Блейк Пирс

Quase Ausente


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Vamos! – Antoinette puxou sua manga com impaciência. – Precisamos ir!

      Conforme Cassie dava as costas, ocorreu a ela que não havia razão para que Maureen falsificasse informações. O restante de sua descrição sobre a casa e a família estivera razoavelmente correto e, como agente, ela só podia repassar os fatos fornecidos.

      Se fosse assim, isso significava que deveria ter sido Pierre quem mentira. E isso, ela percebeu, era ainda mais perturbador.

      Uma vez que tinham feito uma curva e a mansão estava fora de vista, Antoinette diminuiu o ritmo, e na hora certa para Ella, que reclamava que seus sapatos doíam.

      – Pare de choramingar – Antoinette avisou. – Lembre-se, papai sempre diz que não se deve choramingar.

      Cassie pegou Ella no colo e a carregou, sentindo seu peso aumentar a cada passo. Já estava carregando a mochila abarrotada com os casacos de todos, e seus últimos euros no bolso lateral.

      Marc saltava adiante, quebrando galhos das cercas e atirando-os na estrada como dardos. Cassie constantemente tinha que lembrá-lo de se afastar do asfalto. Ele era tão desatencioso e inconsciente que poderia facilmente pular no caminho de um carro.

      – Estou com fome – Ella reclamou.

      Exasperada, Cassie pensou no prato intocado dela no café da manhã.

      – Tem uma loja na próxima esquina – Antoinette disse a ela. – Eles vendem bebidas e lanches. – Ela parecia estranhamente alegre nesta manhã, mas Cassie não tinha ideia do porquê. Apenas estava contente por Antoinette parecer estar simpatizando com ela.

      Ela esperava que a loja pudesse vender relógios baratos, porque sem um telefone ela não tinha nenhum meio de saber as horas. Mas a loja se mostrou ser um viveiro, estocado de mudas de plantas, árvores novas e fertilizantes. O quiosque no caixa vendia apenas refrigerante e lanches – o vendedor idoso, empoleirado em um banco alto ao lado do aquecedor a gás, explicou que não havia mais nada. Os preços eram estranhamente altos e ela se estressou enquanto contava seu dinheiro escasso, comprando chocolate e uma lata de suco para cada criança.

      Enquanto ela pagava, as três crianças atravessaram a estrada correndo para olhar um burro mais de perto. Cassie gritou para eles voltarem, mas eles a ignoraram.

      O homem grisalho deu de ombros, oferecendo simpatia. – Crianças são crianças. Eles parecem familiares. Vocês moram aqui perto?

      – Sim. São as crianças Dubois. Sou a nova au pair deles, é meu primeiro dia de trabalho – Cassie explicou.

      Ela esperara algum reconhecimento da vizinhança, mas em vez disso o vendedor arregalou os olhos de modo alarmado.

      – Aquela família? Está trabalhando para eles?

      – Sim – os medos de Cassie ressurgiram. – Por quê? O senhor os conhece?

      Ele assentiu.

      – Todos os conhecem aqui. E Diane, a esposa de Pierre, às vezes comprava plantas de mim.

      Ele viu o rosto intrigado dela.

      – A mãe das crianças – ele elaborou. – Ela faleceu no ano passado.

      Cassie o encarou, sua mente girando. Ela era incapaz de acreditar no que acabara de ouvir.

      A mãe das crianças havia morrido, e tão recentemente – apenas no ano anterior. Por que ninguém tinha dito nada sobre isso? Nem mesmo Maureen tinha o mencionado. Cassie presumira que Margot fosse mãe deles, mas agora percebia sua ingenuidade; Margot era jovem demais para ser a mãe de uma garota de doze anos.

      Essa era uma família que recentemente sofrera um luto, rasgada por uma grande tragédia. Maureen deveria tê-la informado sobre isso.

      Mas Maureen não sabia sobre os cavalos não estarem mais aqui, porque não tinha sido informada. Com uma punhalada de medo, Cassie perguntou-se se Maureen sequer sabia disso.

