secas e deitadas na rocha não muito longe. Voltando os olhos para os de Toya, ela sussurrou:
– Fui atacada e Shinbe salvou a minha vida. Eu estava a ajudá-lo porque ele foi ferido ao proteger-me, e daí? Eu beijei-o, grande coisa. Isto foi um agradecimento!
Ela tentou facilitar o caminho entre eles e em direção a suas roupas, mas mudou de ideias quando Toya novamente apontou a adaga para a garganta de Shinbe.
– Pediste-lhe um beijo como recompensa por salvá-la? Seu maldito pervertido!– rosnou Toya, agora ainda mais furioso com o guardião. Então, com um empurrão rápido, ele agarrou o braço de Kyoko, puxando-a para trás e fora da vista do seu irmão.
Os olhos de Shinbe brilharam de raiva pelo tratamento dado por Toya a Kyoko.
– Guarda a lâmina, Toya.
As palavras de Shinbe começaram a congelar quando ele se levantou tirando as calças, o peito ainda nu. Ele elevou-se sobre Toya ameaçadoramente, sendo o mais alto dos dois, se preparando para voar nele. Afinal … nunca ninguém o tinha chamado de cobarde.
Kyoko correu de volta e deslizou entre os irmãos mais uma vez. O peito dela acidentalmente roçou o peito de Toya ao mesmo tempo que as suas costas roçavam a pele quente de Shinbe porque eles estavam no meio de um passo ameaçador mais perto um do outro. A sua sobrancelha começou a contração muscular.
– Eu o beijei. Ele não pediu. Agora, vocês dois vão embora para que eu possa me vestir.
Ela olhou para cima, procurando o olhar prateado de Toya e suavizou a sua voz quase suplicante:
– Isso é mau o suficiente sem precisar piorar.
Ela sentiu Shinbe afastar-se e, sem se virar para olhar, sabia que ele estava as vestir-se.
Ela podia ouvir o farfalhar do material quando ele o tocava de forma descendente com movimentos bruscos.Para perceber melhor então, decidiu virar-se e olhar, ela manteve os olhos fixos em Toya esperando para ver se ele tinha mais algumas tendências para ferir Shinbe. Ela quase suspirou de alívio ao ouvir os passos de Shinbe em retirada ao deixar as fontes termais.
Toya não prestou atenção na partida de Shinbe. No momento, ele ainda estava olhando para os olhos de Kyoko em confusão. ‘Ela beijou Shinbe? Porquê?’
Ela estendeu a mão para tocar o seu braço, mas ele rapidamente virou-se e deu um passo para longe, virando-lhe as costas.
– Veste-te, mas não te vou deixar sozinha de novo. Ficarei até que estejas pronta para sair daqui. – disse com um tom de voz que ainda continha raiva.
Kyoko suspirou e rapidamente foi vestir-se com as suas roupas, correndo para elas. Uma vez finalmente vestida, ela virou-se, vendo as costas implacáveis e passou por ele, pronto para regressar à cabana quando ele estendeu a mão e agarrou o seu braço, girando-a para encará-lo.
Toya só queria saber o porquê. Porque ela beijaria Shinbe assim? A sua franja escura caiu adiante, protegendo os seus olhos dourados dela.
– Porque o beijaste? – sussurrou.
O cabelo dele balançava na brisa constante, fazendo com que os reflexos prateados brilhassem de forma atraente.
Kyoko franziu a testa sem saber como responder. Na verdade, talvez ela simplesmente quisesse, mas ela não podia dizer isso a ele. Ela suspirou:
– Eu não pensei, então … eu realmente não sei o porquê.
Ela baixou os olhos. Aquilo era a verdade de qualquer maneira.
Toya sentiu o medo invadir o seu coração com a resposta dela. Ele levantou a cabeça e olhou diretamente para ela, atraindo o seu olhar para ele.
– Kyoko, tu nunca me tentaste beijar … assim. – disse sem pensar.
Os olhos de Kyoko brilharam para ele por colocá-la em destaque, e ela gritou de volta para ele:
– Não me digas o que devo fazer! Além disso, eu não tenho namorado, então eu sou livre para beijar alguém que eu queira, certo?
