Kim Lawrence

O mais importante


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Um grupo de «betos» elitistas que não fazia mais nada a não ser bajularem-se, dizendo quão superiores eram em relação ao resto dos mortais. Não sei dizer quanto tempo passámos a idealizar os nossos futuros brilhantes.

      – Quinn! – exclamou Rowena, indignada

      – Vais dizer que não tenho razão? – Quinn olhou-a com regozijo.

      Rowena suavizou a expressão e esteve quase a sorrir, mas lembrou-se que não podia descontrair-se diante de Quinn.

      – Não, tens razão – reconheceu com um suspiro. – Éramos insuportavelmente presunçosos.

      – Em nossa defesa, devo alegar que éramos muito jovens – disse Quinn, olhando para as outras três mulheres. – E quase todos perdemos essa arrogância, com a idade.

      – Se isso é uma indirecta… – começou Rowena a dizer, vermelha de fúria.

      – Não, não és arrogante – disse ele, com um sorriso.

      – É mesmo teu! Vês nos outros os teus próprios defeitos – disse ela. – Não sei como chegaste até aqui, mas estou a pensar chamar os seguranças – ele respondeu-lhe com um sorriso atrevido. – Achas que estou a brincar, Quinn? Põe-me à prova…

      – Não, não creio que estejas a brincar. Para isso necessitavas de sentido de humor e de habilidade para te rires de ti própria.

      Quinn pensou que ela merecia que a estrangulasse, por todas as semanas de angústia que o tinha feito passar. Olhou para a curva do seu colo e o contorno daqueles lábios tão suaves… Quiçá fosse melhor beijá-la.

      – Não me parece que este seja o momento para falar da minha incapacidade – disse ela, apertando a mandíbula, e, sem querer, apreciou a pele bronzeada de Quinn. – Por amor de Deus, veste-te!

      Não estava segura do que seria pior, se ter de superar a excitação que aquela imagem lhe produzia ou o facto de as outras mulheres também se estarem a babar ante semelhantes músculos.

      Sem parar para pensar no que estava a fazer, pressionou a camisa contra o seu peito.

      – Isto diverte-te? Não sei como é que entraste aqui, nem porque é que vieste – as lágrimas começaram a surgir nos seus olhos, enquanto Quinn permanecia impassível. – Vieste para me humilhar? – perguntou-lhe com voz furiosa.

      Quinn arqueou uma sobrancelha e sorriu cinicamente.

      – Sabes muito bem porque vim, Rowena – afirmou com uma voz ameaçadora.

      Tirou-lhe a camisa das mãos trémulas e enfiou-a pela cabeça. Ao metê-la para dentro da cintura, ela fixou-se na fivela de prata do cinto. Era a mesma que ela tinha desapertado naquela noite… Rowena tentou não se deixar levar pelas recordações, mas foi inútil. A sua cabeça encheu-se de imagens eróticas. A sua pele bronzeada coberta de suor, a aspereza da sua voz, reduzindo-a a um grito sufocado de necessidade, a expressão de triunfo no seu rosto, enquanto a tomava com a sua força…

      Levou uma mão ao ventre e tentou recuperar o fôlego e a compostura. O desejo tinha-a atingido com tanta força que era como ter-se estampado contra um muro de pedra ardente.

      – Estás contente? – perguntou-lhe ele, quando acabou de vestir a camisa.

      Ao vestir-se, ficou despenteado e, então, Rowena, sem pensar, esticou a sua mão e alisou-lhe os cabelos escuros. O bom senso abandonou-a, quando os seus dedos tocaram no couro cabeludo.

      Apercebeu-se da intimidade que aquele gesto implicava, quando Quinn afastou a cabeça. A recusa violenta fez com que olhasse para ele com uma expressão dorida. Os seus olhares encontraram-se durante um segundo repleto de tensão, antes de ele ocultar a sua expressão com as pálpebras.

      Um gesto tão inocente jamais tinha sido tão mal interpretado. Era óbvio que as coisas tinham mudado…

      Mas quando tinham começado a mudar?