      O que houvera com Diane? Como sua perda tinha afetado Pierre e as crianças, e toda a dinâmica familiar? Como eles se sentiam sobre a chegada de Margot em sua casa logo em seguida, tão cedo? Não era de se admirar que ela pudesse sentir a tensão, esticada como um fio, em praticamente todas as interações dentro daquelas paredes.

      – Isso é... Isso é realmente triste – ela gaguejou, percebendo que o vendedor a fitava com curiosidade. – Eu não sabia que ela tinha morrido tão recentemente. Imagino que a morte dela deva ter sido traumática para todos.

      De cenho profundamente franzido, o vendedor ofereceu-lhe o troco e ela guardou as poucas moedas.

      – Você conhece o histórico da família, com certeza.

      – Não sei muito, então realmente agradeceria se pudesse me explicar o que aconteceu – Cassie debruçou-se sobre o balcão, ansiosa.

      Ele balançou a cabeça.

      – Não posso dizer mais. Você trabalha para a família.

      Por que aquilo fazia diferença? Cassie se perguntou. Sua unha cavou em cheio sua cutícula e ela percebeu, chocada, que tinha retornado ao seu antigo hábito nervoso. Bem, estava estressada, com certeza. O que o idoso havia lhe contado era preocupante o bastante, mas o que ele se recusava a dizer era ainda pior. Talvez se fosse honesta com ele, ele poderia ser mais aberto.

      – Eu não entendo a situação nem um pouco, e estou com medo de ter me metido em algo além das minhas capacidades. Para ser sincera com você, não me disseram sequer que Diane tinha morrido. Não sei o que aconteceu, o como as coisas eram antes. Se eu tivesse uma imagem melhor, seria de muita ajuda.

      Ele assentiu, parecendo se simpatizar mais, mas então o telefone no escritório tocou e ela soube que a oportunidade estava perdida. Ele saiu para atendê-lo, fechando a porta atrás de si.

      Desapontada, Cassie deu as costas ao balcão, colocando nos ombros a mochila que parecia duas vezes mais pesada do que antes, ou talvez a informação perturbadora que o vendedor lhe dera fosse o que estivesse pesando sobre ela. Ao sair da loja, perguntou-se se teria a chance de voltar sozinha e falar com o idoso. Quaisquer que fossem os segredos que ele soubesse sobre a família Dubois, ela estava desesperada para descobrir.

      CAPÍTULO SEIS

      Um grito assustado de Ella sacudiu Cassie de volta à situação presente. Do outro lado da estrada, viu que Marc, para seu terror, tinha escalado a cerca e, usando as mãos, alimentava de capim um crescente rebanho que agora incluía cinco burros peludos, cinzentos e incrustrados de lama. De orelhas baixas, eles beliscavam uns aos outros enquanto cercavam o menino.

      Ella gritou de novo quando um dos burros avançou em Marc, derrubando-o de costas.

      – Saia daí! – Cassie gritou, atravessando a estrada em arrancada. Ela debruçou-se sobre a cerca e agarrou as costas da camisa dele, arrastando-o antes que ele pudesse ser pisoteado. Essa criança tinha um desejo de morte? A camisa dele estava molhada e suja, e ela não tinha trazido outra. Felizmente, o sol ainda estava brilhando, apesar das nuvens se reunindo a oeste.

      Quando entregou a Marc seu chocolate, ele enfiou a barra toda na boca, suas bochechas saltando. Ele riu, cuspindo pedaços no chão, antes de correr adiante com Antoinette.

      Ella empurrou seu chocolate e começou a chorar alto.

      Cassie pegou a pequena menina no colo outra vez.

      – O que há de errado? Não está com fome? – perguntou.

      – Não. Estou com saudades da mamãe – ela soluçou.

      Cassie abraçou-a apertado, sentindo a bochecha quente de Ella contra a sua.

      – Sinto muito, Ella. Sinto muito mesmo. Eu acabei de saber disso. Você deve sentir muita falta dela.

      – Queria que o papai me contasse onde ela foi – Ella lamentou.

      – Mas...