quem é você?
Porque é que me está a fazer isto?
Mas agora nem sequer conseguia respirar.
A faca surgiu novamente à sua frente. Depois o homem colocou a sua ponta afiada na sua bochecha, descendo ao rosto e até à garganta. A mínima pressão e Janet sabia que a faca a magoaria.
A sua respiração não normalizava.
Ela sabia que estava a começar a hiperventilar, mas não conseguia controlar a respiração. Sentia o coração a bater dentro do peito, conseguia sentir e ouvir a sua pulsação violenta a aumentar a cada segundo.
Perguntou-se…
O que estava naquela agulha?
Fosse o que fosse, os seus efeitos estavam a tornar-se mais evidentes a cada segundo que passava. Não conseguia fugir ao que se passava com o seu próprio corpo.
Enquanto continuava a afagar-lhe o rosto com a ponta da faca, o homem murmurou…
“Vão deixá-la para trás.”
Ela conseguiu articular…
“Quem? Quem é que me vai deixar para trás?”
“Você sabe quem,” Disse ele.
Janet apercebeu-se que estava a perder o controlo dos seus pensamentos. Estava imersa em ansiedade e pânico, em sentimentos loucos de perseguição e vitimização.
A quem é que ele se refere?
Imagens de amigos, membros da família e colegas atravessaram-lhe a cabeça.
Mas os seus sorrisos familiares e amigáveis transformaram-se em caretas de desprezo e ódio.
Toda a gente, Pensou ela.
Toda a gente me está a fazer isto.
Todas as pessoas que já conheci.
Mais uma vez, sentiu uma explosão de raiva.
Devia saber que não devia confiar em ninguém.
Pior, ela sentiu como se a sua pele se estivesse a mover.
Não, algo estava a rastejar por toda a sua pele.
Insectos! Pensou.
Milhares deles!
Tentou libertar-se.
“Tire-os de cima de mim!” Implorou ao homem. “Mate-os!”
O homem riu enquanto a observava através da sua maquilhagem grotesca.
Não se ofereceu para a ajudar.
Ele sabe alguma coisa, Pensou Janet.
Ele sabe alguma coisa que eu não sei.
Então ocorreu-lhe…
Os insectos…
Eles não estão a rastejar na minha pele.
Eles estão a rastejar debaixo dela!
A sua respiração ecelerou e os pulmões queimaram como se tivesse corrido uma longa distância. O coração batia dolorosamente.
A sua cabeça explodia com emoções violentas – fúria, medo, nojo, pânico e completa perplexidade.
Teria o homem injetado milhares, talvez milhões de insectos na sua corrente sanguínea?
Como é que isso era sequer possível?
Numa voz que oscilava entre a raiva e a autocomiseração, ela perguntou…
“Porque é que me odeia?”
Desta vez o homem riu-se num tom mais elevado.
Ele disse, “Toda a gente a odeia.”
Agora Janet tinha dificuldades e ver. A sua visão não estava a ficar desfocada. Antes, a cena à sua frente parecia estar a retorcer-se e a oscilar e a saltar. Ela imaginou que conseguia ouvir as suas órbitas.
Por isso, quando viu outro rosto de palhaço, pensou estar a ver em duplicado.
Mas rapidamente percebeu…
Este rosto é diferente…
Estava pintado com as mesmas cores, mas as formas eram diversas.
Não é ele.
Por baixo da tinta estavam traços familiares.
Então ocorreu-lhe…
Eu. Sou eu.
O homem segurava um espelho em frente ao seu rosto. O rosto hediondamente garrido que via era o seu.
A visão daquele semblante distorcido, choroso e, no entanto, gozão, encheu-a de uma repugnância que nunca antes sentira.
Ele tem razão, Pensou.
Toda a gente me odeia.
E eu sou o meu pior inimigo.
Como se partilhassem a sua repugnânica, as criaturas debaixo da sua pele começaram a remexer como baratas subitamente expostas à luz do sol e impossibilitadas de se esconderem.
O homem afastou o espelho e começou a acariciar o seu rosto com a ponta da faca novamente.
E disse mais uma vez…
“Vão deixá-la para trás.”
Quando a faca roçou a sua garganta, ocorreu-lhe…
Se ele me cortar os insectos podem fugir.
É claro que a lâmina também a mataria. Mas isso parecia um baixo preço a pagar para se libertar dos insectos e daquele terror.
Ela sussurrou…
“Faça-o. Faça-o agora.”
De repente, o ar preencheu-se com um riso feio e distorcido, como se milhares de palhaços estivessem a regozijar-se ruidosamente com o seu pedido.
O riso fez com que o seu coração batesse ainda com mais descompassadamente. Janet sabia que o seu coração não aguentaria muito mais.
E ela não queria.
Ela queria que ele parasse o mais rapidamente possível.
Deu por si a tentar contar as batidas…
Uma, duas… três, quatro, cinco… seis…
Mas as batidas eram mais rápidas e menos regulares.
Interrogou-se – o que é que iria explodir primeiro, o seu coração ou o seu cérebro?
Então, finalmente, ouvia a sua última batida e o mundo desapareceu.
CAPÍTULO UM
Riley se riu quando Ryan lhe tirou a caixa de livros.
Disse, “Me deixa levar alguma coisa, OK?”
“É demasiado pesada,” Disse Ryan, carregando a caixa até à estante vazia. “Não devia levantá-la.”
“Então, Ryan. Estou grávida, não doente.”
Ryan pousou a caixa em frente à estante e sacudiu as mãos.
“Pode tirar os livros e colocá-los na estante,” Disse ele.
Riley se riu novamente.
Perguntou, “Quer dizer que me está dando autorização para me mudar para o nosso apartamento?”
Agora Ryan parecia envergonhado.
“Não era isso que eu queria dizer,” Disse. “É só porque… bem, fico preocupado.”
“E não me canso de lhe dizer, não tem nada com que se preocupar,” Disse Riley. “Só estou grávida de seis semanas e me sinto ótima.”