sabia que Gerrick odiava ouvir que uma mulher estava em perigo, o que não era surpresa, visto que sua companheira havia sido brutalmente assassinada séculos antes por escaramuças. Felizmente, as palavras de Elsie colocaram o guerreiro em ação. Com apenas os dois lançando o portal, isso consumiria toda a energia deles e os esgotaria, mas ele não podia esperar por mais ninguém.
Precisando consolidar sua magia, ele convocou seu bastão de feiticeiro do reino da Deusa. Uma luz branca e brilhante cintilou e então ele agarrou a familiar madeira de amieiro de seu bastão, e ouviu o zumbido adicional de poder irradiando até ele. A serpente que adornava o alto do bastão de dois metros e meio brilhava sob luz do teto. Jace respirou fundo para centralizar sua energia. Conseguiria fazer aquilo.
Ele olhou e viu que Gerrick havia convocado seu próprio bastão. Balançou a cabeça afirmativamente para o guerreiro, e eles começaram a cantar na língua antiga. Jace sentiu a magia crescer sob a pele. Luzes verdes, azuis e roxas, semelhantes às da aurora boreal, ondulavam ao redor deles. O poder aumentou até que Jace pensou que sua pele iria rachar. Com um olhar de soslaio para Gerrick, eles jogaram a magia no grande vestíbulo. Uma porta mística se formou e uma elegante sala de estar, com móveis antigos e painéis de madeira, tornou-se visível do outro lado do portal. Um aroma sensual de canela flutuou pela abertura.
O coração de Jace parou quando Jax entrou na sala de estar embalando Cailyn.
Capítulo Dois
— Cailyn, oh, meu Deus. Você está bem? – gritou Elsie e Cailyn virou a cabeça dolorida.
Elsie, Zander e Jace a olhavam. O seu coração acelerou ao ver Jace. Ele era tão sexy quanto ela se lembrava e estava ali, para salvá-la. A casa atrás deles lhe parecia familiar. Ela percebeu que um portal havia sido criado para chegar até ela e Jessie. A porta mágica parecia exatamente com aquela que os feiticeiros haviam criado na noite da festa de formatura da irmã. Era um lembrete terrível do momento em que fugiram da batalha com os demônios, do lado de fora do Clube Confetti.
Elsie correu até ela, murmurando palavras de conforto. Cailyn queria afastar a preocupação da irmã e tranquilizá-la. Odiava ver Elsie com medo ou infeliz. Não que sua irmã precisasse de garantias, agora que era uma vampira. Elsie havia mudado de muitas maneiras, além de apenas essa, desde que se tornara a Rainha Vampira. Sempre foi confiante e capaz, mas agora havia um poder em torno dela que exigia respeito.
A Deusa Morrigan havia escolhido com sabedoria, pensou Cailyn, quando escolheu Elsie para ser a companheira de Zander. Cailyn se lembrava de ter visto a Deusa na cerimônia de acasalamento da irmã. O curso de mitologia que tivera na universidade havia lhe ensinado que Morrigan era a deusa da guerra e da morte, mas Cailyn viera a saber que esse era um pequeno aspecto de sua divindade.
Era também a deusa do nascimento, tendo criado o Reino de Tehrex, junto com os sobrenaturais que ali moravam. Era estranho pensar que aquele reino coexistia com o dos humanos, na Terra. Elsie agora era uma parte vital desses sobrenaturais, mas velhos hábitos eram difíceis de superar, e Cailyn não achava que algum dia deixaria de ser mãe de sua irmãzinha.
— El. Vou ficar bem. Esses rapazes nos acharam a tempo – acalmou Cailyn, tentando mascarar a agonia.
Um baixo rosnado masculino a fez se virar nos braços de Jax. Incapaz de esconder o estremecimento que a dor lhe provocou, ela notou que Jace estava rapidamente se aproximando dela.
— Entregue-a a mim – exigiu Jace, com a raiva estampada nas feições masculinas.
A maneira gentil com que ele a tirou dos braços de Jax foi surpreendente, tendo em vista como estava irritado. Ainda assim, ela cerrou os dentes com a movimentação. Sentia como se um atiçador quente estivesse sendo enfiado nos músculos e ossos de sua perna, e sua cabeça estava matando-a.
