Barbara Cartland

O Duque e a Filha do Reverendo


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seria bom existir uma mulher que pudesse partilhar com Nolan o gosto pela literatura, mas mesmo que existisse, não adiantava tocar no assunto. O Duque recolhia-se imediatamente em sua concha, tornando-se inviolável até mesmo para seus amigos mais íntimos.

      Continuaram a cavalgar, falando sobre as colheitas da primavera, das perdizes e dos marrecos que nadavam aos pares, ao longo do rio que corria ao pé do capinzal. Ao se aproximarem da casa da fazenda, o Duque observou:

      −Agora tenho um bom administrador. Ele está criando um rebanho de gado Jersey que é o melhor que já tivemos.

      −Gostaria de vê-lo− disse o major.

      −Iremos lá amanhã. Creio que devemos voltar para ver como Richard está passando.

      −Sim, claro. A que horas virá o médico?

      −Ele disse que aproximadamente às nove horas.

      Pelo seu modo de falar, o major sentiu que estava preocupado com o rapaz. Esperava que ele sobrevivesse, para a felicidade de seu amigo.

      −Amanhã eu lhe mostrarei as éguas que estão prenhes… − ia dizendo o Duque.

      De repente, viram uma mulher que saíra correndo do celeiro da fazenda, dirigindo-se para eles, sacudia os braços, como para atrair-lhes a atenção. Ambos detiveram os cavalos.

      Ao chegar mais perto, viram que era ainda muito jovem e seus cabelos, de um loiro dourado. Evidentemnte, era uma camponesa ou trabalhava na ordenha, pois seu vestido estava desbotado e remendado.

      Ao chegar ao lado do cavalo do Duque, estava ofegante e não conseguia falar.

      Vendo que os dois esperavam, após um momento exclamou resolutamente:

      −Ajudem-me... por favor... ajudem-me!

      −O que está acontecendo?− perguntou o Duque.

      O major percebeu logo que era muito moça e incrivelmente bonita. Tinha os olhos muito grandes, num rostinho oval e embora os cabelos fossem loiros, as pestanas eram pretas.

      Os olhos, que de acordo com o seu tipo deveriam ser azuis, tinham a tonalidade de um céu enevoado, pelo menos naquele momento foi assim que lhe pareceram, mas talvez fosse porque ela estivesse visivelmente assustada, com as pupilas dilatadas.

      −O que lhe aconteceu?− tornou a perguntar Nolan.

      −É o meu pai… meu pai está muito mal… inconsciente. Receio que tenha sofrido um ataque cardíaco!

      O major observou que ela falava como uma pessoa educada, o que não era de se esperar numa pessoa de aparência tão maltrapilha.

      −Onde está o seu pai?− indagou o Duque.

      −No celeiro. Foi lá que… dormimos, na noite passada.

      −Pois então vamos até lá, para ver o que poderemos fazer por ele− sugeriu Nolan.

      Fez o cavalo seguir para a frente e a moça foi caminhando a seu lado, ainda bastante ofegante.

      O major, que ia atrás, notou que a mocinha era muito esbelta e era evidente a elegância no seu modo de andar. Certamente não è uma cigana, disse para si mesmo, mas quem mais poderia estar vagando pelos campos e dormindo num celeiro?

      O celeiro não ficava longe. Ao chegarem, a moça correu na frente, para empurrar a porta que estava aberta. O Duque apeou, entregou as rédeas do cavalo ao major e entrou.

      No celeiro estivera guardado o feno para o inverno, mas no momento restava um pequeno monte a um canto, no qual a moça já se encontrava inclinada sobre o corpo de um homem.

      O Duque aproximou-se dela. Olhou para baixo e surpreendeu-se ao ver um homem de aspecto distinto, cabelos brancos e traços bem definidos. Vestia um casaco preto e no pescoço viam-se as duas faixas de cassa branca, que indicavam ser ele um pastor.

      Seus olhos estavam fechados e o rosto muito pálido fez o Duque supor que estivesse morto, mas ao tomar-lhe o pulso, sentiu as batidas muito fracas, tão débeis que lhe pareceram praticamente imperceptíveis.

      −Ele está… vivo?

      As três palavras manifestaram tal ansiedade que o duque sentiu-se aliviado por poder responder:

      −Sim, está vivo, mas também acho que ele deve ter sofrido um ataque cardíaco.

      A moça juntou as mãos e esforçando-se por controlar-se, disse:

      −O que… posso fazer? Onde posso encontrar um médico para ele?

      −Estou esperando um em minha casa em menos de uma hora.

      −Então… o senhor poderia pedir-lhe para… vir ver meu pai?

      −Creio que seria melhor se seu pai fosse levado para um lugar mais adequado do que este.

      A mocinha escancarou os olhos, dizendo:

      −Acho que. . . não temos dinheiro para…

      −Não estou lhe pedindo que pague− interrompeu o Duque, com um sorriso−. É melhor deixar que eu me encarregue de tudo.

      Virou-se para sair. Após alguns segundos, a moça seguiu-o.

      −O que vai fazer?− perguntou.

      −Vou até a fazenda, pedir ao administrador que leve seu pai para minha casa numa carroça. Acho que deve querer acompanhá-lo e o melhor meio de evitar que ele seja sacudido será sentar-se no chão da carroça e descansar a cabeça dele em seu colo.

      −Farei isso− respondeu a moça ansiosamente−. Muito obrigada! Muito obrigada… mesmo!

      O Duque chegou à porta do celeiro, parou e olhou para ela.

      −Como se chama?

      −Calvine. Meu pai é o reverendo Aaron Calvine e estamos vindo de Northumberland.

      O Duque ergueu as sobrancelhas mas não fez nenhum comentário. Montou em seu cavalo e ao pegar as rédeas, disse:

      −Espere a carroça que virá buscá-la nestes quinze minutos. Eu a verei mais tarde.

      Afastou-se, e o major que o seguia perguntou:

      −O que aconteceu? Quem é essa mocinha tão encantadora?

      −O pai é um pastor e não há dúvida de que sofreu um ataque cardíaco. Primeiro pensei que estivesse morto.

      −Um pastor?!− exclamou o major−. O que ele está fazendo em seu celeiro?

      −Sei lá, mas com certeza no devido momento ficaremos sabendo a história e o motivo pelo qual estão tão longe de casa.

      −E onde fica ela?

      −Em Northumberland− respondeu o Duque.

      −Acho que você está sendo positivamente misterioso!

      −Estou apenas contando o que sei. Como o reverendo parecia estar morrendo, achei que o momento não era adequado para submeter a filha a um interrogatório.

      −Isso me parece incrível− observou o major−, see moram em Northumberland, que diabo estão fazendo aqui?

      O Duque não respondeu, porque haviam chegado à fazenda. Mal bateram palmas, o administrador apareceu, visivelmente satisfeito ao ver o patrão.

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