Amy Blankenship

Uma Luz No Coração Da Escuridão


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olhou para o jovem que havia assediado a garota que ele agora considerava sua. Este menino tinha ousado tocá-la e agora pagaria por sua insolência. Ele inalou e sentiu os restos do lobo que já tinha batido no menino gravemente e seus olhos de meia-noite entrecerraram-se em fendas.

      - Kotaro esteve aqui! Como ele se atreve a interferir nisto? Seria ele a razão pela qual a menina tinha desaparecido de repente sem deixar vestígios? – resmungou Hyakuhei ao pensar que o licantropo esteve tão perto do Cristal do Coração Guardião e da garota mais uma vez. Só porque a menina o escolheu não a fazia realmente pertencer a ele. Nunca havia sido a decisão dela. Será que ele não aprendeu a lição no passado?

      Ele pensou que havia matado a vil criatura junto com Toya há anos por ousar ficar contra ele e tentar proteger a garota de sua posse.

      - Não importa -, os pensamentos de Hyakuhei ficaram melancólicos por um momento - você já lançou Toya e a sacerdotisa contra mim, Kotaro, e veja o que você me fez fazer.

      Uma sombra de piedade cruzou seus olhos assombrados enquanto pensava no passado. Se Toya não tivesse tentado se tornar um guardião da sacerdotisa e afastar Kyou dele, Toya não estaria no mundo inferior agora, mas aqui, ao seu lado, junto com o belo Kyou. O único culpado por encher Toya de mentiras equivocadas foi Kotaro.

      Kotaro também foi o único que havia avisado a sacerdotisa de sua verdadeira intenção. Era estranho como o tempo poderia deformar até mesmo as mentiras que foram ditas.

      - Então, Kotaro - sussurrou ele - você a encontrou novamente.

      Ele foi trazido de volta ao presente pelo gemido que veio do menino agachado contra a parede. Ele precisaria de mais de um novo recruta para encontrar sua sacerdotisa desaparecida se Kotaro também estivesse com ela. Hyakuhei a queria e a teria.

      Ele pretendia reivindicá-la com a ajuda deste imbecil que pensou em contaminá-la. A corrupção de tal criatura servia para ele apenas. Ele tinha muitos planos para sua sacerdotisa, afinal, mil anos era muito tempo para formular novas formas de torturar alguém.

      Voltando para as sombras, seus olhos brilharam enquanto ele assentiu ligeiramente com Yuuhi.

      - Faça com que doa bastante. Torture a carne dele, mas não o mate. - Ele queria que esse menino sofresse um pouco mais por suas ações para que ele entendesse nunca desafiar seu novo mestre e nunca mais tocar na garota.

      A cabeça de Yohji se voltou para a criança e seus olhos se arregalaram de medo. O jovem estava sorrindo para ele, mas não era um bom sorriso, era mortal. Nos cantos de seus lábios pálidos, o menino tinha longas presas afiadas e seus olhos não eram mais pretos, mas um vermelho escuro.

      Aqueles olhos vazios eram um contraste estranho com a pele e os cabelos de alabastro. Ele parecia uma criança, mas era um demônio disfarçado e Yohji estava aterrorizado.

      Ele observou com horror quando seus pés deixaram o chão e o menino se atirou nele, arrastando um grito aterrorizado de sua garganta já seca. Ele nunca soube o que o atingiu quando os dentes e as garras rasgavam sua carne, causando dor como nunca tinha imaginado.

      *****

      Toya olhou para a menina deitada no assento do passageiro ao lado dele.

      - Droga, Kyoko, nunca mais me assuste desse jeito! - Ele sabia que ela não conseguia ouvi-lo, mas isso não impediu que ele desabafasse. - Sua bobinha, você poderia morrido ou coisa pior! - Ele se virou para o prédio onde ela morava.

      Mesmo que ainda tivesse com uma cara amarrada, ele a carregou como se ela fosse a gema mais preciosa da terra e a levou até as escadas. Encontrando a porta trancada, ele xingou, virando a maçaneta, esperando não causar muito dano ao ouvir o barulho da porta se quebrando e depois a abrindo.

