Amy Blankenship

Corações Em Fúria


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eles era quase tangível e estava realmente a começar a desanimá- la. Toya sentou- se num galho na árvore perto da fogueira e Kyoko sentou- se perto da fogueira sozinha.

      Eles ainda não tinham dito uma única palavra um ao outro e agora ele nem sequer olhava para ela. Ela franziu a testa sentindo- se ligeiramente insultada. Beijá- la era tão mau assim? Toya sentou- se na árvore de mau humor. Ele viu- a franzir a testa.

      Ele é que a beijou. Ela não lhe disse uma palavra sobre o que ele tinha feito. Ele preferia que ela gritasse com ele ou algo assim, mas ele não sabia o que pensar sobre ela não dizer nada. Ela estava tão zangada assim com ele?

      Ele deveria pedir desculpa? Os seus lábios diminuíram em negação. Ele não se desculparia por algo que não queria fazer. Ele deveria ignorar e agir como se não tivesse acontecido. Nesta altura, ele só queria que tudo voltasse a ser como era, embora ele mesmo não esquecesse o beijo.

      Toya olhou para ela querendo saber o que ela estava pensar. Kyoko observava o céu quando começou a escurecer. Ela desejava que Kamui estivesse aqui, mas sabia que ele não voltaria até de manhã. A companhia teria sido bem- vinda. Agora, ela até se contentaria com Shinbe e Suki a começar uma briga entre si.

      Ela sorriu... agora que sempre foi divertido. Ela brincou com a ideia de ir para casa, mas já era tarde e levaria horas para voltar ao Coração do Tempo, a menos que Toya a levasse. Lembrar- se do jeito que ele agiu todas as vezes que ela queria ir para casa impediu que ele pedisse para ele levá- la.

      Ele parecia pensar que era um pecado deixar este mundo mesmo por um dia. A última coisa que ela queria fazer era começar uma briga com ele agora.

      Ela estendeu a mão na sua mochila e puxou a sua capa fina, sem saber mais o que fazer. Talvez se ela corresse e dormisse, quando acordasse, alguém estaria ali... alguém além dele. Ele agiu como se já tivesse esquecido de beijá- la e isso irritava- a. Ele não disse que gostou. E ele não pediu desculpas.

      Ele só não disse nada, como se nunca tivesse acontecido. Kyoko arremessou o cobertor para dormir e esticou- se nele, decidindo apenas olhar para as estrelas que estavam lentamente a começar a aparecer. Ela não pôde evitar, mas ela foi beijada duas vezes nas últimas 24 horas, e depois de nunca ter sido beijada antes, era só nisso que ela conseguia pensar.

      Ela começou a comparar os dois beijos. O beijo de Kyou foi poderoso e emocionante, embora isso a assustasse por causa de quem ele era. Ainda assim, os seus lábios estavam quentes, e ela pensou que eles seriam frios. As mãos no corpo dela estavam quentes, ao invés do toque arrepiante que ela presumiu que ele teria.

      Ela gemeu quando a memória enviou uma onda de calor através do seu corpo. Toya contorceu- se quando ouviu um gemido fraco vindo de Kyoko. Olhando para ela, ele notou que ela parecia perdida nos seus pensamentos. Os seus olhos escureceram para um ouro derretido.

      O seu cheiro estava a mudar e estava a atraí- lo. Ele inalou o cheiro doce. Ela estava a pensar nele? Os seus pensamentos voltaram para quando ele tinha voltado aos seus sentidos, depois de mudar da sua forma amaldiçoada. Os seus lábios eram macios e ela não estava a lutar com ele. Ele ainda pode prová- la. Nada o afetou assim.

      Kyoko era uma história diferente. Quando ela não estava a gritar com ele, ela era uma das pessoas mais felizes que ele já conheceu. Não que ele conhecesse muitos humanos, mas ainda assim, ela era como a sua luz na escuridão. Ele secretamente adorava protegê- la e mantê- la por perto.

      Quase fez quebrar o coração de cristal do guardião a pena... Quase. Agora ele tinha que protegê- la de Hyakuhei e de todos os demónios ao redor. Ele olhou para ela sentindo que ela tinha adormecido. Ele sabia que se eles não se concentrassem em reunir o talismã, do que as coisas poderiam se tornar muito mortais... muito mortal para ela estar no meio de tudo isso.

      É por isso que ele constantemente incentivava o grupo para continuar à procura. Toya saltou levemente da árvore e pousou calmamente perto dela. Ele perseguiu a distância de alcance dela e sentou- se. Ele sempre fazia isso depois que ela ia dormir para que ele pudesse estar perto dela se algo acontecesse, isso e o fato de que ele simplesmente gostava de estar perto dela. Ele relaxou num sono leve. O menor som acordá- lo- ia e ele estaria pronto.

