Barbara Cartland

A Duquesa Impetuosa


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o Duque estava quase se divertindo—, que você não deve tê-lo encorajado muito a ser ardente.

      —Claro que não!— Jabina exclamou—, eu disse a ele assim: «Prefiro casar com um bacalhau, milorde

      O Duque riu, incapaz de se conter.

      —Acho, Jabina— ele disse, depois de um momento—, que seu projeto de viajar até Nice sozinha é absolutamente impossível. É muito triste para você ter de se casar com um homem de quem não gosta, mas, talvez, depois de ter dado a seu pai o susto da sua fuga, ele seja mais razoável, não?

      —Eu não vou voltar!— Jabina gritou—, já lhe disse. Não vou voltar! Nada me forçará a voltar para lá!

      —Então o problema é seu— o Duque respondeu—, na próxima estalagem nossos caminhos se separam.

      —O senhor é igualzinho a Pôncio Pilatos— a voz de Jabina era desdenhosa—, está lavando as mãos de um problema, simplesmente porque não sabe o que fazer.

      —Por um momento o Duque ficou perplexo.

      Não estava acostumado a que ninguém lhe falasse daquela maneira.

      —Não é problema meu— ele se defendeu.

      —Injustiça, crueldade e brutalidade são problemas de todo mundo— Jabina declarou—, se o senhor fosse um jovem cavalheiro como os heróis dos romances, estaria pronto para lutar por mim, para me ajudar a escapar das forças do mal. Poderia até me levar em sua carruagem até a segurança do abrigo de seu castelo!

      —Isto parece mesmo saído das páginas de um romance— o Duque comentou—, mas infelizmente, o meu castelo, como você diz, é muito, muito longe daqui e, se eu a levasse para lá, seria muito difícil justificar sua presença.

      Ele sorriu para a jovem.

      —Os cavalheiros que resgatavam donzelas em perigo, no passado— ele continuou—, pareciam nunca ter problemas sobre o que fazer com elas, depois!

      —É verdade. E me surpreende que o senhor tenha pensado nisso.

      O Duque não respondeu. Levantou as sobrancelhas apenas.

      —Desculpe se fui rude— ela disse, impulsiva, depois de um momento—, mas o senhor está lendo um livro tão velho. Fiquei observando milorde e não parecia muito interessado na leitura.

      —É um tratado sobre manuscritos medievais.

      —Viu?— Jabina exclamou—, era isso que eu queria dizer! Um livro desses nunca me faria pensar que o senhor pudesse saber alguma coisa sobre cavalheiros errantes e donzelas em perigo!

      —Talvez minha educação tenha sido falha nesse aspeto— concordou o Duque—, mas mesmo assim, Jabina, tenho de achar uma maneira de convencê-la a voltar para junto de seu pai.

      —Não perca seu tempo. Não vou voltar. Vou para a casa de minha tia.

      —Tem dinheiro para a viagem?— ele perguntou.

      Jabina sorriu e o Duque notou que ela tinha uma covinha do lado esquerdo do rosto.

      —Não sou tão cabeça oca como o senhor imagina— respondeu—, tenho quinze libras na minha bolsa que peguei da gaveta da governanta quando ela não estava olhando. E trouxe também todas as joias da minha mãe. Estão presas pelo lado de dentro do meu corpete e por isso não posso mostrá-las ao senhor. Mas sei que são muito valiosas e quando chegar em Londres vou vendê-las. O dinheiro vai ser mais do que suficiente para ir até Nice.

      —Mas não pode fazer a viagem toda sozinha— o Duque ralhou.

      —Por que não?

      —Primeiro, porque é jovem demais.

      Ela esperou, sorrindo.

      —Continue— pediu.

      O Duque hesitou, procurando as palavras adequadas.

      —E segundo— ela continuou—, porque sou muito bonita. Pode dizer. Eu sei que sou bonita. Todo mundo me diz isso, faz anos.

      —Não está sendo um pouco convencida?— o Duque perguntou.

      —Nem um pouco! Minha mãe era linda e eu sou como ela. Ela era meio-francesa e morava em Paris antes de se casar com meu pai.

      —Você não parece nada francesa.

      —Isso é porque todo mundo que é ignorante, acha que as francesas são sempre morenas— Jabina respondeu—, minha mãe tinha cabelos vermelhos como os meus. E o senhor deve saber também que Josephine, a mulher de Napoleão Bonaparte, é ruiva, não?

      Jabina tornou a empinar a cabeça. Era um hábito seu.

      —Acha que vou fazer muito sucesso em Paris?

      O Duque procurou o que dizer.

      Ele pensava como poderia explicar àquela jovem impulsiva por que não poderia viajar sozinha para Paris e que o tipo de sucesso que ela poderia obter lá certamente estaria em desacordo com a educação que tinha recebido.

      Mas ele convenceu-se de que não tinha nada a ver com isso.

      Não devia, sob nenhuma alegação, nenhuma hipótese, se envolver numa coisa que poderia resultar num desagradável escândalo.

      Não conhecia Lorde Dornach, mas, sem dúvida, devia ser um nobre. O simples fato de a noiva ter fugido já causaria, por si só, muitos rumores, não havendo, portanto, a menor necessidade de saberem que a fuga fora auxiliada pelo Duque de Warminster.

      O Duque começou a entrever um grande número de perigos, nos quais, de maneira nenhuma, poderia envolver-se.

      Acomodou-se melhor em seu canto da carruagem e desconversou:

      —Tem razão, Jabina, de dizer que é assunto seu e que não devo me meter. Assim que chegarmos à próxima estalagem, tomaremos rumos opostos. E acho que seria mais conveniente se nenhum de nós dois tivesse conhecimento da verdadeira identidade do outro.

      —Já sei quem é o senhor— Jabina respondeu—, é o Duque de Warminster. Ouvi quando o seu cocheiro contou ao dono da estalagem assim que chegaram. Mas devo confessar que pensei que era uma brincadeira.

      —Brincadeira?

      —Bom, os Duques, em geral, não viajam só com dois cocheiros, sem batedores e acompanhantes.

      —Minha segunda carruagem se atrasou— o Duque disse antes que pudesse se conter.

      Não tinha a menor intenção de dar explicações àquela criança impertinente.

      —Então foi isso. Mas, mesmo assim, é um meio pobre de se viajar. Não pode gastar mais do que isso?

      —Claro que posso— o Duque respondeu, quase irritado—, mas não gosto de ostentação, acho que batedores, a não ser em ocasiões especiais, são absolutamente desnecessários.

      —Se eu fosse Duque— Jabina continuou—, usaria sempre batedores e meus cavalos iriam sempre na frente para eu não ter de depender dos que pudesse encontrar na estalagem.

      —Meus cavalos sempre viajam na frente quando estou no sul— o Duque contestou—, mas na verdade, vim para o norte em meu iate e me pareceu desnecessário mandar meus próprios cavalos à frente, uma distancia tão grande.

      —Veio de iate? Que fascinante! E onde está ele?

      —No porto de Berwick— o Duque informou—, e tenho a intenção de velejar para o sul, ao longo da costa, depois subir o rio Tamisa, até Londres.

      —Isso é o que eu chamo de original!— Jabina exclamou—, o senhor não é, afinal, tão emproado como eu pensava.

      —Emproado?

      —É um Duque mais simplório— Jabina disse, com franqueza—, primeiro, não está bem vestido. Sua gravata está muito baixa, as