Maggie Cox

Mundos aparte - De ama a esposa


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opinião, piscou-lhe o olho novamente.

      Briana cerrou os dentes, irritada. Olhou para os outros e tentou captar a sua atenção com um sorriso. Mas encontrou o olhar de Pascual. Não parecia aborrecido, tal como Tina dissera, estava irritado! Perguntou-se se se devia ao facto de ela ter entrado na sala de jantar.

      Noutros tempos, o seu rosto iluminava-se sempre vez que a via entrar. Briana não conseguiu evitar ter saudades daqueles tempos felizes. Ser jovem e estar apaixonada pelo homem dos seus sonhos. Viver numa cidade vibrante e espantosa como Buenos Aires fora incrível. Às vezes, tinha de se beliscar para recordar que aquilo fora real. Parecia-lhe que tudo fora um sonho, porque se sentia agora muito sozinha. Mas bastava-lhe olhar para o rosto doce do seu filho para ver a semelhança com o seu pai carismático. Então, agradecia a Deus. Adán recordava-lhe que não perdera tudo. Tinha o seu adorado filho.

      – E o senhor Domínguez? – obrigou-se a perguntar. – Gostaria de ir ao casino?

      – Só se aceder a acompanhar-me, menina Douglas – respondeu ele, num tom de voz suave, arqueando uma sobrancelha. – Eu gosto de levar uma rapariga bonita quando vou ao casino… Para dar sorte, sabe.

      – Eu… Receio que tenha trabalho.

      Todos os olhos pousaram nela e Briana desejou que o chão se abrisse sob os seus pés. O que é que Pascual quereria ao convidá-la a ir com eles? Sem dúvida, sabia que era inapropriado e que a poria numa situação comprometedora.

      – Vá lá, menina Douglas – disse Mike Daniels, outro dos empresários. – O senhor Domínguez é o nosso convidado desta noite. Veio da Argentina para vir à reunião, o mínimo que podemos fazer é conceder-lhe o seu desejo, não acha? Considere-o um trabalho extra. Os meus colegas e eu pagaremos qualquer gasto.

      Ainda hesitante, Briana adivinhou que Pascual estava a divertir-se com o seu desconforto e vergonha. Desejou poder dizer a Mike Daniels, que fazer de acompanhante do seu convidado VIP não estava incluído nos serviços que a sua empresa prestava. Mas tinha a sensação de que o ex-noivo podia tornar a vida difícil a todos, se se recusasse a acompanhá-lo.

      – Não trouxe roupa apropriada para ir a um casino.

      – Essa roupa serve perfeitamente – o sorriso do seu torturador ampliou-se e os seus olhos escuros faiscaram, maliciosos, enquanto percorria o seu corpo de cima a baixo. O seu olhar parou na curva generosa dos seus seios, sob o casaco de veludo.

      Briana percebeu que tencionava envergonhá-la e humilhá-la o máximo possível. Teria deixado a sua raiva clara se estivessem sozinhos. Contudo, dadas as circunstâncias, via-se obrigada a conter-se. Fazer uma cena arruinaria a reputação de boa profissional que tanto lhe custara conquistar.

      – Está bem, então. Telefonarei para o casino para lhes dizer quantos somos.

      O clube privado estava situado numa elegante casa georgiana, numa rua tranquila, e receberam-nos de braços abertos. Habituado ao facto de o seu nome e a sua riqueza lhe abrirem todas as portas, Pascual encostou-se às costas esbeltas de Briana enquanto os conduziam para o casino privado, ao qual só alguns tinham acesso.

      Estava a anunciar a quem se incomodasse em olhar para eles, que ele era o seu acompanhante dessa noite, mas não parou para analisar porque se sentia tão possessivo a respeito de uma mulher que o tratara com um desdém imperdoável. Pascual só sabia que precisava de estar perto de Briana e também gostava de a incomodar. Magoara-o muito e, por puro instinto animal, queria encontrar uma forma de se vingar… De fazer com que pensasse duas vezes antes de voltar a agir assim.

