se Jessie viu os olhos com anéis vermelhos ou as presas dos homens. Achou que não, já que Jessie não estava aos berros.
Ao abrir a boca para dizer a Jessie para ligar para Elsie, Cailyn viu duas criaturas que haviam assombrado seus pesadelos por meses. O choque e o horror a percorreram, quando percebeu Azazel e Aquiel a poucos metros, na frente de seu carro. Azazel era um arquidemônio aterrorizante, que trabalhava para o demônio braço-direito de Lúcifer, Kadir, que queria o Amuleto Triskele de Zander para libertar Lúcifer do inferno. Aquiel era uma fada do sexo masculino, lindo, mas perigoso, que ajudava os demônios. Aqueles sobrenaturais juntos significavam graves problemas para Cailyn e Jessie. O fato de eles a terem encontrado, e claramente acreditarem que ela era uma forma de obter o amuleto, a aterrorizou.
Ela sentiu o medo a engolfar ao perceber a intenção maliciosa nos rostos atraentes. Os olhos vermelhos de Azazel brilhavam de raiva, e os prateados de Aquiel, de expectativa. O coração dela despencou ao examinar a área, buscando uma saída, e não encontrou nada além de árvores e arbustos verdes. Estavam bem fora dos subúrbios, o que significava que ela e Jessie teriam que enfrentá-los sozinhas.
O utilitário se posicionou ao lado dela, ameaçando bater no seu carro de novo.
— Não há nenhum lugar para ir, Jess – ela deixou escapar. Pisar no acelerador não lhes adiantaria nada. O som dos carros colidindo ecoou antes que seu corpo fosse jogado para a direita. Ela lutou para manter o controle do volante, determinada a não ser jogada para fora da estrada. Cerrou os dentes, enquanto segurava o volante.
— Vão nos matar! Oh, Deus. Cuidado, Cai! – gritou Jessie.
O som cortante de metal se fez ouvir, e ela sentiu ser sacudida no assento assim que jogou o carro o mais forte que pôde sobre o outro. Cailyn perdeu o controle do volante e, à medida em que sentia a gravidade a deixar, não conseguia mais dizer para onde subia. Quando o carro capotou, o vidro se estilhaçou e o ar entrou pela janela quebrada, fazendo o vento bater em seu rosto. Um estalo alto foi seguido por uma dor terrível na perna direita. O membro queimava, engolfado por uma dor aguda. Sem olhar, ela soube que havia quebrado um osso.
Jessie gritou e, apesar do fato de ambas estarem usando cintos de segurança, foram jogadas de um lado para o outro dentro do veículo. A bolsa de Cailyn bateu em seu rosto, e, antes que soubessem o que estava acontecendo, seus corpos foram lançados para frente, enquanto o carro batia em algo sólido. Os airbags frontais explodiram, tirando o fôlego de seus pulmões. Ela se sentia como um hematoma gigante da cabeça aos pés.
O carro caiu sobre o teto, enviando uma chuva de destroços ao redor delas. O som de vidro caindo no pavimento era o único barulho depois daquilo. Cailyn rezou para que o teto duro não desabasse e esmagasse as duas. Um olhar pelo para-brisa com rachaduras lhe disse que haviam batido em uma árvore. O som de pneus cantando significava que não tinham tempo a perder. O utilitário, cheio de escaramuças, as alcançou. Ela não fazia ideia se o arquidemônio e a fada ainda estavam na estrada ou não. O medo lhe proporcionava um gosto amargo na boca enquanto ela se preparava para morrer. Não tinha meios para combater aquelas criaturas poderosas.
Precisavam de ajuda. Sua telepatia nunca permitiu que ela se comunicasse com outras pessoas, mas precisava tentar. Expandiu a mente e gritou um pedido de socorro para qualquer um que estivesse perto o suficiente. Implorou para que alguém enviasse a polícia, o corpo de bombeiros, qualquer coisa, para distrair seus perseguidores. Já não conseguia se preocupar com quem mais estaria envolvido. Estava desesperada para que ela e Jessie sobrevivessem àquilo.
Por falar em Jessie, havia apenas silêncio no assento ao lado dela. Estaria viva? Aterrorizada com o que veria, olhou para ver o sangue pingando da têmpora de Jessie no longo cabelo loiro platinado. Com a mão trêmula, sentiu o pulso dela. Estava fraco, mas estava lá, graças a Deus.
O farfalhar de folhas e galhos estalando chamaram sua atenção. Do lado de fora da janela do passageiro, viu o demônio em suas botas de combate pretas se aproximar de seu veículo.