— A ghra, sua irmã está segura. Devemos voltar pelo portal até Zeum para que Jace possa recuperar sua força e cuidar dela. Jace a colocará de pé e em boas condições em um instante. Pare de se preocupar. Vamos sair daqui – instruiu Zander enquanto Bhric, irmão de Zander, tirava Jessie de outro guerreiro.
— Jessie recuperou a consciência? – perguntou Cailyn ao Príncipe Vampiro. Ela estava apavorada de preocupação com a melhor amiga e nunca se esqueceria de ter visto o demônio mordê-la.
— Não totalmente. Jace, você precisa fazer algo por esta pobre moça. Ela está se contorcendo e gemendo. Aqui, vou levar Cailyn e você pode levá-la – respondeu Bhric.
— Infelizmente, Bhric, não há muito que eu possa fazer por Jessie agora. Essa marca de mordida no pescoço dela não é de uma escaramuça. É a mordida de um arquidemônio. Ela foi envenenada. O portal está a dez passos de distância. Leve-a e fique atrás de mim. O portal vai fechar rapidamente. Nosso poder está diminuindo e não podemos mantê-lo aberto por muito mais tempo – respondeu Jace, sem deixar de dar um passo.
Sua grave voz masculina abalou e acalmou Cailyn ao mesmo tempo. Ela só poderia descrevê-la como pura e primitiva. Ela fez seu corpo ganhar vida.
Cailyn aninhou-se mais para perto do peito quente dele, deliciando-se quando ele reagiu, agarrando-a com mais força. Estava certa em não querer ficar sozinha com ele. Estar tão perto dele confundia os pensamentos, o que não a ajudava a resolver o seu dilema.
Amava John, mas desejava Jace, e não via uma solução rápida e fácil para tais sentimentos. Em vez disso, forçou os pensamentos para um assunto mais fácil.
— O que há de errado com Jessie? O que ele fez com ela?
— Primeiro, diga-me o que aconteceu – respondeu Jace, enquanto continuava andando e carregando-a.
Ela olhou em volta enquanto pensava na melhor forma de resumir o que acabara de passar. Era incompreensível pensar que, com alguns passos, eles haviam pulado um Estado inteiro e ido de San Francisco a Seattle por meio de um portal mágico.
Cailyn ainda estava tentando entender tudo o que acontecia no Reino de Tehrex, que ela só havia conhecido alguns meses antes. Devido às próprias habilidades especiais, não foi difícil para ela acreditar que havia mais no reino, mas aquilo era algo completamente diferente.
O silêncio na sala era desconfortável e ela percebeu que um grande grupo de pessoas esperava sua resposta. Estava surpresa que alguns dos Guerreiros das Trevas de San Francisco tivessem ido a Zeum com eles e a olhassem com expectativa.
Ela se concentrou nos eventos da noite.
— Estávamos voltando do aeroporto e um utilitário cheio de escaramuças nos tirou da rodovia. Assim que nos isolaram, Azazel e Aquiel apareceram no meio da estrada. As escaramuças no carro me atingiram na lateral e perdi o controle do carro. Rolamos várias vezes antes de eu bater em uma árvore. Foi a coisa mais assustadora pela qual já passei – explicou Cailyn.
A memória fez as palmas de suas mãos suarem. Ela olhou para a amiga para se assegurar de que Jessie estava viva. Pequenos tremores sacudiam o corpo de Jessie, e Cailyn não achava que a amiga estava consciente do que acontecia ao seu redor, apesar de estar com os olhos bem abertos.
— Antes que pudéssemos sair do carro, a fada me agarrou e o demônio agarrou Jessie. – Cailyn lutou contra as emoções e piscou antes de continuar. – Ele a mordeu depois que ouviram vocês vindo nos salvar. Ele disse algo sobre ela ser uma de suas escaramuças, a mais bonita ou algo parecido. Tentei lutar e ajudá-la, mas a fada falou algumas palavras em uma língua estranha e não pude me mover. Não muito depois disso, eles desapareceram – concluiu Cailyn.
— O que exatamente a fada disse? – perguntou Jace, com a tensão envolvendo cada palavra dita.
A severidade em seu tom a surpreendeu. Ela presumiu que a raiva dele era dirigida à fada e ao demônio, não a ela. De qualquer maneira, parecia que ele poderia rasgar algo em pedaços.
— Não faço ideia. Não consegui entender o idioma. Pelo que sei, poderia ter sido chinês. Não importa o que falou agora. Quero saber o que está