Maggie Cox

Mundos aparte - De ama a esposa


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aqui para trabalhar, não para proporcionar diversão nocturna aos meus clientes! – exclamou, num tom indignado.

      – Alegra-me ouvir isso. Porque não duvido que o lisonjeiro senhor Nichols fosse o primeiro a fazer fila à tua porta.

      Briana tremeu.

      – Mesmo que tivesses razão, garanto-te que não sinto o mínimo interesse por esse homem.

      – Melhor.

      – Não gostas dele?

      – Até agora, não vi muito que me agrade – confessou Pascual. – Este acordo não está fechado, mesmo que isso te surpreenda. Como disse antes, não é só uma questão de dinheiro. Tenho de me certificar de que os meus cavalos estarão em boas mãos e receberão o tratamento e cuidados que merecem, dado a sua raça e treino excelentes.

      – A julgar pelo que ouvi, os seus estábulos em Windsor têm uma reputação impressionante.

      – Talvez… Mas os nossos três amigos adquiriram-nos recentemente. Acabaram de descobrir a sua paixão pelo pólo. Isso não é garantia de que saibam administrar um picadeiro com sucesso ou cuidar dos cavalos.

      – Mas haverá pessoas que se ocuparão de o fazer por eles, não é?

      – Mesmo assim… – Pascual encolheu os ombros. – Já chega de falar de negócios por esta noite.

      Aproximou-se mais e pôs as suas mãos esbeltas nos antebraços de Briana.

      – Sabes que me interessa muito mais convencer-te a passares a noite comigo.

      – Porquê? – olhou para ele, serena e controlada, embora tivesse o coração acelerado. – Pelos velhos tempos? Ou para demonstrar que podes? No caso de teres dúvidas, Pascual, dir-te-ei que continuo a achar-te atraente e que poderia deixar que me seduzisses. Mas, no fundo, ambos sabemos que não seria boa ideia e, provavelmente, acabaríamos por nos sentir mal. Não física, mas psicologicamente. O que tivemos faz parte do passado e, mesmo que tudo tenha acabado mal, penso que devia continuar a ser assim.

      – E deixar as coisas como estão? – fez uma careta de amargura. – Talvez isso seja bom para ti, Briana, mas para mim não. Já tive de esperar cinco anos para ouvir dos teus lábios uma explicação, saber a razão por que te foste embora. O facto de me teres visto a beijar a minha ex-namorada nessa festa é apenas a ponta do icebergue, tenho a certeza!

      – Prometi falar contigo amanhã, não foi?

      – Sim. Mas como sei por experiência que as tuas promessas não são duradouras. Entenderás que tenha as minhas dúvidas a respeito disso.

      Briana engoliu em seco, sentiu culpa, remorso e angústia em partes iguais. Se Pascual já duvidava da sua honestidade, não imaginava como reagiria no dia seguinte, quando lhe falasse do filho cuja existência lhe escondera. Tremiam-lhe tanto as pernas que estranhava que conseguisse continuar de pé.

      – Está bem – aceitou ele, com um certo desinteresse. – Continuaremos esta conversa amanhã, quando regressar do jogo de pólo. Agora, vou servir-me de uma bebida e ficarei um momento na sala, a imaginar-te na cama e a fantasiar com o que tens vestido. Sei que sempre resistias a dormir nua, continua a ser o caso?

      Briana, ao recordar como costumava gozar com a sua «modéstia encantadora», agarrou-se ao corrimão com mais força. Independentemente do que usava na cama, Pascual sempre conseguira fazer com que acabasse nua.

      – Boa noite, Pascual… – murmurou, optando por ignorar a pergunta.

      – Boa noite, Briana!

      Esboçou um sorriso e virou-se bruscamente, dirigindo-se para a sala. Briana observou-o até abrir a porta e as costas largas desaparecerem da sua vista. Ainda sentia o seu sabor intoxicante na boca, como um néctar embriagador que a fazia desejar que a sua noite juntos tivesse acabado de forma muito diferente…

      Parecia que alguém tentara atirar a porta abaixo. Briana, com o coração acelerado, esperou que os seus olhos se adaptassem à escuridão. Depois, inclinou-se para o candeeiro e acendeu-o. Levantou-se da cama e correu para a porta, para ver quem batia com tanta urgência. Pensou, aterrorizada, que talvez tivesse acontecido alguma coisa ao seu filho.

