Amy Blankenship

Atração


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passavam por ele e todos desapareciam. Assim que a polícia ficasse longe da sua vista, a escumalha da terra voltaria a sair do esconderijo e voltaria à atividade normal.

      Damon zombou de duas mulheres seminuas e continuou a andar quando tentaram seduzi-lo com os seus corpos. Talvez há umas semanas atrás ele tivesse reconsiderado vagamente sobre isso, mas neste momento… ele não queria ter nada a ver com o sexo oposto. A ideia de beber o sangue de alguma delas fê-lo sentir-se ligeiramente indisposto.

      Ao virar uma esquina, Damon reparou em dois brutamontes mais à frente e ambos olharam na sua direção quando se aproximou. Aquilo sim era algo que lhe apetecia fazer.

      “Tá-se bem?” Perguntou um deles com uma voz profunda. Tinha as mãos enfiadas nos bolsos do casaco à espera de uma venda de drogas. Ao ter um vislumbre dos olhos selvagens do homem, decidiu desistir, achando que este tipo já tinha conseguido as drogas noutro sítio.

      Damon não respondeu e continuou a andar. Sabia o que se seguia e estava ansioso por isso. Estes dois tipos eram provavelmente os reis desta rua com os seus músculos salientes e olhos negros superficiais. Conseguia sentir o cheiro a sangue velho nas suas roupas e ver os dedos marcados que sempre carregavam. Yep, nas suas mentes, eram provavelmente umas lendas.

      “Ei!” Gritou o segundo, “o meu amigo fez-te uma pergunta.”

      “E o meu silêncio deveria ter sido suficiente para fazê-lo perceber que não estou de bom humor.” Damon avisou e voltou a cabeça para os encarar. Lançou-lhes um sorriso maléfico, as suas presas a brilhar sobre a luz fraca do candeeiro de rua quando eles viram as íris vermelhas dos seus olhos. “No entanto, um jantarzinho com vocês os dois parece-me bem.”

      Damon foi rápido a mover-se, agarrando no primeiro e drenando-o em menos de um minuto. Desatou a suar devido à dor quando mais balas começaram-lhe a sair mais rapidamente do corpo e aterraram no chão com estalos metálicos audíveis. Inclinando a cabeça para trás, desatou a rir-se sem fôlego antes de deixar cair o homem morto aos seus pés.

      O eco do segundo homem a fugir captou a sua atenção e Damon correu atrás dele, puxando uma vez mais as sombras para perto de si para disfarçar a sua perseguição. A dor e a adrenalina mantiveram-se elevadas.

      Alcançou o sacana corpulento e perseguiu-o por uns momentos, disfrutando do seu cheiro a medo. Quando o homem começou a abrandar, Damon limitou-se a soltar uma gargalhada na escuridão, fazendo com que o humano começasse a correr mais depressa. Sim, era disto que ele precisava… livrar o mundo desta escumalha humana enquanto lhes sugava o sangue que precisava para se curar.

      Ficando rapidamente farto da perseguição, Damon aproximou-se do homem e empurrou-o para um beco. Os esforços do humano eram minimamente valentes, mas quando comparado com a força superior de Damon… o resultado foi inevitável.

      Por fim, o homem parou de dar luta e Damon atirou-o para o chão imundo. Durante a luta, pequenos pacotes de pó branco caíram dos bolsos do homem, juntamente com um maço de dinheiro e uma arma. Damon ajoelhou-se ao lado do cadáver e, usando um canto da camisa, limpou-lhe o rosto de qualquer vestígio antes de pegar no dinheiro, guardá-lo no bolso de trás e ir-se embora.

      Ao chegar ao fim do beco, Damon enfiou as mãos nos bolsos e pôs-se a andar pela calçada como se não tivesse nada a temer. Agora que a sua necessidade de matar e de se alimentar estava parcialmente satisfeita, poderia ser mais seletivo na escolha da sua próxima vítima.

      Misery assistiu a todo o conflito entre o vampiro e os dois humanos que escolheu como vítimas. Queria aproximar-se dele, mas estava demasiado fraca para o fazer. Em vez disso, satisfez-se ao alimentar-se do medo que os dois humanos demonstravam enquanto o vampiro lhes sugava até à última gota de sangue. As suas mortes tinham sido deliciosas.

      O seu encontro com Kane ao início da noite forçou-a a usar todo o poder que tinha armazenado desde que fugiu da caverna. Esgotou quase todo o seu poder quando o combinou com o sangue de Kane. Criar rachaduras nas paredes dimensionais deste mundo foi um processo tedioso que exigia muito mais poder do que o que ela tinha de momento. Conseguia sentir os batimentos cardíacos malignos desta área e sabia que tinha despertado alguns dos demónios mais fracos que por aqui dormiam.

