tudo sobre sua vida na CIA.
— Eu entendo. Vocês têm medo do que eu possa fazer.
— Sim — concordou Cartwright. — Pode ter certeza que temos.
— Vocês deveriam ter.
— Zero — o diretor adjunto advertiu. — Não. Deixe-nos resolver isso do nosso jeito, para que possa ser feito rápido, silenciosamente e de forma limpa. Eu não vou te dizer novamente.
Reid encerrou a ligação. Ele estava indo atrás de suas filhas, com ou sem a ajuda da CIA.
CAPÍTULO TRÊS
Depois de terminar a ligação com o diretor adjunto, Reid parou do lado de fora do quarto de Sara com a mão na maçaneta. Ele não queria entrar lá. Mas precisava.
Em vez disso, ele se distraiu com os detalhes que sabia, passando por eles em sua mente: Rais entrou na casa por uma porta destrancada. Não havia sinais de arrombamento, nem janelas nem fechaduras quebradas. Thompson tentou lutar contra ele; havia evidência de uma luta. Em última instância, o homem mais velho havia sucumbido às facadas no peito. Nenhum tiro foi disparado, mas a Glock que Reid mantinha perto da porta da frente tinha sumido. Assim como a Smith & Wesson que Thompson mantinha perpetuamente em sua cintura, o que significava que Rais estava armado.
Mas para onde ele as levaria? Nenhuma das evidências na cena do crime, que era sua casa, levava a um destino.
No quarto de Sara, a janela ainda estava aberta e a escada de incêndio ainda se desenrolava do peitoril. Parecia que suas filhas tentaram, ou pelo menos pensaram em tentar, descer por ela. Mas elas não conseguiram.
Reid fechou os olhos e respirou entre suas mãos, afastando a ameaça de novas lágrimas, de novos terrores. Em vez disso, pegou o carregador de celular, ainda conectado à parede ao lado da mesa de cabeceira.
Ele encontrou o telefone dela no andar do porão, mas não contou à polícia sobre isso. Nem mostrou a eles a foto que havia sido enviada - enviada com a intenção de que ele visse. Não podia entregar o telefone, apesar de ele claramente ser uma evidência.
Ele pode precisar disso.
Em seu próprio quarto, Reid ligou o celular de Sara na tomada da parede atrás da cama. Ele colocou o dispositivo no modo silencioso e, em seguida, reencaminhou as ligações e mensagens para o seu número. Por fim, ele escondeu o telefone entre o colchão e a cama. Não queria que o aparelho fosse levado pela polícia. Precisava que ele permanecesse ativo, no caso de mais provocações aparecerem. Provocações poderiam se tornar pistas.
Ele rapidamente encheu uma bolsa com algumas mudas de roupa. Ele não sabia por quanto tempo ficaria fora, até onde teria que ir. Até os confins da terra, se necessário.
Ele trocou os tênis por botas. Deixou a carteira na gaveta de cima da cômoda. Em seu armário, enfiado até a ponta de um par de sapatos pretos, havia um maço de dinheiro de emergência, quase quinhentos dólares. Ele pegou tudo.
Sobre sua cômoda havia uma foto emoldurada das meninas. Seu peito apertou com apenas um olhar para a imagem.
Maya estava com o braço ao redor dos ombros de Sara. As duas sorriam largamente, sentadas em frente a ele em um restaurante de frutos do mar, enquanto ele tirava a foto. Foi de uma viagem em família para a Flórida no verão passado. Reid se lembrava bem; ele havia tirado a foto alguns momentos antes de sua comida chegar. Maya tinha um daiquiri sem álcool a sua frente. Sara tinha um milk-shake de baunilha
Elas estavam felizes. Sorrindo. Contentes. Seguras. Antes que ele tivesse trazido esse terror sobre elas, elas estavam seguras. Na época em que essa foto foi tirada, a ideia de serem perseguidas por radicais que pretendiam lhes fazer mal, ou serem sequestradas por assassinos, era fantasia.
Isso é culpa sua.
