Marco Lupis

Entrevistas Do Século Breve


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sendo feito na pele do meu pai!

      

      

       Como está o estado de saúde do general?

       Não devemos esquecer que ele tem oitenta e três anos e que acabou de passar por uma cirurgia dificílima. Está se recuperando aos poucos, mas o diabetes não o deixa tranquilo e todos os dias deve se submeter a cuidados e controles médicos.

      

      

       Teme pela sua saúde, se for extraditado?

       Sim, porque poderá lhe causar uma notável piora. E temo principalmente pela saúde da minha mãe. Não sentiu seguir as fases mais dramáticas deste caso. Por exemplo, quando ouviu a sentença dos Lordes, na televisão, teve um mal estar e os médicos tiveram que aplicar diversas injeções para atenuar as oscilações de pressão a ser submetida...

      

      

       A justiça inglesa a desiludiu?

       Não, porque acho que este caso não seja um caso ligado em geral aos ingleses. E mais, partiu daqueles que estão no governo, neste momento, na Grã Bretanha. Os quais, come se sabe, são da esquerda...

      

      

       Acredita que também na Inglaterra existem adeptos à sua causa?

       Muitos ingleses estão conosco. Mas percebi quando fui lá, recentemente. Muitas pessoas se aproximaram para me manifestar a sua solidariedade. E a sua oposição em relação ao fato que, além do mais, o caso que envolve meu pai está custando, também aos cidadãos ingleses, muito dinheiro público.

      

      

       Segundo você, o ex presidente Frei agiu com energia suficiente?

       Teria preferido uma ação mais enérgica. Entretanto, fez bastante, isto reconheço e aprecio. Claro que gostaria de tê-lo visto agir para impor à Comunidade Internacional o respeito que o nosso País merece. Não é aceitável que detenham no exterior um ex Chefe de Estado, Senador da República e ex Comandante em Chefe do Exército.

      

      

       Se seu pai voltar para o Chile, como pensam em comemorar isso?

       Ficando em família. A sua volta para a Pátria, essa será a maior festa.

      

      

       Ao voltar, irá logo ao Senado ou, como alguém sustenta, para fazer acalmar as águas se afastará, por algum tempo em uma das suas m muitas residências em Bucalemu, El Melocoton ou Iquique?

       Veja, eu sinceramente não consigo entender porque o seu caso esteja agitando tanto os ânimos, aqui no Chile. O menos o meu pai deseja é se deparar com problemas. E de divisões e lacerações na sociedade chilena. A única coisa que em vez disso deseja é que o Chile possa se dirigir finalmente a uma definitiva pacificação e reconciliação nacional, prosseguindo assim na difícil estrada do desenvolvimento econômico. Por isso, se o considerar útil para tal fim, poderia também decidir não voltar imediatamente ao Senado.

      

      

       Ele falou com você?

       Não, é uma minha convicção. O que me repetiu porém é que deseja muito voltar, porém sem ser fonte de problemas. Meu pai quer representar um fator de união, não de divisão.

      

      

       Acredita que seu pai esteja disposto a se submeter à justiça chilena?

       Estou absolutamente convencida que esteja pronto a responder a qualquer pergunta que a justiça chilena quisesse lhe fazer. Isso não quer dizer que se sinta culpado. Porém repito, ele respeita e sempre respeitou a justiça chilena.

      

      

      

      

       Concorda com o que declarou seu irmão Marco Antonio, isto é que, durante o governo de seu pai, foram cometidos abusos?

       Às vezes com meu irmão usamos palavras diferentes, ma sempre sustentei que, em algumas ocasiões, ocorreram abusos. Não se deve esquecer, porém, que naquele período assim difícil na história atormentada do Chile, estava em curso uma verdadeira guerra, uma luta subterrânea entre dois lados. Por isso, ocorreram excessos por ambas as partes.

      

      

       Considera que seu pai deva pedir perdão?

       Meu pai não se sente culpado. E uma pessoa que se sente inocente, de que pode pedir perdão?

      

      

       Compartilha com as afirmações recentes do General Fernando Rojas Vender segundo o qual o Chile está preparando uma atmosfera semelhante àquela dos tempos do Governo da Unidade Popular?

       O General Rojas disse apenas a verdade. E é verdade que o País está se separando, com a possibilidade de ir ao encontro - a passos de gigante - de um futuro muito incerto e dramático.

      

      

       O que pensa da abordagem das Forças Armadas em relação à detenção de seu pai. Fala-se de um crescente nervosismo...

       Se eu fosse um militar e prendessem no exterior um ex Comandante em Chefe do Exército do meu País, me sentiria extremamente indignado. Acho que viveria o fato como um atentado à soberania da minha pátria e uma falta de respeito em relação ao Exército. E acredito também que, até aqui, os militares tenham dado prova de uma grande paciência. Mas se eu fosse uma deles, talvez teria tido tanta.

      

      

       O que espera do Exército?

       Não espero nada. Se não que ajam de acordo com a consciência.

      

      

      

      

       8

      Mireya Garcia

      

      

       Perdoar é impossível

      

      

      

      

      

      

      

      

      

      

       Enquanto no Palácio presidencial da Moneda estava ainda em curso a reunião do Conselho de segurança nacional, convocado com urgência pelo presidente Frei, uma notícia terrível tinha percorrido o Chile, já