      Kyoko adormeceu... Sonhou. Toya tinha acabado de matar Hyakuhei e estava a sorrir enquanto se aproximou dela, esmagando- a contra ele. Ele parecia maior que a vida. Olhando profundamente nos seus olhos, os seus lábios aproximaram- se dos dela enquanto os seus olhos suavizavam. Ela podia ver o amor a brilhar neles. Ela hesitou, de repente inseguro do que estava a acontecer.

      - E o portal do tempo... não preciso levar o coração de cristal do guardião de volta ao meu mundo? - sussurrou com preocupação.

      Toya apenas sorriu para ela e balançou a cabeça.

      - Não sabes que eu amo- te e nunca deixaria que saísses? - disse e baixou os lábios para os dela e o beijo tirou o seu fôlego. Era profundo e apaixonado. Parecia tão real. Ela fechou os olhos e o beijo mudou.

      O beijo foi forte e sensual, tudo ao mesmo tempo. Percebendo a diferença, ela abriu os olhos e olhou para os olhos dourados de Kyou. Ela podia sentir as suas mãos no seu corpo, movendo- se lentamente e tentando- a para responder. Ela cedeu à sensação e fechou os olhos mais uma vez.

      Foi quando tudo mudou e Kyoko sentiu um frio a percorrer a coluna. Os lábios quentes tornaram- se escaldantes e ela sentiu o mal a irradiar deles. As mãos acariciando o seu corpo eram como fogo e as garras desenhavam finas faixas de sangue por toda parte que tocavam. Os seus olhos abriram- se para olhar nos olhos da meia- noite... Hyakuhei.

      Ela ouviu- o sussurrar com uma voz suave e sedutora manchada pelo mal...

      - Ninguém pode salvá- lo.

      Kyoko começou a lutar e podia ouvir- se os gritos, mas ele era muito forte. Ele estava a segurá- la com um aperto de morte. Ela gritou de novo, tentando lutar com ele. As mãos seguravam- na para baixo e desapareceram e ela sentiu- se levantada e pressionada contra algo sólido.

      - Kyoko, acorda... Kyoko.

      Espera... não era Hyakuhei... as suas lutas diminuíram. Ela sentiu uma mão a deslizar através do seu cabelo, embalando- a e fazendo- a sentir- se segura.

      Lentamente, ela abriu os olhos e podia ver o cabelo escuro com madeixas prateadas. Ela foi pressionada contra o peito de Toya e ele segurava- a... balançando lentamente para frente e para trás. Pensando que ainda estava a sonhar, Kyoko aconchegou- se nele e fechou os olhos novamente não querendo que o sonho acabasse.

      Enquanto Toya a segurasse, Hyakuhei não voltaria aos seus sonhos para assombrá- la. Ela estava quase no colo dele e podia ouvi- lo.

      - Está tudo bem, Kyoko. Estou aqui contigo. Está tudo bem agora. Shhh...

      Ela podia sentir o seu corpo ainda tremendo do sonho, mas ela acalmou- se com a voz suave de Toya. O som do seu batimento cardíaco embalava- a seguramente num sono sem sonhos.

      Toya podia sentir que ela estava lentamente a acalmar- se. Ela quase o assustou até a morte, batendo e gritando enquanto dormia assim. O que quer que fosse, assustou- a e assustou- o muito. Ele puxou- a até que ela estava todo o caminho no seu colo. Ele segurou- a firme e o seu tremor lentamente diminuiu.

      O seu rosto foi pressionado contra o seu peito e ele estava a embalar o seu corpo nos seus braços. Ela era leve como uma pena para ele e Toya amava aquela sensação.

      - Shhh... Estou contigo. Nada te vai magoar. Eu não vou deixar. Agora volta a dormir, Kyoko.

      Ele gentilmente balançou- a e as suas pontas dos dedos escovavam o seu cabelo do seu rosto. Ela foi expulsa do sonho e tinha os olhos fechados... mas ele podia sentir que ela sabia que ele era o único que a segurava. O seu coração pulou uma batida pensando que Kyoko sabia que ele a estava a segurar e ainda assim ela não se opôs.

      Ela já estava voltar a dormir enquanto ele tocava levemente o seu rosto, traçando o contorno, e sentindo a sua pele sedosa. Enquanto dormia, ela parecia um anjo nos seus braços... o seu anjo. Isto era o que ele queria. Ele nunca deixaria