Barbara Cartland

A Vingança Do Conde


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      Não fora um caso de amor à primeira vista e sim uma escolha racional. Charles se convencera de que a beleza de Sylvie era perfeita para adornar ainda mais a Lyndon Hall.

      Sylvie era, inegavelmente, mais linda do que as esculturas de deusas que decoravam o grandioso hall de mármore.

      Apesar de ter consciência de que a Sylvie Bancroft estava acostumada a receber os maiores elogios dos admiradores e de que seus pretendentes eram inúmeros, Charles soube instintiva- mente que ela não só aceitaria seu pedido de casamento como ficaria encantada em tomar-se sua esposa.

      Seria vitorioso, claro, Charles dizia a si próprio com confiança. Sempre fora assim e na questão de matrimônio a sorte não o abandonaria.

      Na noite anterior Charles havia dançado com Sylvie e lhe dissera:

      —Eu gostaria de estar com você em um lugar tranquilo onde possamos conversar sem que nos perturbem. Quero fazer-lhe uma pergunta importante.

      O riso de Sylvie soara límpido e musical. Ela sabia quais era as intenções dele e o convidara:

      —Nesse caso, faça-nos uma visita no sábado à tarde, no campo. Meus pais e eu iremos amanhã para a Banproft House. Ficarei muito feliz em revê-lo.

      O convite deixara Charles radiante, mas ele não o demonstrara. Respondera apenas:

      —Estarei com você às duas, no sábado.

      Para surpresa de Sylvie, ele não dançara com ela novamente. Deixara o salão pouco depois sem lhe dizer boa noite.

      Terminado o baile Sylvie voltou muito feliz para sua casa, na Belgrave Square, dizendo a si mesma que havia derrotado as amigas.

      Todas elas, sem exceção, haviam tentado conquistar Charles Lyndòn desde que ele surgira no cenário social.

      Charles Lyndon conduzia com prazer e perícia invejável os quatro magníficos cavalos. Aliás, ele era perfeito em tudo o que se dispunha a fazer.

      Enquanto os animais venciam as milhas com facilidade, Charles fazia mentalmente planos para seu casamento.

      Após a cerimônia, que seria realizada no campo, os recém-casados teriam uma breve lua-de-mel e se estabeleceriam na Lyndon Hall.

      Havia muito a fazer na mansão. Durante o tempo em que Charles estivera na guerra e com a doença do pai, Lyndon Hall fora um tanto negligenciada.

      Ôs criados que cuidavam da mansão desde que ele era um garotinho, já estavam idosos e mereciam se aposentar. Caso preferissem continuar trabalhando, precisariam de ajudantes.

      A sala de estar e o salão de recepções seriam redecorados e as pinturas do teto, obras de artista famosos, deviam ser restauradas.

      «Cuidarei dos consertos do prédio e deixarei Sylvie encarregada da decoração, bem como de receber nossos convidados e hóspedes», Charles decidiu.

      Sabia que assim que fixasse residência com a esposa na Lyndon Hall ambos teriam hóspedes com frequência e receberiam muitas visitas de amigos e vizinhos.

      Duas outras coisas faziam parte dos planos de Charles Lyndon, construir uma pista de corridas e ter uma bela matilha de cães de caça à raposa.

      Durante a longa guerra contra Napoleão Bonaparte tudo ficara estagnado e agora, tendo a Inglaterra sido vitoriosa, o país voltava aos poucos ao normal.

      No mundo social ninguém queria perder um minuto. Londres tomava-se uma cidade trepidante de vida. Charles Lyndon lembrou que antes de deixar a Lyndon House, sua casa na Berkeley Square, examinara a pilha de correspondência e constatara que quase todos os envelopes continham, convites para festas, recepções e bailes.

      Por sorte ele contratara um secretário muitíssimo eficiente que cuidaria de responder aos convites e às cartas.

      O antigo secretário, que trabalhava para o pai de Charles, aposentara-se e seu cargo era ocupado atualmente pelo Major Monsell.

      O Major servira na guerra napoleônica sob o comando de Charles e, tendo ficado viúvo logo depois de seu regresso à Inglaterra, sentira-se muito só. Portanto, aceitara prazerosamente o convite de trabalhar e morar na Lyndon House como secretário e contador.

      Para Charles era uma tranqüilidade ter um homem tão competente e organizado a seu serviço, o que o livrava de um trabalho tedioso.

      No mês anterior o Major Monsell se casara novamente com uma viúva sem filhos e ambos continuaram morando no Lyndon House.

      Avistando ao longe os imponentes portões da casa de lorde Bancroft, Charles Lyndon diminuiu a velocidade dos cavalos. Consultou o relógio e constatou satisfeito que quebrara um novo recorde.

      Ninguém jamais poderia dirigir de Londres a Buckinghamshire em tão pouco tempo. Seus quatro admiráveis cavalos, comprados na semana anterior no Tattersalps por alto preço, valiam cada libra despendida com eles.

      O faetonte transpôs os portões de ferro ricamente trabalhados da Bancroft House e quando faltavam três minutos para as duas

      Charles Lyndon refreava os cavalos diante da casa, enorme, porém sem grandes atrativos.

      Pontualidade era uma das virtudes que Charles mais prezava. No Exército todo o seu regimento era elogiado por jamais se atrasar ou demorar no cumprimento de uma ordem.

      Um tapete vermelho foi desenrolado sobre os degraus da entrada assim que o faetonte parou por completo. Dois lacaios trajando librés vistosas e cheias de enfeites se apressaram e postaram-se do lado da carruagem, enquanto o cavalariço de Charles saltava agilmente do banquinho traseiro para segurar as rédeas dos cavalos.

      Charles Lyndon desceu do faetonte com desenvoltura e elegância, o que era difícil, considerando-se a altura da carruagem.

      Um mordomo idoso, de cabelos brancos recebeu-o.

      —Bom tarde, sir. Espero que tenha feito boa viagem.

      —Sim, foi ótima e posso afirmar que estabeleci novo recorde— tomou Charles, satisfeito.

      O mordomo sorriu.

      —Não é de admirar, sir.

      Sem dizer mais nada o velho conduziu o visitante por um corredor, com excesso de mobília e abriu a porta de um salão decorado com inúmeros vasos de flores.

      De pé, junto da janela, estava Sylvie. Naquele vestido cor-de-rosa ela própria era a figura de uma linda rosa em botão.

      —Senhor Charles Lyndon, Srta. Sylvie— o mordomo anunciou.

      Sylvie desviou a atenção dos pombos brancos que se achavam no jardim repleto de flores, virou-se, estendeu as mãos para Charles que caminhava na sua direção e falou recatadamente:

      —Pensei que você talvez se tivesse esquecido da promessa de vir nos visitar.

      —Sabe que eu jamais deixaria de cumprir uma promessa— Charles replicou.

      — Está encantadora, Sylvie.

      Ela sorriu para Charles como se nunca tivesse recebido elogio semelhante.

      —Você deve imaginar qual é o motivo desta minha visita— ele acrescentou.

      —Bem, você disse que desejava me ver a sós, mas nada revelou sobre a razão de sua visita.

      —Que outra razão poderia ser? Quero que você seja minha esposa e vim pedir sua mão a seu pai!— Charles disse em tom solene.

      Sylvie simulou grande surpresa e indagou, vacilante:

      —Sua esposa?! Como eu poderia... imaginar que você... queria propor-me… casamento?

      Os olhos de Charles brilharam com mais intensidade.

      —Desde que a conheci, três semanas atrás, decidi que você era a mulher perfeita para ser minha esposa. Eu amo você, Sylvie— Charles declarou.

      —Imaginei