Brenda Trim

Guerreiro Dos Sonhos


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porque não queria compartilhar essas informações com ninguém fora de seu círculo íntimo. O conselho da Aliança e todo o Reino precisavam ser informados, dado que essa notícia afetava a todos, mas agora ele tinha muitas coisas que precisava resolver.

      Depois da cozinha ficava o pátio fechado, mas ele também não viu ninguém ali. Seu olhar deslizou sobre as almofadas verde-limão do sofá de vime e pousou no chão de ladrilhos. Ele se lembrava do sangue, suor e lágrimas que fizeram parte no corte manual de cada ladrilho que agora formava o desenho intrincado do Amuleto Triskele, no centro do chão.

      Zander ouviu seus irmãos conversando no corredor da sala de mídia. Entrou na sala e revirou os olhos ao ver Breslin e Kyran sentados em um dos sofás de couro preto, discutindo sobre seu jogo de cartas. Bhric estava sentado em uma cadeira estofada ao lado deles. O uísque estava em cima do bar bem equipado do canto. Qual deles estava enchendo a cara tão cedo?

      Apostava que era Bhric. Parecia que seu irmão vinha usando álcool e outras substâncias com frequência cada vez maior nas últimas décadas. Um olhar para a mesa ao lado de Bhric confirmou suas suspeitas. O gelo não teve tempo de derreter no copo alto.

      Uma televisão de tela plana ocupava uma parede inteira e estava sintonizada na ESPN. Ele pegou o controle remoto no topo de um armário estilo Luís XVI e silenciou o volume. A atitude chamou a atenção dos irmãos. Só então eles perceberam que ele havia entrado na sala seguido por Orlando, Santiago, Rhys e Gerrick.

      Bhric percebeu a cena rapidamente e agarrou sua sgian dubh1 de titânio do coldre do tornozelo.

      — O que foi, brathair2? Estamos sob ataque?

      — Nay, não estamos sob ataque. Temos um problema. — Ele parou e organizou os pensamentos. — Orlando e Santiago aceitaram um caso a meu pedido e descobrimos que há uma nova ameaça. Precisamos determinar o que devemos fazer em relação a ela, se houver algo.

      Gerrick contraiu os lábios em uma linha fina, fazendo com que a cicatriz que percorria o lado esquerdo de seu rosto se destacasse.

      — Que tipo de ameaça? Posso lidar facilmente com qualquer ameaça. Diga-me quem é e eu irei matá-los.

      Zander se rebelou ante a ideia de qualquer mal acontecer a Elsie.

      — Essa abordagem não funcionará. O caso envolve uma fêmea humana cujo marido foi assassinado há 18 meses. É uma sentença de morte matar um humano… e, não vou tolerar nem mesmo desdém em relação a ela.

      Orlando acrescentou:

      — Para esclarecer, Elsie não representa uma ameaça. Ela pode saber sobre a existência de vampiros, ou o que ela pensa ser vampiros. Mas não vai contar a ninguém, ou teria nos contado. A maior ameaça vem dos SOVA. Ter um bando de humanos tentando matar criaturas sobrenaturais é um desastre iminente.

      — Tudo bem. Volte no tempo e explique mais — disse Breslin.

      Zander se sentou em um dos sofás e se inclinou para a frente com os cotovelos apoiados nos joelhos.

      — Orlando está certo. Elsie não representa uma ameaça direta. Isso ficou evidente em seus pensamentos. Não contará a ninguém sobre as escaramuças por medo de ser vista como louca. Ela culpa os vampiros pela morte do marido, mas o que não sabe é que foi uma escaramuça. Ela se envolveu em um grupo de justiceiros chamado SOVA ou Sobreviventes dos Ataques de Vampiros, e eles caçam à noite. Pelo que pude depreender, eles tiveram bastante sucesso em sua missão de eliminar vampiros. Os humanos envolvidos neste grupo são todos vítimas que sobreviveram a encontros com as escaramuças.

      — Och. Suponho que o risco é eles matarem um vampiro de verdade e, assim, expor a existência do reino. — despejou Kyran, enquanto jogava suas cartas na mesa.

