ainda poderia estar viva se ela estivesse mais atenta.
E teria ele alguma ideia de como ela ficara assustada quando caíra nas garras do assassino?
Riley bebeu um gole de refrigerante e remexeu a comida com o garfo.
Depois disse, “Foi… bem, não foi como deves pensar que foi. Foi só algo que aconteceu.”
John agora olhava para ela com preocupação.
“Desculpa,” Disse ele. “Calculo que não queiras falar sobre isso.”
“Talvez noutra altura,” Disse Riley.
Seguiu-se um silêncio estranho. Não querendo ser mal-educada, Riley começou a fazer perguntas a John sobre ele. John parecia relutante em falar da sua vida e família, mas Riley conseguiu soltá-lo um pouco.
Os pais de John eram ambos advogados proeminentes envolvidos na cena política de DC. Riley ficou impressionada – não tanto pelo background abastado de John, mas pelo facto de ele ter escolhido um caminho diferente. Em vez de seguir uma carreira de prestígio na advocacia e na política, John tinha optado por uma vida mais humilde ao serviço do FBI.
Um verdadeiro idealista, Pensou Riley.
Deu por si a compará-lo a Ryan que tentava deixar o seu passado humilde para trás tornando-se num advogado de sucesso.
É claro que ela admirava a ambição de Ryan. Era uma das coisas que adorava nele. Mas não conseguia evitar admirar também John pelas escolhas que estava a fazer.
Ao continuarem a conversar, Riley pressentiu que John estava a atirar-se a ela.
Ele está a namoriscar comigo, Percebeu.
Ficou um tanto surpreendida com isso. A sua mão esquerda estava bem à vista em cima da mesa, por isso era inevitável que ele tivesse visto o seu anel de noivado.
Deveria referir que estava comprometida?
Sentiu que isso seria estranho naquele momento – sobretudo se estivesse enganada.
Talvez ele não esteja a namoriscar comigo.
Dali a nada John começou a fazer perguntas sobre Riley, mantendo-se longe do assunto assassinatos de Lanton. Como habitual, Riley evitou certos assuntos – a sua relação atribulada com o pai, a adolescência rebelde e sobretudo como vira a própria mãe a ser morta quando era criança.
Também ocorreu a Riley que ao contrário de Ryan ou John, ela não tinha muito a dizer sobre as suas expectativas em relação ao futuro.
O que é que isso diz sobre mim? Interrogou-se.
Por fim, falou da sua relação com Ryan e como estavam noivos desde o dia anterior – apesar de não mencionar que estava grávida. Não reparou em qualquer mudança de comportamento em John.
Calculo que ele seja naturalmente encantador, Pensou.
Sentiu-se aliviada por ter tirado conclusões precipitadas e ele não ter estado afinal a namoriscá-la.
Era simpático e ela gostaria de o conhecer melhor. Na verdade, tinha a certeza de que John e Ryan iam gostar um do outro. Talvez se pudessem encontrar todos um dia.
Quando os estagiários terminaram as suas refeições, Hoke Gilmer foi ter com eles e acompanhou-os até um balneário amplo que seria a sua sede para o programa de dez semanas. Um agente mais jovem ajudava Gilmer a atribuir um cacifo a cada estagiário. Então todos os estagiários se sentaram nas cadeiras que se encontravam em torno de uma mesa no centro do compartimento e o agente mais jovem começou a distribuir telemóveis.
Gilmer explicou, “Estaremos em breve no século XXI e o FBI não gosta de se atrasar no que diz respeito à mais recente tecnologia. Este ano não distribuímos pagers. Alguns de vocês já terão telemóveis, mas queremos que tenham um apenas para uso no FBI. Encontram as instruções no vosso pacote de orientação.”
Então Gilmer riu-se ao acrescentar, “Espero que vos seja mais fácil aprender a usar isso do que foi para mim.”
Alguns dos estagiários também se riram ao receberem os seus novos brinquedos.
O telemóvel de Riley parecia estranhamente pequeno na sua mão. Ela estava habituada a telefones fixos maiores e nunca antes usara um telemóvel. Apesar de ter usado computadores em Lanton e alguns dos seus amigos terem telemóvel, ela ainda não tinha um. Ryan já tinha um telemóvel e um computador, e às vezes metia-se com Riley por causa da sua forma antiquada de estar.
Ela não gostava muito disso. A verdade era que a única razão pela qual ainda não tinha um computador ou um telemóvel era financeira.
Aquele era muito parecido com o de Ryan – muito simples, com um pequeno ecrã para mensagens de texto, um teclado numérico e só mais três ou quatro outros botões. Ainda assim, parecia estranho que ela ainda não soubesse sequer fazer uma chamada telefónica com ele. E sabia que também seria estranho estar sempre contactável por telemóvel, estivesse onde estivesse.
Lembrou a si própria…
Estou a começar uma vida nova.
Riley reparou que um grupo de pessoas de aspeto oficial, a maioria homens, acabara de entrar no balneário.
Gilmer disse, “Todos vocês terão ao vosso lado um agente especial experiente durante estas semanas. Eles começarão por vos ensinar as suas especialidades – análise de dados de crimes, trabalho forense, trabalho laboratorial de computador e tudo o mais. Vamos apresentar-vos a eles agora e eles assumirão as coisas a partir daqui.”
Quando o agente mais jovem começou a juntar os estagiários com o seu agente supervisor, Riley percebeu…
Há menos um agente do que estagiários.
E de facto, depois dos estagiários se retirarem com os seus mentores, Riley deu por si sem um mentor. Olhou para Gilmer perplexa.
Gilmer sorriu ligeiramente e disse, “Vai encontrar o agente que a acompanhará ao fundo do corredor no gabinete dezanove.”
Sentindo-se um pouco inquieta, Riley saiu do balneário e caminhou pelo corredor até encontrar o gabinete certo. Abriu a porta e viu que um homem de meia-idade baixo estava sentado à mesa.
Riley foi apanhada de surpresa ao reconhecê-lo.
Era o Agente Especial Jake Crivaro – o agente com quem trabalhara em Lanton e que lhe salvara a vida.
CAPÍTULO TRÊS
Riley sorriu ao reconhecer o Agente Especial Jake Crivaro. Ela passara a manhã entre estranhos e estava especialmente satisfeita por ver uma cara conhecida.
Acho que não devia estar surpreendida, Pensou.
Afinal de contas, lembrava-se do que ele lhe dissera em Lanton quando lhe entregara os papéis para o Programa de Honra…
“Estou à beira da reforma, mas sou capaz de ficar mais algum tempo para ajudar alguém como tu a começar.”
Ele devia ter solicitado para ser mentor de Riley no estágio.
Mas o sorriso de Riley rapidamente se desvaneceu quando percebeu…
Ele não me está a sorrir.
Na verdade, o Agente Crivaro não parecia minimamente satisfeito por vê-la.
Ainda sentado à mesa, cruzou os braços e acenou a um homem desconhecido mas de aspeto amigável na casa dos vinte que estava em pé. Crivaro disse…
“Riley Sweeney, quero apresentar-lhe o Agente Especial Mark McCune daqui de DC. Ele é o meu parceiro num caso em que estou agora a trabalhar.”
“Prazer em conhecê-la,” Disse o Agente McCune sorrindo.
“Igualmente,” Disse Riley.
McCune parecia muito mais amigável do