minha linhagem e só aparecerá para mim ou para Evzen, uma vez que somos tudo o que resta da minha linhagem. De qualquer forma, o livro não apenas contém feitiços e encantamentos, mas também profecias de oráculos do reino, bem como maneiras de neutralizar vários tipos de magia – explicou Jace.

      Cailyn tentou se aproximar do corpo dele, precisando de mais calor. Estava ficando mais fria. Ele percebeu e aproximou mais o corpo do dela. Ela suspirou de contentamento e se concentrou no que ele lhe disse.

      — É tudo tão bizarro – refletiu ela. – Posso entender por que você quer o livro. Chame-o de novo e continue chamando por ele. Até que ele responda, precisamos encontrar uma maneira de convencer a rainha das fadas a nos ajudar – pediu ela.

      Encontrar a resposta não seria fácil, mas ela se recusava a desistir. E não ia deixar Jace desistir também.

      Capítulo Quatro

      Cailyn sobressaltou-se quando Zander e Elsie entraram no quarto. Com o susto, Jace caiu da cama, afastando-se às pressas. A reação quase arrancou um punhado do cabelo de Cailyn, o que doeu como o inferno, mas ela logo sentiu falta do contato. Droga, queria rastejar até o colo dele e ficar ali para sempre.

      Cailyn desconfiava que Jace não demonstrava para os outros a vulnerabilidade que lhe mostrava. Ela via claramente a criança indefesa, perdida, quando os pais foram mortos. A intimidade daquele momento os conectava, mesmo que ela sentisse que ele lutava a cada passo.

      Zander os olhou com uma questionadora sobrancelha levantada. Cailyn se virou para a irmã e balançou levemente a cabeça. Zander percebeu a comunicação silenciosa e deixou passar.

      — Estou pronto para visitar Elvis e questionar Zanahia sobre o feitiço em Cailyn. Quero que venha comigo, Jace. Ou Gerrick. Preciso de alguém que conheça magia – instruiu Zander.

      — Eu irei – disse Jace, ao mesmo tempo em que Elsie perguntava:

      — Quem é Elvis?

      A pergunta de Elsie trouxe imagens do famoso astro do rock à mente de Cailyn, com seu terno de poliéster esmaltado. Ele poderia ser um sobrenatural e ainda estar vivo? Ela riu quando imaginou os lábios curvados do cantor com presas salientes.

      — É um ogro sob a ponte Fremont. Controla um dos portais para o Reino das Fadas – respondeu Zander.

      Tudo bem, nada do que Cailyn esperava. Em casa, ela possuía uma foto dela e de Elsie ao lado do ogro durante sua primeira visita a Seattle. Era difícil imaginar que a grande escultura de concreto fosse uma parte viva daquele reino. As coisas estavam ficando cada vez mais estranhas.

      — Você quer me dizer que a estátua enorme é um ogro de verdade e protege um portal? Já disse isso antes: você realmente precisa de um manual explicando o seu mundo. Poderia usar um lugar-comum e chamá-lo de “Reino Tehrex para Leigos” – brincou a irmã, dando tapinhas no peito de Zander.

      — Sim, é Elvis. E coloquei Gerrick nessa tarefa, companheira. Você deve ter o livro em cerca de uma década. – Zander se inclinou e beijou Elsie com um sorriso indulgente no rosto.

      — Vocês começaram de novo? Destravem esses lábios, temos uma crise para lidar – deixou escapar Orlando, enquanto entrava na sala, seguido por cerca de metade dos guerreiros.

      Cailyn percebeu a ansiedade no tom de Orlando e soube que ele não havia superado seus sentimentos pela irmã. O guerreiro era discreto e respeitava o relacionamento de Zander, mas o shifter felino não conseguiu esconder os sentimentos da telepatia de Cailyn. Era uma mensagem confusa, mas ela entendeu a essência da paixão dele por Elsie.

      Cailyn olhou para os homens na sala e, de repente, se sentiu muito nua sob as cobertas. Como se estivesse lendo sua mente, Jace se inclinou, puxou o cobertor até o pescoço dela, alisando-o, a mão se demorando sobre sua coxa.

      — Mais tarde, companheira – sussurrou Zander para Elsie com expressão sonhadora e apaixonada antes de se virar para o grupo. – Orlando está certo. Precisamos descobrir a cura para sua irmã. Enquanto Jace e eu estivermos fora, quero que todos vocês, exceto Bhric, saiam em patrulha, mantendo os ouvidos abertos para qualquer conversa sobre o acidente. Se tivermos sorte, uma das escaramuças se gabará das intenções de Kadir. Bhric, permaneça por aqui e fique de olho em Jessie – ordenou Zander.

      — Sem problemas, brathair, mas Kyran não está aqui agora – disse Bhric, encostando-se na parede.

      Não era necessariamente algo ruim que o outro Príncipe Vampiro tivesse partido. Seu comportamento mordaz assustava Cailyn.

      — Onde diabos ele está? – Era impossível não notar a raiva no tom de Zander.

      — Onde mais? No Bite – respondeu Bhric.

      — Ora! Vou castrá-lo quando ele voltar. Nunca está aqui quando preciso dele – rosnou Zander. – Vão patrulhar seus setores, agora. – O quarto imediatamente se esvaziou com a ordem de Zander.

      Elsie se virou nos braços de Zander e Cailyn pode ver que seu sorriso era forçado.

      — Quer ligar para John, enquanto os caras estão fora? Tenho certeza de que seu noivo está preocupado com você.

      O coração de Cailyn se contraiu ao pensar em John. Sentia-se culpada por não ter contado à irmã que havia rompido o noivado. Não quis arruinar a cerimônia de acasalamento da irmã e manteve segredo sobre a notícia. Agora não era a hora de lhe contar também. Cailyn não desejava lidar com o aborrecimento de Elsie até que estivesse se sentindo melhor.

      Ela desviou o olhar da irmã, voltando-o para Jace. Notou como ele congelou ao lado dela, e os poucos no quarto o observavam. A tensão entre os dois poderia ser cortada com uma faca, e Cailyn não tinha dúvidas de que os demais sentiam a atração que um desenvolvia pelo outro.

      — Hmmm, não tenho certeza se estou pronta para conversar com ele ainda – respondeu Cailyn.

      Além de não querer contar à irmã, ela não queria ter que explicar na frente de todos, especialmente de Jace, por que havia terminado o noivado. Ela mesma não entendia totalmente os motivos. O que sabia era que, desde o momento em que Jace entrou no apartamento da irmã meses antes, algo dentro dela fez sua atenção se voltar para ele, prendendo-a, como um míssil teleguiado.

      O corpo sexy dele a cativou e a levou a ter fantasias com um homem diferente de seu noivo. Era algo que nunca havia vivido e foi o que acabou levando-a a romper o noivado.

      Cailyn encontrou o olhar de Elsie e viu descrença e confusão, fazendo sua culpa aumentar.

      — Você tem razão. Eu deveria ligar para