no seu caminho, com todos a afastarem-se. Ninguém protestou, e não porque fosse um funeral, mas porque embora tivesse acabado de fazer a barba e estivesse com um fato negro, emanava dele um ar autoritário que levava as pessoas a afastarem-se instintivamente.
No seu país, ter-se-iam ajoelhado.
Aubrey estava demasiado preocupada para dar-se conta daquela agitação na fila. A primeira coisa que sentiu foi o perfume dele.
Khalid cheirava sempre divinamente. Al-lubān, ou incenso, misturado subtilmente com óleo de guaiacol de uma árvore de pau santo que tinham oferecido ao palácio. A essa mistura acrescentavam-lhe uma nota de bergamota, cardamomo e açafrão, tudo misturado no deserto de Al-Zahan por um místico e em exclusivo para Khalid.
Era subtil, mas cativante, a um ponto que, quando chegou a Aubrey, ela teve de levantar a cabeça como um suricata e virar-se para procurar a origem. Um homem muito mais alto do que ela aproximou-se. E era realmente tão alto que ao princípio só viu a sua gravata negra. Depois foi subindo para a camisa branca, o queixo forte e no final… aquele olhar ardente que a fez esquecer tudo o que sabia.
Esqueceu-se de que não devia estabelecer contacto visual. E esqueceu-se de que não confiava nos homens.
Assim que os seus olhares se encontraram, ela simplesmente esqueceu tudo.
A expressão de Khalid permaneceu impassível, embora tivesse sentido de imediato o seu poder de atração. Desde os seus olhos de porcelana azul até à sua boca sensual e carnuda, era cativante. Levava muito menos maquilhagem que naquelas fotos de mau gosto. Talvez apenas sobrasse um pouco de blush, mas Aubrey era mesmo excecionalmente bela. Era fácil de perceber como um homem poderia facilmente ficar fascinado por ela.
A ele não ia acontecer tal coisa.
– Acho que é a tua vez de assinar – disse-lhe.
A sua voz era profunda, rica e com pronúncia, e as suas palavras não fizeram sentido para ela por um instante, mas por fim lembrou-se. O livro de condolências! Agarrou uma pesada caneta de prata. A mão tremia-lhe ao escrever o seu nome.
Aubrey Johnson
Quanto à sua morada… era melhor pôr só Las Vegas. E a mensagem? Que podia dizer?
«Obrigada por fazer com que a minha mãe se sentisse como uma rainha, pelas viagens e pelos momentos divertidos…» Isso não podia escrever. A longa relação que mantivera com a sua mãe fora mantida em segredo.
«Obrigada por teres acreditado em mim…»
Teria gostado de escrever isso, mas também não o podia fazer. Ou…
«Lamento ter-te mentido».
Jobe tinha feito questão de que ela aproveitasse a oportunidade e que não seguisse o caminho do resto da família, já que tanto a sua mãe como a sua tia Carmel ganhavam a vida da mesma maneira. Perdoar-lhe-ia que tivesse gastado o dinheiro da bolsa nos tratamentos da sua mãe? Nunca o saberia.
Queridíssimo Jobe, obrigada por tudo. Foste maravilhoso. Beijos.
Khalid aproximou-se para ler o que tinha escrito, mas a ideia de que ela pudesse ter estado com Jobe revolveu-lhe o estômago.
Agarrou a caneta e escreveu o que teria escrito antes dos seus olhos se terem encontrado com os de Aubrey.
Allah yerhamo.
Que Deus se apiadasse dele.
Essas palavras pareciam-lhe mais apropriadas.
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