Джек Марс

Infiltrado: Uma série de suspenses do espião Agente Zero — Livro nº1


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estava acontecendo. Mesmo se o fizesse, quanto tempo demoraria até que o encontrasem novamente e às filhas? Tinha apenas uma pista e tinha que a seguir.

      Saiu da pequena casa e encontrou-se num beco estreito, cuja boca se abria para uma rua chamada Rue Marceau. Soube imediatamente onde estava - um subúrbio de Paris, a poucos quarteirões do rio Sena. Quase riu. Pensava que saíria no meio de ruas devastadas pela guerra de uma cidade do Oriente Médio. Em vez disso, encontrou uma avenida repleta de lojas e casas, transeuntes despretensiosos aproveitando uma tarde casual, todos agasalhados contra a brisa fria de fevereiro.

      Reid enfiou a pistola no cós da calça jeans e saiu para a rua, misturando-se na multidão e tentando não chamar atenção para a sua camisa manchada de sangue, ataduras ou contusões óbvias. Manteve os braços junto ao corpo – precisava de algumas roupas novas, uma jaqueta, algo mais quente do que apenas uma camisa.

      Ele precisava ter certeza de que suas filhas estavam seguras.

      Então, conseguiria obter algumas respostas.

      CAPÍTULO QUATRO

      Andar pelas ruas de Paris parecia um sonho – mas não exatamente do jeito que alguém esperaria ou desejaria. Reid chegou ao cruzamento da Rue de Berri com a Avenue des Champs-Élysées, sempre um local turístico, apesar do tempo frio. O Arco do Triunfo se erguia a vários quarteirões de distância a noroeste, a peça central da Place Charles de Gaulle, mas sua grandeza pouco impacto teve em Reid. Uma nova visão passou por sua mente.

      Eu já estive aqui antes. Eu fiquei neste ponto e olhei para esta placa de rua. Vestindo jeans e uma jaqueta de motoqueiro preta, as cores do mundo silenciadas por óculos de sol...

      Virou à direita. Não tinha certeza do que encontraria desse jeito, mas tinha a misteriosa suspeita de que o reconheceria quando o visse. Foi uma sensação incrivelmente bizarra não saber para onde estava indo até chegar ao local.

      Era como se cada nova visão trouxesse lembranças vagas, cada uma desconectada da próxima, mas de algum modo congruente. Ele sabia que o café da esquina servia o melhor pastis que ele já provara. O doce aroma da patisserie do outro lado da rua fazia-o ansiar pelos saborosos palmiers. Ele nunca provara palmiers antes. Ou já?

      Até sons o abalavam. Os transeuntes tagarelavam uns com os outros enquanto caminhavam pela avenida, ocasionalmente direcionando olhares para o rosto machucado de Reid.

      "Eu odiaria ver o outro cara", um jovem francês murmurou para sua namorada. Ambos riram.

      Ok, não entre em pânico, Reid pensou. Aparentemente você sabe árabe e francês. A única outra língua que o professor Lawson falava era alemão e algumas frases em espanhol.

      Havia algo mais também, algo mais difícil de definir. Sob os nervos e o instinto de correr, ir para casa, esconder-se em algum lugar, debaixo de tudo aquilo havia uma reserva fria. Era como ter a mão pesada de um irmão mais velho no ombro, uma voz no subconsciente dizendo: Relaxe. Você sabe tudo.

      Enquanto aquela voz lhe sussurrava suavemente no subsconsciente, em primeiro plano surgiam as suas filhas e a sua segurança. Onde estavam? O que estavam a pensar naquele momento? O que significaria para elas se perdessem ambos os pais?

      Ele nunca parou de pensar nelas. Mesmo quando estava sendo espancado na sombria prisão da cave, mesmo quando aqueles flashes de visões se intrometiam em sua mente, ele estava pensando nas filhas - particularmente naquela última pergunta. O que aconteceria a elas se ele tivesse morrido naquele porão? Ou se morresse fazendo coisas muito imprudentes que sabia estar prestes a fazer?

      Ele tinha que se certificar. Tinha de contactá-las de alguma forma.