— Jessie, acorda, precisamos sair… – gritou, quando uma faca cortou seu cinto de segurança e alguém agarrou seu cabelo, arrastando-a para fora do carro. Esticando o pescoço, viu que Aquiel a segurava com firmeza.
Quando Azazel arrancou Jessie do carro, ela gritou:
— Deixe-a em paz! Ela não tem nada a ver com isso.
— Infelizmente para ela, agora tem – debochou Azazel. Jessie choramingou e gritou. Jessie havia voltado a si e seus olhos estavam arregalados de medo. Cailyn teria preferido que Jessie permanecesse inconsciente e alheia ao perigo que corriam.
— O que quer? – perguntou Cailyn, distraindo o demônio enquanto se concentrava nos pensamentos e fragmentos de conversas que passavam por sua mente. Normalmente, ficava bombardeada e subjugada assim que erguia suas barreiras, mas estava longe o suficiente de uma área mais povoada, o que tornava mais fácil se concentrar no que estava acontecendo. Uma centelha de esperança acendeu quando ela ouviu o nome de Zander, acompanhado por um senso de lealdade e dedicação. Quem quer que estivesse pensando em Zander respeitava o Rei dos Vampiros e ela rezava para que fossem seus Guerreiros das Trevas. Sabia que eles estavam por perto, mas alcançariam as duas a tempo?
— Você saberá em breve. Devo dizer que é bonita, princesa. Muito mais voluptuosa do que sua irmã, a Rainha – ronronou Azazel. Ela estremeceu quando ele correu um dedo em forma de garra ao longo da face de Jessie, enquanto segurava seu pescoço. Ela sabia que tudo o que ele precisava fazer era flexionar os dedos e acabaria com a vida de Jessie. Abriu a mente de novo e gritou seu pedido de ajuda.
— Quem é aquele que ouço vindo pelos arbustos? Mais brinquedos? – A náusea aumentou ao ouvir as palavras de Azazel. Ela amaldiçoou os sentidos sobrenaturais dele. Esperava que houvesse Guerreiros das Trevas vindo em sua direção, sobrenaturais que poderiam pegá-los de surpresa. Não queria morrer assim, e eles poderiam acabar com ela e Jessie em um piscar de olhos. Eles deveriam querê-las para alguma coisa, raciocinou. Caso contrário, estariam mortas. Ela teria que impedi-lo.
— O que quer comigo? Não tenho nada para lhe dar. Deixe-nos ir ou irá se arrepender. Os Guerreiros das Trevas estão a segundos de distância de nós – atreveu-se ela a dizer. – Você não vai se safar dessa – ameaçou.
— Ah, mas é aí que você se engana. Nós já nos safamos. Lance o feitiço agora, Aquiel. Vou cuidar da amiga dela – ordenou Azazel. Imediatamente, a fada começou a cantar em uma linguagem lírica e, à medida que seu corpo ficava pesado, Cailyn lutava contra o domínio que ele exercia sobre ela. Ela encontrou os olhos assustados de Jessie e viu suas lágrimas fluírem. Quando Azazel espalmou a mão sobre os seios da amiga, Jessie lutou contra ele. Cailyn gritou de raiva.
— Não, deixe-a em paz, seu bastardo doente! – Ela precisava se livrar das garras de Aquiel e ajudar Jessie. Tentou chutar, mas os pés pareciam estar presos em concreto. Errou o alvo por uma milha e sua perna quebrada queimou de dor. Ergueu o braço para empurrar a fada, mas ele também estava pesado. Ela se perguntou o que ele estava fazendo para tornar seus movimentos lentos e descoordenados.
Quando o demônio afundou as presas na carótida de Jessie, Jessie parou de lutar e ficou mole em seus braços.
— Não… Jessie! Não a machuque! – implorou Cailyn. Pontos piscaram em seu campo de visão e sua cabeça pendeu, enquanto ela gastava o resto de sua energia lutando e ouviu a voz irritante de Azazel.
— Ela será minha escaramuça mais bonita até agora.
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* * *
Jace fechou a porta da frente do Zeum e ouviu o som da voz frenética de Elsie no corredor, seguida pelo sotaque escocês grave de Zander. O complexo que os Guerreiros das Trevas de Seattle chamavam de lar estava em silêncio, exceto pelo rei e sua companheira. Jace correu para a sala de guerra e parou na porta. Elsie chorava, claramente aborrecida com alguma coisa.
— Zander, estou dizendo que Cailyn está em perigo. O arquidemônio e a fada vão machucá-la. Essa premonição foi diferente. Vi os eventos se desenrolarem,