Ele virou a moldura e abriu a parte de trás. Ao fazer isso, ele fez uma promessa. Quando as encontrasse - e eu vou encontrá-las - ele pararia. Pararia com a CIA. Com operações secretas. Pararia de salvar o mundo.
Para o inferno com o mundo. Eu só quero que minha família esteja protegida e que fique em segurança.
Eles partiriam, se mudariam para longe, mudariam seus nomes se preciso for. Tudo o que importaria para o resto de sua vida seria a segurança e a felicidade delas. A sobrevivência delas.
Ele tirou a foto da moldura, dobrou-a ao meio e enfiou-a no bolso interno da jaqueta.
Ele precisaria de uma arma. Provavelmente, poderia encontrar uma na casa de Thompson, bem ao lado, se conseguisse entrar sem que a polícia ou o pessoal da emergência visse...
Alguém limpou a garganta bem alto no corredor, um sinal de aviso óbvio, caso precisasse de um momento para se recompor.
— Sr. Lawson. — O homem entrou pela porta do quarto. Ele era baixo, um pouco de volume na barriga, porém, tinha linhas duras gravadas em seu rosto. Ele lembrava a Reid um pouco do Thompson, embora isso pudesse ser apenas culpa. — Meu nome é Detetive Noles, do Departamento de Polícia de Alexandria. Eu entendo que este seja um momento muito difícil para você. Eu sei que você já deu uma declaração para os primeiros oficiais a chegarem ao local, mas eu tenho algumas perguntas que gostaria de deixar no registro, se você, por favor, puder vir comigo até a delegacia.
— Não. — Reid pegou sua bolsa. — Eu vou encontrar minhas filhas. — Ele marchou para fora do quarto passando pelo detetive.
Noles o seguiu rapidamente.
— Sr. Lawson, nós desencorajamos veementemente que os cidadãos ajam em um caso como este. Deixe-nos fazer o nosso trabalho. A melhor coisa a se fazer seria ficar em algum lugar seguro, com amigos ou familiares, mas permanecer por perto...
Reid parou no final da escada.
— Eu sou um suspeito no sequestro de minhas próprias filhas, detetive? — ele questionou, sua voz baixa e hostil.
Noles o encarou. Suas narinas se abriram brevemente. Reid sabia, por seu treinamento, que esse tipo de situação era tratado com delicadeza, para não traumatizar ainda mais as famílias das vítimas.
Contudo, Reid não estava traumatizado. Ele estava irado.
— Como eu disse, eu só tenho algumas perguntas — respondeu Noles cuidadosamente. — Eu gostaria que você viesse comigo, até a delegacia.
— Eu rejeito suas perguntas. — Reid encarou de volta. — Eu vou para o meu carro agora. A única maneira de você me levar para qualquer lugar é algemado. — Ele queria muito que esse detetive robusto sumisse da sua frente. Por um breve momento, ele até considerou mencionar suas credenciais da CIA, mas não tinha nada para comprovar.
Noles não disse nada quando Reid se virou e saiu da casa para a entrada de veículos.
Ainda assim, o detetive o seguiu pela porta e atravessou o gramado.
— Sr. Lawson, só pedirei mais uma vez. Considere por um segundo como isso parece, você fazendo as malas e fugindo enquanto investigamos ativamente sua residência.
Um choque de raiva percorreu Reid, da base de sua espinha até o topo da cabeça. Ele quase largou a bolsa bem ali, tamanho era seu desejo de virar e acertar o detetive Noles na mandíbula por, mesmo que remotamente, ter implicado que ele poderia ter algo a ver com isso.
Noles era um veterano; ele deve ter sido capaz de ler a linguagem corporal, mas ainda assim continuou.
— Suas garotas estão desaparecidas e seu vizinho está morto. Tudo isso aconteceu enquanto você não estava em casa, ainda assim, não tem um álibi sólido. Você não pode nos dizer com quem estava ou onde estava. Agora está fugindo como se soubesse algo que nós não sabemos. Eu tenho dúvidas, Sr. Lawson. E eu irei obter respostas.
Meu álibi. O verdadeiro álibi de Reid, a verdade, era que ele passara as últimas quarenta e oito horas correndo atrás de um líder religioso