Морган Райс

Arena Dois


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longe, no Hudson, está um barco de comerciantes d escravos – um belo, enorme, negro barco a motor, vindo rapidamente em nossa direção. Tem duas vezes o tamanho do nosso e, certamente, é mais bem equipado. Para piorar, tem outro barco atrás desse, mais distante.

      Logan estava certo. Eles estavam bem mais perto do que eu imaginava.

      Piso nos freios com tudo e derrapamos até pararmos, a uns dez metros da margem. Estaciono de qualquer jeito, abro a porta e saio, me preparando para correr.

      De repente, sinto que há algo muito errado. Sinto que não consigo respirar, tem um braço apertando minha garganta e então sinto que estou sendo arrastada para trás. Estou perdendo ar, vendo estrelas e não entendo o que está acontecendo. Os comerciantes de escravos nos emboscaram?

      “Não se mexa,” sibila uma voz em meu ouvido.

      Sinto algo afiado e frio contra minha garganta e percebo que é uma faca.

      E então eu entendo o que aconteceu: Rupert. O estranho. Foi ele quem me atacou.

      T R Ê S

      “ABAIXEM SUAS ARMAS” Rupert grita. “AGORA!”

      Logan está a alguns metros de distância, apontando sua pistola na direção da minha cabeça. Ele continua segurando-a e posso ver que está deliberando se deve ou não atirar neste homem. Sei que ele quer, mas está preocupado em me atingir.

      Percebo como eu fui idiota ao deixar esta pessoa vir conosco. Logan esteve certo o tempo inteiro. Eu deveria tê-lo escutado. Rupert só estava nos usado, estava atrás de nosso barco, nossa comida e nossos suprimentos, queria tudo para si mesmo. Ele está completamente desesperado. Percebo em um segundo que ele certamente irá me matar. Não tenho nenhuma dúvida disso.

      “Atire!”eu grito para Logan. “Vamos!”

      Eu confio em Logan – sei que ele atira muito bem. Mas Rupert me segura com força e eu posso ver que Logan está inseguro, indeciso. É neste momento que eu vejo nos olhos de Logan que ele tem medo em me perder. No final das contas, ele se importa. Ele realmente se importa.

      Aos poucos, Logan segura sua arma com a palma aberta e então a coloca suavemente na neve. Meu coração aperta.

      “Solte-a!” ele exige.

      “A comida!” Rupert grita de volta, sua respiração em meus ouvidos. “Estes sacos! Traga-os para mim! Agora!”

      Logan lentamente anda até a parte de trás do caminhão, pega os quatro pesados sacos e volta para o homem.

      “Ponha-os no chão!” Rupert grita. “Devagar”

      Lentamente, Logan os coloca no solo.

      À distância, eu ouço o gemido do motor dos comerciantes de escravos, se aproximando. Não consigo acreditar em como eu fui idiota. Tudo está desmoronando bem na minha frente.

      Bree sai do caminhão.

      “Largue a minha irmã!” ela berra.

      E então eu vejo o futuro se desenrolar diante dos meus olhos. Vejo o que vai acontecer. Rupert vai cortar minha garganta e então irá pegar a arma de Logan e irá matar Bree e ele. E depois Ben e Rose. Vai pegar toda a nossa comida e depois vai sumir.

      Matar-me é uma coisa. Agora, machucar Bree é outra, completamente diferente. E é algo que eu simplesmente não vou permitir.

      De repente, eu reajo. Imagens de meu pai passam em um flash por minha mente, sua coragem, seus movimentos nos combates mano-a-mano que ele havia me ensinado. Pontos de pressão. Golpes. Chaves de braço. Como se desviar de quase qualquer coisa. Como derrubar um homem com um só dedo. E como se livrar de uma faca no seu pescoço.

      Eu invoco algum reflexo ancestral e deixo meu corpo se envolver. Levanto a parte interna de cotovelo, quinze centímetros, e o abaixo com tudo, mirando em seu plexo solar.

      O golpe é preciso, exatamente aonde eu queria. Sua faca penetra um pouco em minha pele, arranhando-a, sinto dor.

      Mas, ao mesmo tempo, eu o ouço exclamar e percebo que meu golpe funcionou.