      Mas primeiro, precisava de um casaco, não apenas para cobrir sua camisa manchada de sangue. O tempo em fevereiro aproximava-se dos dez graus, mas ainda estava frio demais para se usar apenas uma camisa. O boulevard parecia um túnel de vento e a brisa era vigorosa. Ele entrou na loja de roupas mais próxima e escolheu o primeiro casaco que chamou a sua atenção - casaco marrom escuro, de couro com forro de lã. Estranho, pensou. Nunca teria escolhido um casaco como aquele antes, seu sentido de moda era mais simples, mas fora atraído por aquele casaco.

      O casaco custava duzentos e quarenta euros. Não importava; ele tinha muito dinheiro. Escolheu uma camisa nova também, uma camiseta cinza e, em seguida, um par de jeans, meias novas e botas marrons bem resistentes. Colocou todas as suas compras no balcão e pagou em dinheiro.

      Havia uma impressão digital de sangue em uma das notas. O empregado de lábios finos fingiu não notar. Um flash estroboscópico invadiu sua mente…

      "Um cara entra em um posto de gasolina coberto de sangue. Ele paga seu combustível e começa a sair. O empregado desconcertado grita: ‘Ei, cara, você está bem?’ O cara sorri. ‘Ah sim, estou bem. Não é meu sangue’".

      Nunca ouvi essa piada antes.

      "Posso usar o seu vestiário?" Reid perguntou em francês.

      O funcionário apontou para a parte de trás da loja. Ele não disse uma única palavra durante toda a transação.

      Antes de trocar de roupas, Reid se examinou pela primeira vez em um espelho limpo. Jesus, tinha um aspeto horrível. Seu olho direito estava inchando ferozmente e sangue manchava os curativos. Ele teria que encontrar uma farmácia e comprar alguns itens decentes de primeiros socorros. Tirou a calça agora imunda e um pouco sangrenta sobre a coxa ferida, estremecendo. Algo caiu no chão, assustando-o. A Beretta. Quase se esquecera dela.

      A pistola era mais pesada do que ele imaginava. Novecentos e quarenta e cinco gramas, descarregada, ele sabia. Segurá-la era como abraçar uma antiga amante, familiar e estranho ao mesmo tempo. Ele a colocou no chão e terminou de trocar de roupa, enfiou as roupas velhas na sacola de compras e enfiou a pistola no cós da calça jeans nova, na parte baixa das costas.

      Na avenida, Reid manteve a cabeça baixa e caminhou apressadamente, olhando para a calçada. Ele não precisava de mais nada para distraí-lo naquele momento. Jogou a sacola de roupas velhas em uma lata de lixo sem perder o ritmo da passada.

      "Oh! Excusez-moi" se desculpou quando seu ombro bateu bruscamente em uma mulher que passava vestida de executiva. Ela olhou para ele. "Sinto muito." Bufou e se afastou. Ele enfiou as mãos nos bolsos do casaco - junto com o celular que tinha acabado de roubar da bolsa dela.

      Fora fácil. Muito fácil.

      A duas quadras de distância, ele se abaixou sob um toldo de uma loja de departamentos e pegou o telefone. Deu um suspiro de alívio - tinha como alvo a empresária por um motivo e seu instinto não o enganou. Ela tinha o Skype instalado em seu telefone e uma conta vinculada a um número americano.

      Reid abriu o navegador de Internet do telefone, procurou o número do Pap’s Deli no Bronx e ligou.

      Uma voz masculina jovem respondeu rapidamente. "Pap's, em que posso ajudá-lo?"

      "Ronnie?" um de seus alunos do ano anterior trabalhava meio período na Deli favorita de Reid. "É o professor Lawson."

      "Ei, professor!" o jovem disse jovialmente. "Como tá indo? Você quer fazer um pedido?"

      "Não. Sim... Mais ou menos. Ouça, eu preciso de um grande favor, Ronnie." O Pap’s Deli estava a apenas seis quarteirões de sua casa. Em dias agradáveis, ele costumava caminhar até lá para pegar sanduíches. "Você tem Skype no seu telefone?"

      "Sim", disse Ronnie, com uma cadência confusa em sua voz.

      "Ótimo. Aqui está o que eu preciso que você faça. Anote esse número..." instruiu o garoto a correr rapidamente até sua casa, ver quem estava, se alguém estivesse lá, e depois ligar de volta para o número de telefone americano.

      "Professor, você está com algum tipo de problema?"

      "Não, Ronnie, está tudo bem", mentiu. "Eu perdi meu telefone e uma mulher solidária permitiu que eu usasse o dela para deixar minhas filhas saberem que estou bem. Mas só tenho alguns minutos.