      — Aye, essa seria a preocupação. Tenham cuidado ao lidar com esta situação. Não tolerarei que Elsie seja machucada de forma alguma e não podemos eliminar os humanos por serem imprudentes. Eles procuram justiça por um mal que lhes foi feito. Quantos de nós não faríamos a mesma coisa? Precisamos saber quem está envolvido e incluir seus territórios em nossas patrulhas noturnas. Não vou ter mais humanos inocentes mortos sob o meu comando. — Zander precisava de uma pausa em suas ruminações sobre Elsie. Não estava pensando direito e desenvolver um plano mais eficaz naquele momento parecia uma tarefa impossível.

      Felizmente, sua irmã começou a conspirar a favor dele.

      — Por que não apagamos suas memórias de seus encontros com as escaramuças? Isso resolveria tudo.

      — Não vai funcionar, Bre. Não fazemos ideia se este grupo é muito difundido. Não podemos assumir que o grupo está restrito a esta área. Se for mundial, não haverá como chegar a todos os membros. Seria mais fácil colocar um anúncio no jornal — respondeu Santiago, com sarcasmo.

      A expressão de Breslin despencou.

      — Oh, eu não havia considerado isso. O que podemos fazer, então?

      Kyran o olhava atentamente.

      — Digo que devemos seguir este grupo. Eles podem ter descoberto o covil das escaramuças. As escaramuças não podem sentir os humanos como fazem conosco, e não tomará tantas precauções com eles. Ofereço-me para seguir Elsie — disse seu irmão, com um sorriso malicioso.

      A objeção de Zander foi imediata e veemente.

      — Não, você não a seguirá. Serei eu a segui-la.

      O sorriso de Kyran se abriu.

      — Esta é a mulher em quem você deu em cima, não é?

      Zander franziu o cenho. Havia caído na armadilha do irmão. Tudo em que pensava era em Kyran seduzindo-a e apresentando-a aos seus desejos sombrios. Esse pensamento o deixou com tanta raiva que ele reagiu de pronto.

      — Não dei em cima dela — esbravejou ele.

      — Sim, brathair, deu. Todos no restaurante viram como você se sentia atraído pela humana.

      Todos riram, o que não diminuiu o desejo de Zander de socar o irmão.

      — Nosso amo, atraído por uma humana? — provocou Orlando. — Não admira que quisesse que Santi e eu pegássemos o caso dela. Queria uma desculpa para vê-la de novo… — A resposta de Orlando foi interrompida quando ele precisou se esquivar do soco de Zander.

      — Basta — vociferou Zander. Queria negar as afirmações deles, mas as palavras seriam uma mentira, e ele se recusava a mentir para seus guerreiros. — A única informação que consegui saber de Elsie é que ela trabalha com alguém chamado Mack. — Ele não fazia ideia se era homem ou mulher. Não se importava com o quanto ela parecia confiar neste Mack. — Vou pedir a Killian para usar suas habilidades no computador e ver se ele consegue descobrir quem é esse Mack, assim como qualquer outra pessoa envolvida com os SOVA. Suspeito que pode demorar algum tempo. Nesse ínterim, ninguém seguirá Elsie sem minha ordem direta. Agora, descansem um pouco.

      Ele saiu da sala, ignorando a gozação deles. Estava mais nervoso do que eles poderiam deixá-lo, por seu desejo inegável pela fêmea. O Rei Vampiro nunca deveria ter relações com humanas.

      Capítulo Cinco

      Elsie terminou de enviar a mensagem de texto para Mack e colocou o celular de baixa qualidade sobre a mesa. Odiava cancelar mais uma patrulha, mas sua irmã ainda a estava visitando. Não havia como Cailyn entender ou permitir que ela fizesse algo tão perigoso.

      Elsie amava a irmã, mas parte dela estava ansiosa para estar lá com Mack. Seu telefone tocou, indicando que ela tinha uma mensagem. Ela o pegou, esperando ver uma resposta de Mack e ficou chocada ao ver que era Orlando.

      Havia se passado alguns dias desde que pegaram seu caso e ela ainda não havia se acalmado. Não havia ficado nervosa com Orlando ou mesmo com seu parceiro, mas com o amigo deles, Zander. Ela praguejou e enviou uma resposta.