      Dou um passo e empurro seu braço para longe do meu pescoço e então dou um chute para trás, atingindo-o entre as pernas.

      Ele tropeça para trás e cai na neve.

      Fico ofegante, minha garganta está me matando. Logan mergulha para alcançar sua arma.

      Eu me viro e vejo Rupert sair correndo em direção ao nosso barco. Ele dá três grandes passos e pula bem no meio. No mesmo movimento, ele corta a corda que segura o barco à margem. Tudo acontece em um piscar de olhos; mal consigo acreditar na velocidade com que ele se movimenta.

      Ben fica ali parado, perturbado e confuso, sem saber o que fazer. Rupert, por outro lado, não hesita: se aproxima de Ben e lhe dá um soco no rosto com sua mão livre.

      Ben tropeça e cai e, antes que ele consiga se levantar, Rupert o agarra por trás e, quase o sufocando, segura a faca próxima a sua garganta.

      Ele se vira e nos encara, utilizando Ben como escudo humano. Dentro do barco, Rose está encolhida, gritando de medo e Penélope late como nunca.

      “Se você me acertar, vai acertá-lo também!” Rupert avisa.

      Logan está com sua arma de volta, de pé, mirando. Mas não é um tiro fácil. O barco vai se afastando da margem, já está a uns quinze metros, balançando loucamente com a força da correnteza. Logan tem uns cinco centímetros para acertá-lo sem matar Ben. Logan hesita e eu posso ver que ele não quer arriscar a vida de Ben, nem mesmo para nossa própria sobrevivência. É uma qualidade admirável.

      “As chaves!” Rupert grita para Ben.

      Ben, a seu favor, fez pelo menos uma coisa certa: ele deve ter escondido as chaves em algum lugar quando viu Rupert se aproximando. Bem pensado.

      Ao longe, de repente, vejo os comerciantes de escravos aparecendo, o ronco de seus motores cada vez mais nítidos. Tenho uma crescente sensação de temor, de desamparo. Não sei mais o que fazer. Nosso barco está distante demais da margem para que a gente consiga pular dentro dele agora – e, mesmo que pudéssemos, Rupert mataria Ben durante o processo.

      Penélope late e salta dos braços de Rose, atravessa o barco e afunda seus dentes no tornozelo de Rupert.

      Ele berra e, momentaneamente, solta Ben.

      Um tiro é disparado. Logan conseguiu sua chance e não perdeu tempo.

      É um tiro limpo, bem no meio dos olhos. Rupert olha de volta para nós com os olhos arregalados, enquanto a bala penetra em seu cérebro. E então ele dá um passo para trás, para a beira no barco, como se fosse sentar e, por fim, cai de costas no rio, espirrando água.

      Acabou.

      “Traga o barco de volta para a margem!” Logan grita para Ben. “JÁ!”

      Ben, ainda perturbado, entra em ação. Ele pega as chaves de seu bolso, liga o barco e o direciona de volta à terra. Eu agarro dois sacos de comida, Logan pega os outros dois e nós os jogamos dentro do barco assim que este toca a margem. Pego Bree e coloco dentro do barco, então corro de volta para o caminhão. Logan pega os sacos com suprimentos e eu pego Sasha. Então, ao me lembrar, volto para o caminhão e pego o arco e as flechas de Rupert. Sou a última a pular da margem para o barco, já partindo. Logan toma conta do timão, pisa no acelerador e vamos pegando velocidade, nos afastando do pequeno canal.

      Vamos depressa em direção à entrada do Hudson, a uns cem metros de nós. No horizonte, o barco dos comerciantes de escravos – belo, negro e ameaçador – avança em nossa direção, a uns oitocentos metros de distância. Será difícil. Parece que mal conseguiremo alcançar o canal a tempo, mal temos a chance de fazê-lo. Eles estarão bem atrás de nós.

      Nós alcançamos o Hudson assim que começa a anoitecer e, ao fazê-lo, os comerciantes de escravos estão à plena vista. Estão a menos de cem metros atrás de nós e cada vez mais perto. Atrás deles, no horizonte, também vejo o outro barco, mesmo estando a um quilometro e meio de distância.

      Tenho