Victory Storm

Atração De Sangue


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o que fazer, assim, acabei por desistir e pôs-me à procura de um esconderijo alternativo.

      Vi uma pequena sala escondida à minha esquerda e entrei.

      Estava vazia, mas havia uma pequena cavidade, pouco visível, mesmo ao lado da entrada.

      Decidi parar ali e esperar, agachada por terra. Esperava que o Matt me alcançasse em breve.

      Já não sentia praticamente nenhum barulho.

      Desejava voltar para junto da minha tia. Nunca me tinha afastado dela e não desejava certamente fazê-lo logo agora que estava em perigo. Estava também tremendamente preocupada com ela. Desejava com todo o meu coração que não lhe tivesse acontecido nada de mal.

      Sem me aperceber, senti escorrer-me pela face duas grandes silenciosas lágrimas quentes.

      Em breve, fui invadida por soluços e calafrios.

      Tinha medo.

      Queria voltar a casa, junto do Ahmed, com a tia e o padre Dominick.

      Sentia-me sozinha e desesperada.

      Tremia perante o pensamento que pudesse acontecer alguma coisa de mau a todos eles.

      E a culpa era só minha.

      Eu e a minha anemia.

      Porque tinha que acontecer logo a mim?

      Odiava-me. Com o meu nascimento tinha causado apenas preocupações e mortes. Desejava nunca ter nascido.

      Continuava tão embrenhada na minha dor entre os soluços, que nem me apercebi de como o tempo passou. Nem tive coragem de me mexer.

      Lembro-me apenas que a dada altura, alguma coisa me tocou, assustando-me de morte.

      Procurei por todo o lado uma figura humana, mas acabei por encontrar apenas um gato que me olhava com dois olhos lindíssimos que brilhavam no escuro.

      Procurei acariciá-lo e ele esfregou-se nas minhas pernas a ronronar.

      Aquele pequeno gesto, me fez sorrir.

      «E tu, que fazes aqui, pequenino?» sussurrei-lhe com a voz rouca do choro.

      O gato continuou a enroscar-se em mim.

      Por fim, saltou-me dos braços.

      Consegui vê-lo melhor, apesar da vista desfocada pelas lágrimas e pela escuridão. Tinha o pelo claro, o focinho esfumado de preto e os olhos emanavam uma luz dourada.

      Fiquei muito surpresa por encontrar um gato logo naquele momento.

      Sempre desejei ter um gato, mas a tia era tremendamente alérgica ao pelo deles, assim nunca tinha conseguido ter um. Nem mesmo quando encontrei um pequeno rafeiro preto na estrada e fechei-o todo o dia no quarto para a tia não o ver, consegui ficar com um.

      Lembro-me como a tia começou imediatamente a espirrar e a respirar mal, logo contei-lhe que tinha encontrado um gatinho.

      Veio-me à mente a sua cara perturbada, enquanto dizia-me para levá-lo dali para fora o quanto antes.

      Acabou por me salvar o padre Dominick que levou o gato, prometendo-me que lhe ia encontrar uma família amável capaz de cuidar dele.

      Quem sabe que fim teve aquele gatinho?

      Não soube mais nada dele.

      De qualquer forma, depois daquele episódio, passou-me a vontade de ter um gato.

      Naquele momento, aquele gato pareceu-me uma pequena consolação divina, para ajudar-me a não me sentir tão sozinha.

      Era a primeira vez que estava sem a minha tia e isso fazia-me sentir perdida, sobretudo nesta situação, onde arriscava de morrer.

      Queria a minha vida de volta.

      Fico devastada ao pensar em tudo aquilo que tinha perdido.

      Recomecei a chorar, sem me dar conta que algumas lágrimas caíam sobre o pelo do gato, que, entretanto, continuava a acariciar delicadamente.

      Não sabia quanto tempo tinha passado, mas sentir nas mãos o pelo suave do gato tranquilizou-me e relaxou-me de tal forma que, acabei por adormecer esgotada pelas emoções.

      Não era um verdadeiro sono profundo.

      Na minha mente continuavam a passar imagens de todo o tipo, relacionadas com o passado e com o presente, mas em todo o lado estavam aqueles olhos azuis que me prometiam morte.

      Acabei por acordar sobressaltada.

      Senti-me desorientada, mas o solo duro, a parede fria contra as minhas costas e a posição desconfortável recordaram-me imediatamente onde me encontrava.

      Rapidamente, tentei lembrar os últimos acontecimentos.

      O gato.

      Não estava mais sobre as minhas pernas e não sabia onde estava.

      «Gatinho, onde estás?» sussurrei, procurando-o com o olhar no escuro da sala.

      «Foi-se embora» murmurou uma voz da outra parte da pequena sala, fazendo-me saltar de medo.

      «Matt?» pronunciei esperançosa.

      Logo a seguir, ouvi passos lentos na minha direção.

      De repente, uma figura preta aproximou-se na minha frente.

      Reconheci os sapatos pretos.

      Depois o meu olhar levantou-se em direção às calças. Pretas.

      De seguida, um longo impermeável de pele negra, aberto à frente deixava entrever uma camisa de seda negra ligeiramente desabotoada.

      Não me lembrava que Matt usasse um impermeável.

      Tomada pelo nervosismo, levantei ainda mais rapidamente o olhar, até que ficou novamente refém daqueles olhos azuis, que conseguiam destacar-se apesar da pouca luz. Era ele. O vampiro.

      Sufoquei um grito.

      O meu medo fê-lo dobrar os ângulos da boca num sorriso satisfeito, mas ao mesmo tempo ameaçador.

      «Não sou o Matt, desculpa-me. Apresento-me. Blake» apresentou-se, fazendo uma vénia. Apesar daquela aparente gentileza, mostrava perfeitamente a sua satisfação cruel por ter-me encontrado.

      Blake. Era ele. O vampiro invencível que me queria morta a todos os custos.

      Continuei a olhá-lo fixamente, sem me aperceber que me tinha estendido a mão para me ajudar a levantar.

      Apercebi-me que não tinha forma de fuga, mas procurei levantar-me sem ele. Tinha demasiado medo de tocá-lo.

      Apoiei-me na parede gelada e levantei-me, apesar da dor nas pernas, que tinham ficado encolhidas numa má posição por não sei quanto tempo. Senti imediatamente um formigueiro nos pés e isso fez-me perder o equilíbrio por um instante, mas o vampiro com um movimento rápido segurou-me por um braço e ergueu-me.

      Aquele gesto repentino me fez ficar aterrorizada.

      Se estivéssemos numa outra situação, tinha-lhe agradecido de bom grado, mas naquele momento apercebi-me apenas que estava nas mãos do inimigo.

      Procurei libertar-me com um empurrão, mas o seu punho era firme e depois da minha tentativa tornou-se ainda mais rígido, quase doloroso.

      «Vamos» ordenou-me com um tom de voz que não admitia réplicas.

      «Onde me levas?» perguntei hesitante tentando manter a distância.

      «Para fora daqui» respondeu-me distraidamente, acompanhando-me à porta pela qual devíamos escapar eu e o Matt.

      Não pronunciei uma palavra, mas sabia que aquela porta não se abria, assim teríamos que voltar para trás e talvez pudesse pedir ajuda quando chegássemos.

      Embalada pelas minhas esperanças, deixei-me transportar sem protestar.

      Blake forçou um pouco