      Capítulo 2

      Rowena tinha tentado várias vezes determinar o momento exacto em que a sua relação com Quinn se convertera em algo mais do que uma simples amizade.

      Tinha de ser antes da sua breve estada na sucursal de Nova Iorque. Ela precisava de um acompanhante para assistir a um baile de beneficência e Quinn, que tinha aceite um emprego num hospital universitário da cidade, apareceu no último momento.

      Apesar de já o conhecer, até àquela noite e graças aos comentários e olhares que recebeu de toda a gente, não se tinha apercebido de quão arrebatadoramente bonito Quinn podia ser.

      Aquele foi um sarau maravilhoso e tudo graças a ele. Não só sabia dançar estupendamente e era um bom conversador, como a fizera rir como ninguém, graças ao seu apurado sentido de humor.

      – Fizeste sucesso esta noite – disse-lhe, quando ele a acompanhou de madrugada ao seu apartamento. Bocejou e inclinou-se para apanhar os sapatos que tinha tirado ao entrar no Jaguar.

      – Esse era o nosso objectivo – respondeu ele.

      – Agora sei como conseguiste seduzir todas aquelas mulheres – Quinn tinha bom gosto para as motos, para os carros e para as mulheres, mas não tinha a habilidade para fazer com que as relações durassem. Talvez fosse pela sua profissão ou talvez por não ter encontrado a mulher ideal. Esse pensamento fê-la sentir-se incomodada.

      – Se não te conhecesse tão bem, até eu tentaria seduzir-te – brincou ela, enquanto calçava os sapatos.

      Ele olhou para ela durante uns segundos, com uma expressão enigmática no rosto.

      – É só isso que te detém?

      Rowena sorriu, mas não conseguiu ver qualquer indício de humor em Quinn. Pelo contrário, olhava-a de uma maneira muito tensa, que lhe provocou um nó na garganta.

      Não conseguia lembrar-se do que disse a seguir, numa tentativa frustrada de romper o incómodo silêncio, mas sabia que não servira de nada. Quinn parou, olhando-a, fazendo com que se sentisse uma estúpida.

      O que conseguia recordar perfeitamente era o toque do seu braço contra o seu peito quando o esticou para abrir a porta. Rowena morreu de vergonha, ao sentir que os seus peitos se endureciam com a fricção, e rezou para que ele não notasse através do tecido fino do vestido, enquanto saía do carro.

      Depois daquilo, não havia nenhuma razão para recusar a série de convites que se seguiram. Ao fim e ao cabo, não eram mais do que amigos e não havia nada de mal em jantar com um amigo e irem juntos ao teatro. Em relação a passear debaixo da chuva junto ao rio… havia modo mais inocente de passar a tarde?

      Tão pouco queria queixar-se do comportamento de Quinn. Comportava-se como um perfeito cavalheiro e não voltara a repetir o incidente do carro, por muito que ela, em segredo, o desejasse.

      Era ela quem lhe tocava no braço ou nos joelhos e quem se assegurava de que ele via as suas pernas, quando se sentavam frente a frente. Fazia-o de um modo suficientemente discreto, ou pelo menos ela achava que sim, até que, uma noite, no seu apartamento, depois de a levar a jantar, Quinn lhe pediu uma explicação.

      – Não sei a que te referes – protestou ela. – Não estou a jogar nenhum jogo.

      – Bem, pode ser que seja esse «nada» que me esteja a pôr louco – disse ele, passando a mão pelo cabelo. – Tu estás a deixar-me louco – realçou.

      – Ah, sim? – perguntou ela, incapaz de ocultar a sua satisfação. – Quem diria…

      Quinn pareceu surpreender-se e começou a rir. Era um riso tão cálido e descontraído, que Rowena não se enfadou com ele.

      – Bem, pois, se te interessa, digo-te que me sinto atraída por ti – declarou sem mais rodeios.

      Quinn não ocultou o seu regozijo e ela sentiu-se imediatamente aliviada.

      –