      Quando o gerente do casino lhe perguntou o que lhe interessava, respondeu sem hesitar que era a roleta americana. Segundos depois, estavam sentados à volta de uma mesa redonda de mogno, com uma roleta no meio e pediam as bebidas a uma bonita empregada que usava um vestido lilás. Pascual assegurara-se de que Briana se sentava ao seu lado no banco estofado com veludo vermelho. Aproximou a sua coxa da dela e sorriu, satisfeito, ao perceber como tremia. Ele também estava a sentir-se afectado pelo cheiro sedutor do seu perfume e pelo calor do seu corpo. Praguejou entredentes. Custava-lhe a acreditar que, tantos anos depois, continuasse a atraí-lo daquela forma.

      Entre eles havia uma química irresistível, isso era inegável.

      Ao captar um brilho ciumento no olhar de Steve Nichols, o argentino, pensou, irónico, que tudo era válido no amor e na guerra, e aproximou-se mais de Briana. Ela levantou o olhos cinzentos e corou violentamente.

      – Escolherás os meus números esta noite – disse ele, num tom de voz suave, enquanto o croupier distribuía as fichas.

      – Não sei se o jogo me convence – replicou ela. – E se perderes tudo por minha causa?

      Como se tivesse compreendido que esse comentário também podia aplicar-se à maneira como acabara a sua relação, mordeu o lábio inferior com força, sem conseguir esconder a sua inquietação.

      – Lamento – murmurou.

      Por um instante, Pascual esqueceu que não estavam sozinhos, mas num lugar público, embora supostamente discreto e frequentado por pessoas importantes em busca de privacidade. Teve de lutar com o impulso selvagem de reclamar a sua boca e beijá-la com paixão.

      Pensando que talvez isso fosse possível depois, incapaz de deixar de olhar para ela, esforçou-se por controlar o ritmo do seu coração. A ideia cresceu no seu interior, excitando-o.

      – Façam as vossas apostas – convidou o croupier.

      – O que vai ser? – perguntou Pascual à sua acompanhante, arqueando uma sobrancelha.

      Sem desejo de participar, mas consciente de que não podia negar-se, Briana franziu o sobrolho.

      – Seis vermelho – disse.

      – Porquê o seis?

      – Sempre me trouxe sorte – respondeu.

      Enquanto a pequena bola branca saltava pela roda, todos a seguiram com o olhar, como se estivessem hipnotizados. Pascual, que não se importava de ganhar ou perder, sentiu um aperto no coração quando a bola caiu no seis vermelho. Acabara de multiplicar a importância da sua aposta por trinta e cinco.

      Os seus anfitriões e outros dois casais aplaudiram com cortesia. Quando o croupier lhe entregou as fichas, Pascual pô-las à frente de Briana.

      – Volta a apostar – incitou, com um sorriso. – Tens outros números que te dêem sorte? O que ganhares será para ti.

      – Preferia não o fazer, se não te importares – com aspecto agitado, levantou-se. Vermelha como um tomate, parou uma empregada. – Podia dizer-me onde é a casa de banho, por favor? – pediu.

      Pascual, um pouco preocupado, levantou-se também. Agarrou Briana pelo cotovelo quando começava a afastar-se.

      – O que se passa? Sentes-te mal?

      – Não devia ter vindo aqui! – gritou ela. Os seus olhos prateados cintilaram sob a luz do lustre opulento que pendia do tecto. – Vim e arrependo-me de o ter feito.

      – Porquê? Incomoda-te tanto ganhar dinheiro?

      – Não estou a ganhar nada, Pascual! É o teu dinheiro que estás a arriscar à sorte e não quero saber mais do assunto.

      – Que princípios tão elevados! É uma pena que não fossem evidentes quando fugiste de mim há cinco anos, sem sequer me explicares porque tinhas decidido que não era suficientemente bom para ser o teu marido!

      – Vi-te a beijar outra mulher! – os ciúmes e a dor embargaram Briana com tanta força como no momento do incidente.

      Recordando onde estavam, olhou para trás de si e verificou que tinham audiência. Abanou a cabeça com angústia. Não tencionara reagir assim, mas a lembrança embargara-a desde que voltara a ver Pascual e já não conseguia ocultá-lo mais tempo. Deu um puxão para libertar o seu braço, tentando recuperar o equilíbrio