      Teria de ser mais forte para diluir as paredes de maneira a que os demónios do outro lado se apercebessem e pudessem aproveitar a vantagem. Se os demónios fossem suficientemente poderosos… poderiam terminar a fenda do outro lado e juntar-se a ela neste mundo.

      Apesar de a sua demonstração não ter sido suficiente para fazer o que pretendia, a maldade nesta cidade estava a desenvolver-se e não demoraria muito tempo até ela voltar a ter o seu poder no auge novamente. Uma vez alcançado esse nível de poder… ela poderia, uma vez mais, tentar rasgar as paredes desta dimensão. A aura deste vampiro não era tão saborosa quanto a de Kane, mas a semelhança e o potencial do ritual de sangue estavam definitivamente lá.

      Este vampiro… apesar de ter demonstrado um lado sádico que captou a atenção de Misery… tinha um poder completamente diferente do de Kane. Ela já sabia como aproveitar o verdadeiro poder de Kane, mas quanto mais olhava para a alma deste, mais conseguia ver a sua perigosa verdade. O poder que este possuía só podia ser libertado enquanto protegia algo ou alguém que amava. Um poder inútil desde que a criatura suprimiu tal emoção.

      Após estudar o vampiro por mais alguns momentos, Misery decidiu que era melhor se este permanecesse desprovido de amor, porque se ele alguma vez aproveitasse essa emoção… o seu poder seria ilimitado.

      Damon conseguia sentir o cheiro dos vampiros sem alma a vaguear ao seu redor e a descer pelos becos mais sombrios. Por um segundo, pensou em livrar a cidade de alguns deles, mas decidiu que já tinha feito a sua boa ação do dia. Se queriam alimentar-se dos vermes desta zona, quem era ele para os impedir? Não era nada que ele já não tivesse feito antes. Enquanto continuava a andar, mais balas caíam da sua camisola e atingiam o chão, tilintando na calçada como memórias esquecidas.

      Os cabelos da nuca de Damon eriçaram-se e ele parou de andar, virando a cabeça de um lado para o outro… estava a ser observado. Finalmente, jogando a cabeça para trás, os seus olhos estreitaram-se quando viu uma silhueta disforme à espreita no telhado do edifício ao seu lado.

      Regressando às sombras, Damon envolveu-se na escuridão à sua volta, odiando a falta de privacidade desta cidade com todas aquelas malditas espécies paranormais a andar de um lado para o outro. Antes de vir para cá, nunca tinha estado perto de transmorfos ou de anjos caídos. No seu país, os transmorfos tinham sido expurgados na idade das trevas e foram espertos o suficiente para não regressarem. Nunca se tinha apercebido do quão territorial era numa terra que tentava manter limpa.

      Nunca tinha sido de viajar pelo mundo como o Michael e o Kane… não quando se estava a divertir tanto onde estava. Mas aquilo no telhado não era um transmorfo… era um anjo caído e não era nenhum dos homens que tinha visto na igreja. Este devia ser o que escapou.

*****

      Zachary suspirou de alívio quando o último dos jornalistas finalmente se aborreceu e deixou a sua cena do crime, entre aspas. Voltou a sua atenção para os bombeiros cobertos de fuligem e estremeceu apaticamente. Coitados, nem sequer tiveram oportunidade de controlar as chamas, embora parecessem gratos por não se terem alastrado para lá das terras de Anthony Valachi. Zachary sorriu quando viu aquilo pelo qual tinha estado à espera.

      Tinha feito o fogo ficar tão quente, que sabia que não demoraria até que estivesse tudo queimado. Fê-lo por duas razões. A primeira, para dar pena aos humanos que sacrificavam diariamente as suas vidas a brincar com o fogo e a segunda, para destruir qualquer prova que os humanos não precisassem de ver… e isso incluía corpos para autópsia ou ossos para estudar.

      “Parece que estão a abrandar,” disse Chad ao aproximar-se de Zachary. “Surpreende-me que o Trevor não esteja aqui.”

      “Oh, ele esteve aqui,” Zachary sorriu. “A última vez que o vi estava a arrastar a tua irmã daqui para fora para eu explodir com o lugar.”

      “O quê?” Chad gritou e depois aproximou-se para que ninguém pudesse ouvi-lo. “Estou aqui há porra de uma hora e só agora é que me dizes que