corredor, teria visto um contorno brilhante de asas prateadas aparecerem nas costas de Toya, antes que desaparecessem despercebidas pelo guardião, agora de olhos prateados.
Capítulo 5 ─ Um aviso gutural
Kyoko apanhou um elástico de cabelo da penteadeira e puxou um pouco de seu cabelo castanho-avermelhado de volta para um rabo de cavalo, deixando nas costas uma curta camada saltitante e uma longa camada livre pelas costas. Inclinou-se para aplicar um ligeiro toque de blush e levantando-se, caminhou até o espelho de corpo inteiro para se admirar. Suki a tinha convencido usar algumas de suas roupas e Kyoko estava se sentindo diferente.
A minissaia preta inflou-se quando ela virou o corpo, e as pernas bem torneadas graças à malhação apareceram. A camisa rosa apertada tinha renda preta até a parte de trás, e na frente uma forma de renda preta em 'V' que ia quase até aos seios Ela balançou a cabeça ao se mirar no espelho.
Pensou se Suki não estaria correndo atrás de Shinbe tanto quanto ele a perseguia. Pegando seus brincos de cruz, ela se perguntou por que tinha concordado em parecer uma criança selvagem. Parou surpresa suas reflexões quando alguém bateu na porta timidamente.
Abrindo a porta enquanto ainda prendia seu brinco, Kyoko sorriu, sentindo-se melhor vendo que Suki vestia-se com mais ousadia do que ela. “Oh Suki, você vai deixá-los alucinados hoje a noite!”, disse enquanto olhava a amiga dos pés à cabeça.
Suki estava usando calças de couro apertadas e um top transparente azul com mangas longas e esvoaçantes que realçava seu corpo. Kyoko balançou a cabeça em aprovação, pensando quantas vezes Shinbe seria esbofeteado logo mais à noite.
“Você está só pedindo que Shinbe entre em ação, certo?” Ela arqueou uma sobrancelha para a amiga com o riso brilhando em seus olhos esmeraldas.
Suki olhava Kyoko aprovando satisfeita. “Sim, acho que hoje será a última noite divertida que teremos por algum tempo”. Shinbe pensa que a partir de segunda-feira vamos começar um treinamento mais difícil que nunca”. Seus olhos se iluminaram, "Mas para hoje a noite, vamos nos soltar por ai! Você vai amar esse lugar aonde estamos indo. É imenso e a banda essa noite vai tocar rock”.
Suki olhou em volta inspecionando os cômodos de Kyoko e arregalou os olhos. “Puxa! Nunca estive aqui antes”, falou olhando para Kyoko de novo. “Nunca ninguém foi admitido aqui, exceto Toya. Você se deu conta que apenas ele, você e Kyou estão aqui neste andar?” Ela estava com tanto receio de subir até a aquele piso que havia pedido permissão a Toya antes de vir ao quarto de Kyoto.
Kyoko sabia que Kyou tinha desejado tê-la onde ele e Toya pudessem vigiá-la melhor. Lembrando-se de tudo que ele dissera, sabia que ele estava certo sobre sua amizade com Suki no passado, pois, por alguma razão, sentia que a conhecia há muito tempo.
Subitamente, sentiu um nó na garganta, “Talvez os outros quartos também esteja, ocupados, eu não sei”. E disse já na porta, ”Mas sei que quero me divertir esta noite porque você está certa, provavelmente vai ser a última diversão por algum tempo”.
Sua mão parou na maçaneta e ela franziu o sobrolho, ´alguém esteve aqui´. Ela sentiu um calafrio percorrendo sua espinha ao se conscientizar disso.
Kyoko abriu a porta lentamente e deu uma olhada no corredor. Não vendo ninguém, foi em frente e Suki a seguiu. Voltou para trancar a porta atrás dela e girou o corpo rapidamente para ver Suki e ouviu um “grito curto”, provavelmente vindo de sua amiga. Ali, parado na porta de entrada, Kyou a observava...e não parecia satisfeito.
Kyou olhou Kyoko e sentiu sua raiva aumentar. Voltou o olhar para Suki mostrando claramente seu rosto desgostoso.
“Deixe-nos”, exigiu numa voz perigosamente fria.
Suki olhou apologeticamente para Kyoko, mas rapidamente cumpriu o ordenado temendo as consequências se hesitasse. Ela certamente não queria ficar contra Kyou e, além disso, o homem lhe dava calafrios. Ela tinha estado consciente desde seu primeiro contato, que ele era um imortal muito poderoso, cujo caminho ninguém queria cruzar. Ela estava feliz de estar do lado dele e de não ser sua inimiga.