      - Bem, ela precisava de uma tranca melhor mesmo, com um assassino à solta. - Toya usou essa desculpa, arquivando-a para quando ela acordasse e gritasse com ele por quebrar sua porta. - Pelo menos ainda está presa pelas dobradiças - resmungou ele ao entrar no apartamento mal iluminado.

      Permanecendo imóvel no meio da sala de estar, ele olhou para Kyoko e ergueu uma sobrancelha, enquanto ele inalava o álcool misturado com seu aroma natural.

      - Ah, vejo como você é, Kyoko - sussurrou ele. - Não é justo, nem me levou para beber com você. O que você estava pensando?

      *****

      Kyou lutou para manter sua compostura, o que parecia estar acontecendo muito esta noite. Incapaz de guardar tudo dentro de si, sua mão em punho avançou e atingiu a parede com tanta força que pedaços da alvenaria saíram voando em todas as direções. Ele deu um grunhido irritado e seus olhos coloriram de rosa enquanto ele cheirava o ar.

      Ninguém ficaria com o que lhe pertencia sem pagar por esta interferência.

      Ele imediatamente identificou o aroma de Kyoko misturado com outro que parecia estranhamente familiar e masculino. Kyou soltou um grunhido, afastando a sensação enquanto levitava do beco e seguia o aroma que se tornara imerso em seu próprio ser.

      Sua figura solitária desapareceu nas sombras enquanto caçava por sua presa. Ele a encontraria e a tiraria das mãos do ladrão que a roubara. Os músculos do maxilar de Kyou se tensionaram com raiva. Como ela se atreveu a falar o nome de seu irmão para confundi-lo. Como se ela o conhecesse?

      De alguma forma, a mulher-filha tinha lançado um feitiço sobre ele, ele tinha certeza disso. Ele podia sentir na ponta de seus dedos a presença dela e sentiu o desejo de tocar a pele dela mais uma vez. Ele precisava saber como que ela era tão pura e qual era a luz que emanava de seu corpo.

      - Foi isso o que Toya estava procurando? Se foi, então esta garota é culpada pela morte de Toya? O que isso significa? - Ele desejava respostas. Essa luz o atraiu como uma mariposa para a luz e agora, ele descobriu, não podia apenas deixá-la ir. Era como se ela o tivesse chamado inconscientemente e ele não tivesse escolha senão responder.

      Kyou rosnou baixo enquanto seus olhos brilhavam com sangue. Esta menina era perigosa. Ele não era do tipo que precisa ou quer alguma coisa, não durante séculos. Ele existia apenas para vingar-se. Ele teria que lidar com ela com cuidado. Ele não confiava em si mesmo em torno dela. De alguma forma, ela o capturou e o que o irritava imensamente era que esta menina tinha, de alguma forma, o tornado fraco.

      *****

      Murmurando algo sobre reuniões de alcoólatras anônimos, Toya levou Kyoko para o quarto dela e gentilmente colocou-a na cama. Voltando rapidamente para a porta da frente, ele a trancou usando o trinco, já que ele quebrou a fechadura normal.

      - Ainda bem que ela só tinha trancado a maçaneta - ele encolheu os ombros e olhou em volta para a solidão do apartamento. Era muito diferente do rugido ensurdecedor que estava na boate. Estava quase calmo. Tirando os sapatos, ele suspirou:

      - Que noite. - Ele deixou seus ombros relaxar pela primeira vez o dia todo enquanto caminhava silenciosamente para onde sua Kyoko estava deitada.

      O luar fluía na janela, lançando um brilho etéreo sobre seu corpo. O rosto de Toya se suavizou ao olhar o rosto dela. Seu corpo magro pousava na cama com as mãos meio relaxadas em cada lado da cabeça. Parecia um anjo, tão em paz e tão inconsciente do perigo que passou. A mão de Toya se apertou ao pensar nisto. Ele teve vontade de sacudi-la e acordá-la para lhe dar alguns bons conselhos, mas ele não faria isso.

      Um franzir marcou o rosto de Toya, enquanto pensava em como ela foi parar naquele beco, sozinha, desmaiada, mas ilesa. Sem querer olhar um cavalo dado nos dentes, ele decidiu agradecer aos guardiões que cuidavam dela, quem quer que fossem.

      Pelo resto da noite, Kyoko estaria segura com ele. Isso era tudo o que importava.

      Um