      A imagem que se ergueu à frente ela, na escuridão do corredor, era a de Pascual. Os seus olhos cintilavam como os de um louco prestes a perder o controlo. A sua expressão de fúria e raiva deixou-a cravada no lugar.

      – Ordinária egoísta e sem coração! – gritou ele.

      – O que se passa? – perguntou ela, num tom fraco, levando a mão ao decote da camisa de dormir de algodão. Receava conhecer a resposta.

      Ele entrou no quarto, fechou a porta com um pontapé e dirigiu-se para Briana como uma pantera prestes a precipitar-se sobre a sua presa. Ela recuou, assustada, mas Pascual agarrou-a e puxou-a para si. O seu peito duro agiu como um muro impenetrável que impediria a sua fuga.

      – Tens um filho! Um filho de quatro anos! É meu, não é? Tem de ser meu! Nem sequer tu me terias enganado com outro homem enquanto estivemos juntos… Certifiquei-me de que passavas quase todas as noites ocupada na minha cama!

      Durante uns segundos intermináveis, Briana ficou sem fala. Ao ver a tempestade de dor e de ódio que o rosto de Pascual reflectia, sentiu um nó no estômago, de medo e arrependimento.

      – Como…? – gaguejou, quase sem sentir a pressão férrea dos seus dedos no pulso. – Como descobriste?

      – A tua colega, Tina, esclareceu muitas coisas – respondeu ele, num tom venenoso. – Encontrei-a na sala, a ler e sugeri que bebesse alguma coisa comigo. Sentados à frente da lareira, o álcool não demorou a fazê-la falar. Antes de dar por isso, estava a contar-me a história da tua vida!

      – Ela… Não faria isso!

      – Sabes muito pouco sobre a natureza humana – Pascual soltou-lhe o braço, como se fosse uma serpente venenosa. – Não é de estranhar que a tua empresa esteja à beira da ruína! Não sabias que todos têm um preço? No caso da tua colega, bastou um copo de xerez para que pusesse todos os teus segredos a meus pés.

      Novamente sem palavras, Briana passou a mão pelo cabelo despenteado. Desejou que Tina não tivesse sido tão liberal na sua conversa ou que tivesse ido dormir ao mesmo tempo que ela, em vez de se deixar baralhar pelo encanto incrível de Pascual. O que mais a incomodava era que tivesse descoberto a existência do seu filho não por ela, mas por uma colega dada ao mexerico. Era lógico que estivesse furioso. E, sem dúvida, era inevitável que ela assumisse a sua culpa, apesar de continuar a pensar que tivera uma boa razão para o abandonar.

      – Sim… Adán é teu filho – tinha a boca tão seca que lhe custou dizer as palavras. Com um ar de dor, levantou o olhar para receber a resposta dolorosa daquele homem que parecia encher o quarto com a sua presença imponente, fazendo com que se sentisse relegada a um canto minúsculo.

      – Adán? – o seu tom de voz era rouco, como se também lhe custasse falar. – Tiveste a temeridade de lhe dar um nome espanhol e de esconder de mim, o seu pai, a sua existência… Porquê?

      Pascual, abanando a cabeça, foi incapaz de esconder a sua tortura. Briana sentiu um aperto no coração por ele, embora soubesse que rejeitaria e odiaria qualquer demonstração de compaixão.

      – Porque lhe dei um nome espanhol?

      – Não! Porque me escondeste que estavas grávida e ignoraste os meus sentimentos como se não tivessem a menor importância? Pensei que era impossível que me ferisses mais do que quando te foste embora, sem sequer me dares a menor indicação de que tencionavas fazer uma coisa tão incrível. Mas acabei de descobrir que és capaz de crimes muito piores. Enganei-me ao pensar que te conhecia, Briana. O teu comportamento está para além da minha compreensão. És uma estranha para mim!

      Pascual viu as emoções a sucederem-se no seu rosto pálido e