Kyoko cruzou os braços diante dela, desapontada quando viu Suki apressada para sumir de vista. Virou-se então para se encontrar sob a atenção de Kyou, que no momento não parecia alegre. Ela arqueou uma sobrancelha para ele e esperou. Quando ele apenas ficou lá, perfurando-a com seus olhos dourados, ela sentiu seu temperamento começava a ferver. ´Maldito seja com seu olhar penetrante´.
“O que foi que eu fiz?”, ela finalmente perguntou, desistindo de esperar que ele lhe dissesse.
Kyou tinha ficado irritado quando sentiu a presença de Suki no andar. Quando as viu então saindo do quarto vestidas daquele jeito, viu que não era prudente deixar Kyoko sair. Não apenas ela corria perigo por parte do inimigo, havia também o risco de algum guardião, demônio ou humano querer se acasalar com ela. Kyou ficou furioso ao pensar nisso.
“Ninguém jamais virá a este andar sem minha permissão, exceto você e Toya, entendeu?. Sua voz soava como uma repreensão.
Kyoko se empertigou, mas rapidamente lembrou-se que o edifício era dele, logo, suas regras prevaleciam. “Sinto muito. Não sabia”, disse-lhe honestamente. Sentindo sua raiva diminuir, acalmou-se estalando os dedos das mãos. Estava começando a ficar nervosa porque ele não parecia mais feliz depois de suas desculpas.
Kyou deu um passo e ficou mais perto de Kyoko. Encarando-a, pareceu-lhe que podia quase vê-la através da blusa. “Não fui avisado de seus planos para hoje à noite”. Sentiu o ânimo dela piorar depois de suas palavras, e notou um brilho em seus olhos, mas não se importou. Se ele devia protegê-la, tinha que saber o que ela planejava. Ele sabia como as garotas da escola agiam, mas sentia que Kyoko ainda estava a parte, diferente das outras, inocente.
Kyoko mordeu o lábio inferior cismando se seria obrigada a comunicar-lhe cada movimento. “Não sabia que era obrigada a lhe dizer que ia sair”, disse tentando manter a voz calma, mas sabia que ela tinha que manter a posição para ter alguma liberdade.
“Vou sair com Suki e Shinbe hoje à noite”, disse-lhe firmemente, esperando que ele não tentasse impedi-la.
Kyou deu um passo adiante, somente para vê-la recuar um passo evitando olhá-lo de baixo para cima. Ele sorriu interiormente quando deu outro passo à frente. Literalmente encurralando-a contra a parede, deixou-se envolver pelo seu aroma.
“Vestida assim?”, perguntou zangado.
Kyoko arregalou os olhos agora que estava apenas a centímetros de seu rosto e ela estava olhado de baixo para cima. Ele era bem alto. O que ele tinha dito? Os olhos dela entrecerraram mais. ´Vestida assim...?´
“O que há de errado no modo como me visto?”. Ela encolheu-se contra a parede quando ele baixou o rosto ao lado do ouvido dela. Ela sentia sua respiração quente no pescoço.
“Você está procurando um companheiro?”, sussurrou no seu ouvido.
Kyoko subitamente teve medo do guardião defronte dela. As palavras que ele proferiu a deixariam furiosa em circunstâncias normais, mas agora elas apenas a faziam querer encontrar um canto escuro agradável para se esconder. Se um alfinete caísse no chão, soaria como um trovão naquele silêncio. Ela praticamente saiu da própria pele quando ouviu a voz de outro tão perto deles.
“Kyoko, você está pronta?” Toya se apoiou contra a parede observando-os. Podia sentir o cheiro do medo de Kyoko a três metros de distância. Fechou uma carranca para Kyou enquanto observava Kyoko se abaixar sob o braço dele e vir rapidamente para ele.
Kyou endireitou-se novamente, mais uma vez parecendo indiferente enquanto observava Toya se colocar entre ele e Kyoko, escondendo-a de sua vista.
Bem, onde eu já vi isto antes, pensou aborrecido dizendo então friamente: “Se ela for, você não deixe que ela saia de seu lado”. Cerrou os dentes flexionando a musculatura da mandíbula, não gostando de Toya vê-la vestida com tão pouca roupa.