Ela puxou o braço do abraço dele, ignorando a brutalidade da resposta dela e ela passou por ele perguntando por que de repente ele se importava.
Kyoko olhou para o chão enquanto caminhava em direção à cabana. Toya enfureceu-o. Como ousou ficar aborrecido com ela ou Shinbe por causa do beijo? O que era isso para ele, afinal? Ele não se importava com ela. Ele não amava ninguém, e então porque importar-se com quem ela beija? Ela abriu a porta da cabana e atirou-se na cama, profundamente pensativa.
Toya entrou atrás dela.
– É melhor que eu nunca te veja beijar Shinbe de novo! – gritou ele enquanto se sentava do outro lado da sala e recostou-se na parede.
Kyoko olhou para ele quando a sua mente percebeu exatamente o que ele acabara de dizer, ou ordenado. ‘Como ele se atreve!’ – pensou quando os seus olhos esmeralda começaram a disparar faíscas.
– Eu vou beijar, quem eu quiser, sempre que eu quiser!
Com isso, Kyoko levantou-se com raiva, enrolou o saco-cama, pegou na mochila e dirigiu-se para a porta.
Toya saltou para segui-la com um olhar ferido.
– Onde pensas que vais, caramba?
Ele não pretendia deixá-la com raiva o suficiente para sair. Ele simplesmente não gostou do fato de que Shinbe a tivesse tocado.
Kyoko parou com a mão no batente da porta, de costas para ele.
– Toya.
Ela virou-se levemente, levantou a mão na direção dele e, com um sorriso zangado, ela usou o feitiço ‘Domesticar’ nele, sabendo o quanto ele odiava.
– Cala-te!
Toya atingiu o chão com uma série de maldições. Kyoko pisou fora da porta, passando por Shinbe e caminhou em direção ao santuário inaugural com toda a intenção de voltar para casa.
Shinbe estava de costas para a cabana, com um leve sorriso no rosto. Ele ouviu o que Kyoko tinha dito, e o seu sorriso aumentou quando ouviu Toya cair no chão. Kyoko não o viu parado ali quando ela saiu, e então ele seguiu’a enquanto ela entrava na floresta.
Capítulo 4 ‘Não vás’
Chegando ao coração dos jardins do tempo, Kyoko sentou-se lentamente na relva em frente a estátua da donzela, olhando para o rosto dela. Ela concentrou-se no rosto que ela sabia espelhado nos seus próprios olhares. Essa imagem pertencia ao antepassado de quem a estátua foi feita em memória. E se vivendo ao mesmo tempo, eles poderiam ser gémeos.
Kyoko afastou o pensamento, lembrando-se do motivo pelo qual agora estava sentada na relva em primeiro lugar. Os seus pensamentos começaram a brigar entre si como se ela nem estivesse lá para ouvir. 'Toya é um idiota!' Ela acabara de voltar e ‘tudo o que ele podia fazer era gritar’ com ela. Às vezes ela apenas … odiava-o… Ok, talvez isso fosse mentira. Kyoko suspirou:
– Eu não posso mentir para mim mesma. Eu amo Toya e quando ninguém está por perto para testemunhar isso … ele frequentemente prova que me ama também. Kyoko estreitou os olhos em pensamento. – Mas tem sempre que explodir.
Ela estava a ir para casa e talvez nunca mais voltasse. Ela saltou com todas as intenções de colocar as mãos nas mãos da donzela, sabendo que a levaria para casa. ‘Mas então eu nunca mais veria Shinbe.’ Os seus olhos arregalaram-se e a sua mente gritou:
– Mas tu gostas dele!… Isso é ridículo. – argumentou ela consigo mesma. – Só tenho sentimentos porque sonhei com ele, isso não significa nada. – Ela afastou-se da estátua, abaixando a mão hesitante e sentou-se, encostando-se a uma pedra fria.
– Mas e se ele também tiver sentimentos por mim? Se o beijo tivesse ido mais longe, então ele teria me beijado de volta? Quem foi que beijou no início? Mas ele é um mulherengo… ele beijaria qualquer mulher. E ele defendeu-me com Toya. Mas só porque ele se sentiu ameaçado e, além disso, é assim que Shinbe é.
Uma